Durante cinco anos, o brasileiro Mickey Barreto morou no quarto 2565 do famoso New Yorker Hotel, em Nova York, nos Estados Unidos, pagando apenas a estadia de uma noite, de US$ 200,57 (R$ 1.152,84).
Mas a estadia praticamente grátis terminou quando ele não apenas foi despejado, mas também acusado no início deste ano de um esquema criminoso para reivindicar a propriedade do hotel em Midtown Manhattan.
Agora, médicos e procuradores disseram que ele não é mentalmente apto para ser julgado, e um juiz deu sete dias para que ele encontre cuidados psiquiátricos para ser internado. Caso contrário, ele será forçado a se submeter a um tratamento, o que pode ser decido em uma audiência marcada para a próxima semana.
Acusado de 24 crimes
Barreto foi acusado em fevereiro de 24 crimes, incluindo 14 de fraude criminal, no que o escritório do procurador do distrito de Manhattan disse ser um esquema criminoso de longa data para reivindicar a propriedade do Hotel New Yorker. Ele se declarou inocente.
Depois que o brasileiro foi preso em fevereiro do ano passado e teve seu passaporte confiscado, ele foi liberado sob sua própria responsabilidade. Mas, durante o verão, o tribunal ordenou Barreto fizesse um exame psiquiátrico supervisionado por dois médicos, que concluíram que ele não compreendia totalmente os procedimentos criminais contra ele e que ele tinha duas doenças mentais e vício em drogas.
Desde então, Barreto tem feito tratamento ambulatorial de saúde mental e de dependência química em um hospital da cidade de Nova York. Estava previsto para ele ser avaliado em uma data futura para determinar se havia melhorado o suficiente para ser julgado.
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Na quarta-feira, 6, esperava-se que os promotores, em uma audiência, pedissem a juíza responsável pelo caso do brasileiro, Cori H. Weston, do tribunal criminal da cidade de Nova York, para revisar os termos do tratamento de Barreto e que ele fosse detido e hospitalizado para tratamento.
A juíza disse que não estava satisfeita com o progresso do tratamento do brasileiro, mas permitiu que ele encontrasse seu próprio tratamento hospitalar antes de outra audiência marcada para o dia 13 de novembro, quarta-feira da semana que vem.
O advogado dele, Brian Hutchinson, disse que poderia ser difícil para o brasileiro ser aceito em um serviço de tratamento hospitalar dentro da próxima semana. Mas o advogado disse que planejava pedir ao atual local em que Barreto vem sendo tratado, o Instituto de Dependência do Monte Sinai West, para aceitá-lo. “Todos estamos meio que de acordo que o abuso de substâncias está levando a alguns desses outros problemas e tornando impossível avançar com o caso,” afirmou Hutchinson.
Antes do adiamento, Barreto disse acreditar que os promotores estavam tentando hospitalizá-lo porque eles não tinham uma justificativa forte contra ele. Ele negou ser viciado em drogas. “Eu não sou louco” disse Barreto, de 49 anos, em uma entrevista.
Se condenado, ele enfrentaria vários anos de prisão.
Memória do caso
O imbróglio do brasileiro começou em junho de 2018, quando ele pagou por uma noite no hotel e logo usou uma lei de aluguel obscura da cidade de Nova York para argumentar com sucesso no tribunal que ele poderia se tornar um residente em tempo integral do quarto 2565.
Depois, ele acabou assumindo toda a propriedade, pelo menos no papel, com relativa facilidade depois que a cidade aceitou uma escritura apresentada por ele e datada de 2019. Ela mostrava que o hotel havia sido transferido para o seu nome.
Ele então pediu ao proprietário da lanchonete conectada ao lobby do hotel para redirecionar os pagamentos de aluguel para o seu quarto. Ele também disse que todas as contas deveriam ser colocadas em seu nome. Nenhuma das solicitações foi atendida.
Suas ações provocaram uma resposta frenética dos advogados do hotel, que o processaram em tribunal civil e habitacional e pediram aos juízes para ordenar que Barreto fosse expulso do quarto e parasse de se apresentar como o proprietário do hotel.
A verdadeira proprietária do hotel é a Igreja da Unificação na Península Coreana. Quando a escritura foi devolvida ao nome da igreja, Barreto a transferiu de volta para o seu nome.
Em entrevistas e audiências no tribunal civil, o brasileiro defendeu suas ações. Ele argumentou que estava tentando interromper o que acreditava ser o fluxo de dinheiro da igreja para a Coreia do Norte, o que seria uma violação das sanções impostas pelos Estados Unidos.
O fundador da igreja, o reverendo Sun Myung Moon, nasceu no que hoje é agora a Coreia do Norte, mas os laços atuais do grupo com o país não são claros. Enquanto Barreto esperava, na quarta-feira, para ser ouvido em audiência, ele falou sobre seu interesse contínuo na Igreja da Unificação e nas propriedades que ela possui. Porém, ele disse que não tentou assumir outro prédio.
c.2024 The New York Times Company
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