Brasileiro na universidade de Columbia descreve confusão com a polícia e se preocupa com provas

Policiais entraram no câmpus após duas semanas de protestos pró-palestinos e levaram mais de 100 pessoas detidas

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Foto do author Jéssica Petrovna
Atualização:

O brasileiro Arthur Campos estuda engenharia financeira na Universidade de Columbia e viu de perto o momento em que o Departamento de Polícia de Nova York entrou no câmpus com equipamento de choque para conter os protestos pró-palestinos e levou mais de 100 pessoas detidas. O prédio universitário onde ele mora fica do lado do Hamilton Hall, que havia sido tomado por manifestantes.

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Ele conta que ficou assustado com o e-mail da universidade, uma mensagem curta, escrita em negrito, orientando os estudantes que moram no campus como ele a permanecer no abrigo e se proteger. Enquanto isso, a força policial avançava em Columbia.

“Foi bem tenso. Quando anoiteceu, a universidade foi fechada e o acesso ao campus principal, restrito para estudantes que moram aqui e funcionários essenciais. Eu saí pra ver e tinha um número incontável de policiais”, relembra. “Recebemos esse e-mail e os policiais começaram a entrar, eles perguntavam quem morava no campos. Como eu moro, entrei em casa e fiquei bem, mas vários alunos estavam desesperados, tentavam achar abrigo, mas não conseguiam”.

Arthur Campos, estudante de engenharia financeira na Universidade de Columbia, presenciou ação da polícia no campus e prisão de manifestantes. Foto: Acervo pessoal

Da janela de um amigo, ele filmou enquanto a força policial arrancava a barricada para entrar no prédio, que havia sido invadido nas primeiras horas da terça-feira. Enquanto isso, do outro lado, mais policiais usavam um caminhão de apoio para escalar a janela do segundo andar. Depois disso, os manifestantes começaram a sair, com as mãos atadas nas costas por algemas de plástico.

“Era um barulho muito alto, tinha drones, helicópteros, vários camburões, os ônibus que levaram os detidos. Tinha uma força policial gigante aqui”, disse Arthur.

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Ele conta que o clima era mais tenso que no dia 18 de abril, quando a polícia entrou no campus pela primeira vez após os protestos pró-palestinos. E que viu um manifestante ser empurrado por um policial, caindo na escada que dá acesso ao Hamilton Hall.

A Polícia de Nova York também desarmou o acampamento que durava há duas semanas.

Policiais de Nova York com equipamento antimotim entram no acampamento da Universidade de Columbia para desocupar um prédio que havia sido tomado por manifestantes pró-Palestina Foto: Julia Wu / AFP

A pedido da universidade, o reforço policial deve permanecer até o dia 17 de maio, depois das cerimônias de formatura. Em nota, a presidente de Columbia, Nemat Shafik, disse que a ocupação do prédio administrativo representou uma escalada drástica, que levou a universidade ao limite. “Lamento que tenhamos chegado a esse ponto”, escreveu ela.

Nesta quarta, o campus amanheceu em aparente tranquilidade que contrasta a agitação dos últimos dias, ainda vista nas vidraças quebradas do Hamilton Hall e em marcas na grama onde ficava o acampamento. O campus permanece fechado, permitida entrada apenas dos estudantes que vivem lá e dos funcionários que prestam serviços considerados essenciais.

À tarde, cerca de 100 manifestantes marcharam na universidade, criticando Nemat Shafik e a intervenção policial. Assim como havia acontecido em 18 de abril, a entrada da polícia em Columbia foi seguida por uma série de protestos universitários por todo país.

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Nas redes sociais internas os estudantes ainda debatem sobre a noite anterior. Parte, preocupada com a formatura, está de acordo com a intervenção policial, mas também tem aqueles que apoiam as manifestações, observou o brasileiro, que prefere não participou dos protestos e prefere não emitir opiniões.

A ansiedade de estudantes de Columbia é intensificada pela incerteza sobre as provas de fim de semestre que se aproximam. As aulas acabaram na última segunda-feira em esquema híbrido adotado pela universidade em meio às manifestações, mas a administração ainda não informou como serão as avaliações, afirma Arthur.

“Só piora pelo fato de que as provas finais estão chegando daqui a uma semana”, disse ele. “Não temos ideia de estrutura, de formato de nada e essas provas correspondem de um terço a metade da nota do semestre. Tem uma importância muito grande para o desempenho acadêmico de todo mundo que está aqui e a gente não recebeu nenhuma certeza. Isso está aumentando a ansiedade”, acrescenta.

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