BUENOS AIRES - O brasileiro e a namorada que tentaram matar a vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, estudaram o local do ataque antes de tentar cometer o crime, segundo evidências encontradas pelos investigadores do caso. A polícia acredita que há mais pessoas envolvidas na tentativa de assassinato.
Fernando Sabag Montiel e sua namorada, Brenda Uliarte, ambos presos pela tentativa de assassinato de Cristina Kirchner, foram interrogados na noite de terça-feira, 6, cinco dias após o atentado. Sabag Montiel teria se recusado a falar, mas tentou livrar a namorada das acusações, segundo a imprensa argentina.
Uliarte, por sua vez, negou ter participado do atentado e afirmou que só estava “acompanhando” o namorado na ocasião. A jovem disse em depoimento à juíza María Eugenia Capuchetti, responsável pelo caso, que não concorda com o ocorrido e que, apesar das divergências políticas com a vice-presidente, por quem negou sentir “ódio”, considera o ataque uma “aberração”.
Sabag Montiel, no entanto, recusou-se a dar declarações à juíza, afirmando apenas que a namorada não teve “nada a ver” com a tentativa de assassinato. O acusado deixou o tribunal escoltado por seis policiais, algemado e protegido por um colete à prova de balas.
Contudo, de acordo com o que disseram fontes da investigação ao jornal La Nacion, há imagens que mostram o casal analisando o entorno da casa de Cristina nos dias anteriores a 1º de setembro, quando Sabag Montiel tentou matar a vice-presidente com uma pistola.
Um dos investigadores do caso disse ao jornal que “há mais provas que dizem que ambos agiram de forma premeditada” e que “imagens dos arredores da casa da vice-presidente mostram que houve planejamento”.
Imagens extraídas do cartão de memória do celular de Sabag Montiel nesta terça-feira também mostram ele e sua namorada posando com uma arma semelhante à pistola Bersa Thunder calibre .32 utilizada na quinta-feira, 1º, contra Cristina. Brenda aparece com a pistola na cintura, enquanto Fernando a segura junto ao rosto.
Os investigadores não conseguiram ter acesso às mensagens do celular do brasileiro, que apareceu como “resetado” quando tentaram desbloqueá-lo, mas o cartão de memória foi preservado, e as fotografias desmentem as declarações públicas de Uliarte, que disse não saber que o namorado tinha uma arma e que não o via há dias. Além disso, foi encontrada uma fotografia, datada de maio, com as duas caixas de projéteis apreendidas na casa de Sabag Montiel.
Os investigadores também disseram que há indícios de que mais pessoas participaram da ação, embora não tenham mencionado uma grande organização, mas sim um acordo de interesses com alguém que poderia ter incitado o casal a realizar o ataque.
O conteúdo do smartphone de Uliarte também está sendo analisado por técnicos da Polícia de Segurança Aeroportuária (PSA), que conseguiram desbloqueá-lo apesar de a jovem ter se recusado a informar a senha do dispositivo.
O telefone de Uliarte permaneceu conectado ao equipamento PSA por cerca de 20 horas, passando por um procedimento prévio à operação para burlar a senha e acessar o conteúdo, segundo informações do La Nacion. A PSA agora está classificando as mensagens, fotos e contatos do dispositivo.
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