Em meio à recente escalada de ataques entre Israel e a milícia xiita Hezbollah do Líbano, uma brasileira que mora no sul do Líbano relatou nesta segunda-feira, 23, através de suas redes sociais, que precisou deixar sua cidade após um grande ataque aéreo israelense que deixou quase 500 mortos.
“Hoje acordamos com muitas, muitas bombas. Estamos fugindo”, relatou Fatima Cheaitou, que é filha de libaneses e compartilha conteúdo nas redes sociais sobre cultura árabe e religião islâmica. “Bombardearam perto da minha casa, perto da casa dos meus avós, na minha cidade”, completou.
Com 68,9 mil seguidores no Instagram, Fatima fez um apelo para que seu relato chegasse às autoridades brasileiras. “O governo diz que não é responsabilidade deles, pois avisaram para não ficarmos em ‘zonas de risco’, mas nossas casas eram relativamente seguras até Israel decidir bombardear”, afirmou a brasileira-libanesa.
Em outras postagens mais cedo, Fatima afirmou que o telefone da embaixada brasileira não estava atendendo e que bombardeios foram registrados a dois minutos da sua casa. Procurado pelo Estadão, o Ministério das Relações Exteriores não comentou sobre o relato da influenciadora até o fechamento desta reportagem.
No início da noite (horário de Brasília), a influenciadora afirmou que chegou em segurança à capital Beirute após 10 horas de viagem. “Estamos vendo como trazer o resto da família para Beirute também e como conseguiremos sair do Líbano já que todos os voos estão sendo cancelados”, disse.
Em nota divulgada à imprensa, o Itamaraty afirmou que o governo brasileiro “condena, nos mais fortes termos, os contínuos ataques aéreos israelenses contra áreas civis em Beirute, no Sul do Líbano e no vale do Beqaa”.
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“Também deplora declarações de autoridades israelenses em favor de operações militares e da ocupação de parte do território libanês e expressa grave preocupação ante exortações do governo israelense para que civis libaneses evacuem suas residências naquelas regiões”, diz o comunicado do governo brasileiro.
A Embaixada do Brasil no Líbano, em nota divulgada também nesta segunda-feira, destacou que está atenta ao aumento das hostilidades no país e recomendou aos brasileiros residentes ou em trânsito que deixem o território libanês “por meios próprios”.
A reportagem do Estadão/Broadcast apurou que o Ministério das Relações Exteriores está analisando possíveis cenários para a retirada de brasileiros do Líbano. Diplomatas e membros da comunidade brasileira local estão colaborando para traçar planos de evacuação.
O Ministério da Saúde do Líbano informou que, até o momento, 492 pessoas morreram, incluindo 35 crianças e 58 mulheres, enquanto outras 1.645 ficaram feridas em decorrência dos ataques desta segunda-feira, nos quais Israel anunciou ter atingido mais de 1.300 alvos do Hezbollah no sul e no leste do país. O ministro da Saúde, Firass Abiad, alertou que “milhares de famílias” foram deslocadas.
Em um vídeo, o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, recomendou aos libaneses que se afastem das “zonas perigosas” enquanto o exército conclui sua “operação” no sul do Líbano e no Vale do Beca, no leste. Por outro lado, o primeiro-ministro
libanês, Najib Mikati, denunciou o que chamou de “plano de destruição” contra o Líbano e apelou à ONU e aos “países influentes” para dissuadir o governo israelense dessa “agressão”.
De acordo com o governo brasileiro, em caso de necessidade, brasileiros podem entrar em contato com o plantão consular do Itamaraty por meio do número +55 (61) 98260-0610 (com WhatsApp).
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