Brasil condena invasão de Israel a base da ONU no Líbano

Tanques israelenses destruíram o portão principal da base da Unifil no Líbano e ficaram no local por 45 minutos

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Foto do author Caio Spechoto
Atualização:

BRASÍLIA - O Ministério das Relações Exteriores condenou a invasão de uma base da ONU no Líbano por Israel. Em nota nesta segunda-feira, 14, o governo brasileiro afirmou que os atos são inaceitáveis.

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A invasão aconteceu neste domingo, 13, contra uma base das forças de paz da ONU no Líbano (Unifil). Dois tanques israelenses destruíram o portão principal da base e ficaram no local por 45 minutos, com tiros disparados na região.

“O Brasil condena veementemente a invasão ontem, 13 de outubro, de base da missão de paz da ONU no Líbano (Unifil) pelas forças armadas de Israel”, afirma o Itamaraty. “Trata-se do terceiro dia com registros de ataques de forças israelenses a integrantes ou instalações da Unifil desde a semana passada. Cinco integrantes da missão de paz foram feridos nesses ataques”, acrescenta.

Tanque israelense entra no Líbano; ONU diz que 2 tanques de Israel destruíram um portão e invadiram uma base da entidade na região. Foto: Menahem Kahana/AFP

“Ataques deliberados contra integrantes de missões de manutenção da paz e instalações da ONU são absolutamente inaceitáveis e constituem grave violação do Direito Internacional, do Direito Internacional Humanitário e das resoluções do Conselho de Segurança da ONU”, continua.

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A Unifil foi estabelecida em 1978, durante a primeira invasão de Israel no Líbano. Cindo dias depois do país enviar tropas ao Líbano para lutar contra a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), o Conselho de Segurança da ONU adotou a Resolução 425, que determinou a retirada de Israel e criou a missão de paz com o propósito de garantir a paz no sul libanês.

“O governo brasileiro também deplora manifestação do governo israelense, na qual apela pela retirada da Unifil do sul do Líbano. A missão de paz foi estabelecida em 1978 pelo Conselho de Segurança e atua desde então na manutenção da paz e da segurança no sul do Líbano”, conclui a nota do Itamaraty.

O ataque à base da Unifil acontece durante a quarta invasão de Israel no Líbano na história. O país tem o objetivo de destruir a milícia xiita Hezbollah, baseada em território libanês, por causa do apoio do grupo extremista ao Hamas, que realizou o ataque terrorista de 7 de outubro de 2023 em Israel.

O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, fez um apelo ao chefe da ONU neste domingo para que a Unifil se retirasse do “caminho do perigo”, dizendo que o Hezbollah usa as forças de paz como “escudos humanos”. A Unifil se recusou reiteradamente a deixar suas posições no sul do Líbano. “A retirada deve ser feito agora mesmo, imediatamente”, disse Netanyahu em um vídeo antes do ataque.

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Na campanha na Faixa de Gaza, que deixa mais de 40 mil mortos em um ano, Israel também atacou estruturas da ONU ou de missões humanitárias. Em abril, um ataque aéreo israelense no centro de Gaza matou sete trabalhadores da ONG World Central Kitchen, liderada pelo chef espanhol José Andrés. O veículo foi atingido ao deixar um armazém em Deir al-Balah, onde havia descarregado mais de cem toneladas de alimentos trazidos pelo mar para o território palestino.

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