O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, sobreviveu nesta segunda-feira, 6, a uma moção de desconfiança impetrada por membros de seu próprio partido e conseguiu manter-se no cargo. Ele recebeu 211 votos da bancada do Partido Conservador para permanecer no cargo e 148 para deixá-lo. Em termos porcentuais, Johnson perdeu o apoio de 40% da bancada
O líder conservador vem sofrendo pressão da própria bancada depois de descoberta de festas organizadas em seu gabinete durante a pandemia, quando as regras de distanciamento social eram rígidas na Grã-Bretanha e impediam encontros do gênero.
A margem de votação complica Johnson politicamente, já que grande parte da bancada votou por sua saída. A vantagem de Johnson é menor que a do voto de desconfiança vencido por sua antecessora, Theresa May, durante a crise do Brexit (200 a 117) -- ela deixaria o cargo oito meses depois da votação.
O Partido Conservador tem um histórico implacável com seus líderes que deixaram de ter apelo eleitoral - incluindo Margaret Thatcher - e Johnson, que chegou ao poder de modo triunfal em 2019 quando a enfraquecida Theresa May se viu forçada a renunciar apesar de ter superado um voto de desconfiança, sabe bem disso.
Para concretizar a votação eram necessários pedidos por carta de pelo menos 15% dos 359 deputados da maioria conservadora, ou seja 54, o que foi alcançado no domingo 5, anunciou nesta segunda-feira Graham Brady, presidente do comitê que administra a bancada parlamentar conservadora.
Os parlamentares não precisaram revelar sua identidade, embora alguns tenham optado por ir a público após pressão de seus eleitores ou na tentativa de encorajar outros a fazerem o mesmo. As cartas podiam ser depositadas pessoalmente no escritório de Brady, enviadas por outra pessoa ou enviadas por e-mail. Durante todo o processo, apenas Brady sabia quantas cartas haviam sido enviadas. / AP e EFE
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.