O que Lula falou sobre Israel? Entenda a crise com perguntas e respostas

Brasil e Tel-Aviv estão mergulhados em nova crise diplomática após presidente brasileiro comparar Holocausto às ações do exército israelense na Faixa de Gaza

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Por Redação

As declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva comparando a ação de Israel na Faixa de Gaza contra o grupo terrorista Hamas ao genocídio de judeus na Alemanha, promovido por Adolf Hitler, criou brecha para uma crise diplomática entre Brasil e Tel-Aviv e colocou em xeque o papel de mediador do País perante a guerra no Oriente Médio. Veja abaixo perguntas e respostas sobre a declaração e as tensões diplomáticas entre os dois países

O que Lula falou sobre Israel?

Lula disse no domingo que o conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas em Gaza não é “uma guerra, mas um genocídio” e o comparou ao Holocausto. “O que está acontecendo em Gaza não aconteceu em nenhum outro momento histórico, só quando Hitler resolveu matar os judeus”, disse Lula em entrevista coletiva em Adis Abeba, Etiópia. O presidente brasileiro também criticou Israel ao afirmar que Tel-Aviv não obedece a nenhuma decisão da ONU e afirmou que defende a criação de um Estado palestino.

Lula declarou no domingo que o conflito entre Israel e grupo terrorista Hamas em Gaza não é “uma guerra, mas um genocídio”. Foto: AP Photo/Markus Schreiber, Arquivo

Como Israel reagiu à declaração de Lula?

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O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, afirmou que Lula cruzou uma linha vermelha. “Ao comparar a guerra de Israel em Gaza contra o Hamas, uma organização terrorista genocida, ao Holocausto, o presidente da Silva desonra a memória dos seis milhões de judeus assassinados pelos nazistas e demoniza o Estado judeu como o mais virulento dos antissemitas. Deveria ter vergonha”, acrescentou.

Israel declarou Lula “persona non grata”. No caso específico do presidente Lula, o que Israel sinaliza é que o petista não é bem-vindo no país a menos, como condicionou Tel-Aviv, que se retrate. O petista, no entanto, tem resistido em recuar.

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O Brasil, por sua vez, convocou para consultas seu embaixador em Tel-Aviv e convocou o representante diplomático israelense para expressar sua “insatisfação”.

A convocação de um embaixador estrangeiro para consultas é o gesto dos Estados para demonstrar insatisfação - conversas que costumam ocorrer de forma reservada no ministério das Relações Exteriores.

O que é o Holocausto?

Holocausto é o nome do genocídio cometido pelo regime da Alemanha Nazista de 1933 a 1945, ao longo da 2ª Guerra Mundial. Seis milhões de judeus de toda a Europa foram mortos. Os nazistas também exterminaram ciganos, homossexuais e testemunhas de Jeová,além de militantes de esquerda e pessoas com deficiências. Os judeus usam o termo “Shoah”, que significa catástrofe em hebraico, para se referir ao período.

A principal motivação foi a ideologia antissemita do regime nazista liderado por Adolf Hitler. Entre 1933 e 1941, o regime retirou todos os direitos da comunidade judaica e os judeus não podiam ter propriedade. Eles tinham que andar com uma marca identificando-os como judeus e ficaram concentrados em guetos em diversas cidades da Europa, antes de serem deportados para campos de concentração como Auschwitz e Treblinka, na Polônia, no que seria considerada como a “solução final” dos nazistas para exterminar os judeus.

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Qual o significado de genocídio?

O termo “genocídio” foi usado pela primeira vez para descrever o assassinato em massa de judeus durante o Holocausto. O crime corresponde a ações intencionais, destinados à destruição, total ou parcial, de um grupo nacional, étnico, rácico ou religioso.

Outras minorias vítimas de massacres étnicos ao longo da história também dizem ter sido alvo de genocídio, como é o caso dos armênios durante o Império Otomano no começo do século 20, uma acusação que é negada pela Turquia.

Na guerra civil de Ruanda, em 1994, o massacre de 800 mil pessoas da minoria tutsi também é reconhecido como genocídio.

Qual o significado de sionismo?

O sionismo é um movimento político-religioso surgido no século 19 na comunidade judia na Europa que buscava uma solução para a questão judaica. Naquela época, o antissemitismo (veja definição abaixo) estava em crescimento no continente. Foi o sionismo enquanto movimento político que deu corpo à criação do Estado de Israel, em 1947, logo após o Holocausto na Europa. É um movimento, portanto, que se constitui pela construção da identidade nacional do povo judeu e a criação de um Estado nacional na Terra Santa.

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O que é antissemitismo?

De acordo com a Aliança Internacional de Memória do Holocausto, o antissemitismo é “uma determinada percepção dos judeus, que se pode exprimir como ódio em relação aos judeus. Manifestações retóricas e físicas de antissemitismo são orientados contra indivíduos judeus e não judeus e/ou contra os seus bens, contra as instituições comunitárias e as instalações religiosas judaicas.”

Na prática, de acordo com a Aliança, o antissemitismo pode se concretizar, por exemplo, justificando maus tratos a judeus em nome de uma ideologia ou religião, acusando os judeus como povo de serem responsáveis por irregularidades cometidas por um judeu ou um grupo judaico ou fazendo “comparações entre a política israelense contemporânea e a dos nazis”./Com informações de AFP e Agência Brasil.

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