EUA doarão 6 milhões de vacinas contra a covid para Américas do Sul e Central, incluindo o Brasil

O governo americano anunciou nesta quinta-feira a estratégia de distribuição global de doses de vacina contra covid-19. O Brasil receberá doses dos EUA

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Foto do author Beatriz Bulla
Por Beatriz Bulla, Correspondente, Washington, e Lorenna Rodrigues e Brasília

A Casa Branca irá doar 6 milhões de doses para a América do Sul e Central, que serão divididos entre Brasil, Argentina, Colômbia, Costa Rica, Peru, Equador, Paraguai, Bolívia, Guatemala, El Salvador, Honduras, Panamá, Haiti, República Dominicana e outros países da comunidade do Caribe. Como são duas doses para a imunização completa, serão 3 milhões de vacinados. Somados, os países têm mais de 438 milhões de pessoas.

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Segundo o Broadcast/Estadão apurou, desse total, o Brasil receberá apenas cerca de dois milhões, abaixo das expectativas iniciais. O anúncio frustrou o governo brasileiro, que esperava receber mais imunizantes dos americanos. 

De acordo com fontes do governo, o país continuará com tratativas diplomáticas para ter acesso a mais doses, que estão estocadas nos EUA. 

Desde março, o Ministério da Saúde e o Itamaraty trabalham para conseguir uma “permuta” de vacina com os Estados Unidos, em que os americanos entregariam aos brasileiros vacinas que já foram produzidas e estão sem uso em troca de imunizantes que só serão entregues para o Brasil no fim do ano. Até agora, porém, as negociações não avançaram.

Vacina Oxford/AstraZeneca Foto: Miguel Medina/AFP

O número é considerado baixo, já que o Butantan e a FioCruz conseguem produzir milhões de doses de vacinas com poucos milhares de insumos para sua fabricação. Em maio, por exemplo, o Butanta recebeu 10 mil litros de Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) produzido na China, suficientes para produzir 18 milhões de doses de Coronavac.

Por ora, o plano de distribuição inclui 25 milhões de doses que serão inicialmente distribuídos a outros países. Há pouco mais de 15 dias, Biden anunciou que os Estados Unidos enviariam a outros países 80 milhões de doses de vacinas contra covid-19 até o fim de junho. 

O estoque de quase 60 milhões de doses do imunizante da AstraZeneca, no entanto, ainda precisa de aprovação para uso pelo órgão regulatório do país antes de ser distribuído. As vacinas enviadas a outros países agora serão de imunizantes produzidos pelas farmacêuticas Pfizer, Moderna e Johnson & Johnson, que já estão em uso nos EUA.

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O Brasil entrou na lista de países que irão receber vacinas americanas através do Covax Facility, consórcio internacional. Os EUA irão distribuir 75% das doses através do Covax e 25% diretamente a outros países.

Nesta leva inicial, os EUA decidiram distribuir diretamente 6 milhões de doses a "prioridades regionais e parceiros" que incluem México, Canadá, Coreia do Sul, territórios palestinos, Ucrânia, Kosovo, Haiti, Geórgia, Egito, Jordânia, Iraque e Iêmen, além de funcionários das Nações Unidas.

Em uma declaração divulgada nesta manhã, o presidente dos EUA, Joe Biden, disse que as doses que não foram compartilhadas via Covax "serão compartilhadas diretamente com países que estão passando por surtos, aqueles em crise e outros parceiros e vizinhos, incluindo Canadá, México, Índia e República da Coréia". O Brasil ficou de fora desta lista e receberá apenas doses através do Covax.

Também através do Covax, os EUA irão destinar 7 milhões de doses para a Ásia (Índia,Nepal, Bangladesh, Paquistão, Sri Lanka, Afeganistão, Maldivas, Malásia, Filipinas, Vietnã, Indonésia, Tailândia, Laos, Nova Guiné, Taiwan e ilhas do Pacífico) e 5 milhões de doses para a África (países que serão selecionados pela União Africana).

Joe Biden concede entrevista coletiva na Casa Branca Foto: Erin Scott/The New York Times

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A estratégia sobre o compartilhamento de doses levou meses para ser anunciada. Desde o início de março, quando ficou claro que os EUA aceleraram seu processo de vacinação a ponto de vislumbrar a volta à normalidade, a comunidade internacional tem cobrado que o governo americano colabore com o enfrentamento do vírus ao redor do mundo. Países fizeram pedidos diretamente à Casa Branca.

Os EUA, então, ampliaram a promessa de financiamento ao Covax Facility, o consórcio internacional para promover acesso equitativo às vacinas e concordaram com o empréstimo de 4 milhões de doses de imunizante aos vizinhos México e Canadá. A Casa Branca continuou pressionada, no entanto, a fazer mais do que isso. Há 15 dias, Biden afirmou que os EUA seriam responsáveis por um "arsenal de vacinas" para acabar com a pandemia em todos os lugares do mundo.

"Estamos compartilhando essas doses para não garantir favores ou extrair concessões. Estamos compartilhando essas vacinas para salvar vidas e para liderar o mundo no fim da pandemia, com a força do nosso exemplo e com os nossos valores. E continuaremos a seguir a ciência e a trabalhar em estreita cooperação com nossos parceiros democráticos para coordenar um esforço multilateral, inclusive por meio do G7", disse Biden em declaração enviada nesta manhã.

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O anúncio da estratégia global acontece a uma semana da viagem de Biden para o Reino Unido, onde encontrará aliados em uma reunião do G-7. O presidente americano pretende, no encontro, traçar uma estratégia multilateral para acabar com a pandemia, além da doação de doses. Segundo ele, o trabalho exigirá parceria com as farmacêuticas.

Manifestação do embaixador chinês

Em sua conta no Twitter, o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, retuítou a notícia sobre a doação americana e escreveu: “melhor que nada”. Em seguida, 15 minutos depois, voltou a comentar: “É verdade, sempre fazemos todo o possível dentro do desejo e alcance.”

O embaixador chinês já teve uma série de entreveros e desentendimentos virtuais com filhos do presidente Jair Bolsonaro e também com integrantes da ala ideológica do governo

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