Um adolescente brasileiro de 15 anos morreu nesta semana no Líbano em meio aos bombardeios israelenses contra o Hezbollah, informou o governo federal nesta quarta-feira, 25. Natural de Foz de Iguaçu, no Paraná, o jovem estava acompanhado do pai, que é paraguaio, na região do vale do Bekaa, a cerca 30 quilômetros a leste da capital Beirute.
O jovem foi identificado como Ali Kamal Abdallah e o pai, que também morreu nas explosões, como Haj Kamal Abdallah. Ainda não está claro a data da morte dos dois — autoridades do Itamaraty ainda buscam esclarecer se a morte ocorreu na segunda-feira ou nesta quarta-feira. As autoridades do governo federal afirmaram que a embaixada do Brasil em Beirute está prestando assistência aos familiares.
Israel e o Hezbollah têm trocado tiros através da fronteira desde o início da atual guerra em Gaza no ano passado, mas Israel intensificou sua campanha militar na última semana. Essa é a primeira morte de um brasileiro no Líbano da qual o Itamaraty foi notificado desde a escalada das tensões.
A Força Aérea israelense bombardeou hoje, pelo terceiro dia consecutivo, vilarejos do sul do Líbano e da região de Baalbeck, no leste, dois redutos do Hezbollah. Segundo o Ministério da Saúde do Líbano, ao menos 15 pessoas morreram nesta quarta-feira em cinco localidades, duas delas em áreas montanhosas fora dos redutos da milícia xiita radical.
Também nesta quarta-feira, o Hezbollah lançou pela primeira vez um míssil na direção de Tel Aviv, anunciou o Exército de Israel, que efetuou novos bombardeios “de longo alcance” contra a milícia xiita no Líbano.
Em uma nota divulgada na segunda-feira, o Itamaraty lamentou as declarações de autoridades israelenses em favor de operações militares e da ocupação de parte do território libanês e expressou “grave preocupação” diante das exortações do governo israelense para que civis libaneses evacuem suas residências naquelas regiões.
Desde a segunda-feira, bombardeios israelenses deixaram cerca de 560 mortos e mais de 1.800 feridos no Líbano, na maior escalada entre os dois lados desde a guerra em 2006.
O tenente-general Herzi Halevi, comandante do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel, disse aos soldados nesta quarta-feira para se prepararem para uma possível invasão terrestre no Líbano. Duas brigadas de reservistas foram convocadas pelas forças nesta quarta, e Israel continua realizando ataques aéreos no país.
Na Assembleia-Geral da ONU nesta quarta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva condenou “veementemente” a atitude do governo israelense de Binyamin Netanyahu e a recente escalada com o Líbano, e disse estar certo de que “a maioria do povo de Israel não concorda com este genocídio.”
Retirada de brasileiros
O Itamaraty está preocupado com o número de brasileiros que, se a situação recrudescer no Líbano, podem querer voltar. Estima-se que 20 mil brasileiros residam no país. Destes, o Itamaraty acredita que 16 mil possam querer voltar ao Brasil.
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Em Nova York, o assessor especial do presidente Lula para assuntos internacionais, Celso Amorim, disse hoje, que o Itamaraty estaria planejando, “com certeza”, a retirada de brasileiros do Líbano. “Estamos falando de um lugar com muitos brasileiros”, disse.
”Hoje a retirada seria ainda mais perigosa” do que foi o caso no passado, acrescentou Amorim, ex-chanceler e que esteve em 2006 no Líbano. “Deu muito trabalho naquela época”, quando foram retirados 3 mil brasileiros, observou o ex-ministro, referindo-se à retirada de brasileiros do país./Com AFP.
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