Mais de dois meses depois do atentado do grupo terrorista Hamas contra Israel, que deixou mais de 1,2 mil mortos e 130 reféns, o brasileiro Michel Nisenbaum segue, segundo autoridades locais, nas mãos do grupo terrorista. Desde o início do conflito na região, o governo brasileiro agiu para retirar cidadãos do País de Israel, da Cisjordânia e na Faixa de Gaza, mas ainda não conseguiu sucesso em libertar Nisenbaum,
Natural de Niterói, Nisembaum se mudou para Israel com apenas 12 anos e formou família no país do Oriente Médio. Na manhã do dia 7 de outubro, Nisenbaum saiu de sua casa em Sderot, cidade próxima a fronteira com o enclave palestino, para buscar a sua neta de 4 anos que estava em uma base militar no sul de Israel.
Contudo, o brasileiro não chegou à base militar e não atendeu mais o telefone. Após diversas ligações de sua filha, Hen Mahluf, um terrorista do Hamas atendeu o celular e passou a falar em árabe, depois gritou a palavra Hamas e desligou.
Mary Shohat, irmã de Nisenbaum, e Hen Mahluf, fillha do brasileiro, contam que Lula ouviu a história do sequestro de Nisenbaum e prometeu contribuir da forma que pudesse para a libertação do refém. Ela classificou a conversa como “muito boa” e disse que Lula havia mencionado o nome de seu irmão para as autoridades do Catar.
“É isso que nós queremos, falar sobre o que aconteceu e pedir ajuda a todos que possam fazer alguma coisa pela libertação do Michel. A viagem dos familiares de pessoas que estão sequestradas foi justamente para isso. Queremos tirar todos eles da Faixa de Gaza, eles precisam voltar para nós”, disse Shohat ao Estadão.
Shohat disse ainda que os parentes de todos os reféns estão muito unidos neste momento e se ajudam para encontrar forças e continuar lutando pela libertação dos sequestrados. “Nós formamos uma família nova em Israel, entre os parentes de todos os sequestrados. Formamos esta nova família porque precisávamos formar, precisávamos de alguma coisa que nos deixasse mais fortes neste momento.
O que o Brasil pode fazer?
O Itamaraty reconheceu o desaparecimento do brasileiro no dia 21 de outubro, segundo nota enviada ao Estadão. A chancelaria brasileira apontou que a família de Nisenbaum comunicou o ocorrido para a embaixada brasileira em Tel-Aviv antes de o governo israelense reconhecer que o brasileiro estava entre os sequestrados.
“O governo do Brasil e a Embaixada em Tel-Aviv têm tomado todas as medidas cabíveis para a libertação do cidadão brasileiro, mantendo diálogo constante com autoridades e forças de segurança israelenses e com demais atores internacionais relevantes. Recorda-se que o Brasil manifestou-se mais de uma vez, em foros como a ONU, em favor da libertação imediata e incondicional de todos os reféns feitos pelo Hamas”, diz a nota do Itamaraty.
O embaixador do Brasil em Israel, Frederico Mayer, só se encontrou com Mary Shohat, irmã de Michel Nisenbaum, no dia 30 de novembro, após as autoridades israelenses informarem a situação do brasileiro para a embaixada.
No mesmo dia, Lula reconheceu que um brasileiro estava entre os sequestrados do grupo terrorista Hamas durante uma visita ao Catar, país que tem contribuído nas negociações para a libertação de reféns por ter relações próximas com o grupo terrorista Hamas. O presidente brasileiro apontou que agradeceu o Catar pela ajuda na liberação dos brasileiros-palestinos que estavam na Faixa de Gaza. “Estamos trabalhando também na liberação de um refém, que ainda pode ser liberado por esses dias”.
No final de novembro, o Catar intermediou um acordo de trégua na guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas que durou sete dias. 78 reféns israelenses foram libertados pelo acordo, mas o grupo terrorista também soltou três sequestrados com passaporte russo, 23 tailandeses e um filipino, que foram libertados por meio de acordos intermediados pelos pelos países asiáticos e por Moscou.
O papel dos Brics
Para Karina Calandrin, doutora em relações internacionais e assessora acadêmica do Instituto Brasil-Israel (IBI), o Brasil conseguiria costurar um acordo para a saída do refém. “O País é do chamado Sul Global e Lula criticou muito as ações de Israel na Faixa de Gaza, então acredito que o Brasil conseguiria costurar um acordo para a saída de Michel Nisenbaum”.
Em agosto, Irã, Etiópia, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos e Argentina passaram a fazer parte do Brics, junto com Brasil, China, Índia, África do Sul e Rússia. A entrada destes países poderia contribuir para uma possível interlocução: o Irã é um dos principais aliados do Hamas e o Egito tradicionalmente contribui nas negociações de cessar-fogo entre o grupo terrorista e Israel.
A especialista chama a atenção para o fato de a Tailândia, um país que também faz parte do chamado Sul Global, ter conseguido a sol. 78 reféns israelenses foram libertados pelo acordo, mas o grupo terrorista também soltou três sequestrados com passaporte russo, 23 tailandeses e um filipino, que foram libertados por meio de acordos intermediados pelos pelos países asiáticos e por Mestrado em Gaza, mas depende do interesse do governo brasileiro”, completa Calandrin.
O papel dos Brics
Para Karina Calandrin, doutora em relações internacionais e assessora acadêmica do Instituto Brasil-Israel (IBI), o Brasil conseguiria costurar um acordo para a saída do refém. “O País é do chamado Sul Global e Lula criticou muito as ações de Israel na Faixa de Gaza, então acredito que o Brasil conseguiria costurar um acordo para a saída de Michel Nisenbaum”.
Em agosto, Irã, Etiópia, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos e Argentina passaram a fazer parte do Brics, junto com Brasil, China, Índia, África do Sul e Rússia. A entrada destes países poderia contribuir para uma possível interlocução: o Irã é um dos principais aliados do Hamas e o Egito tradicionalmente contribui nas negociações de cessar-fogo entre o grupo terrorista e Israel.
A especialista chama a atenção para o fato de a Tailândia, um país que também faz parte do chamado Sul Global, ter conseguido a soltura de muitos cidadãos. “Acredito que se a Tailândia conseguiu a soltura de muitos de seus cidadãos, o Brasil teria uma capacidade de negociação semelhante, seria até mais fácil por ter um número muito menor de reféns, apenas um cidadão brasileiro está sequestrado em Gaza, mas depende do interesse do governo brasileiro”, completa Calandrin.
Saiba mais
O presidente da Federação Israelita do Estado de São Paulo (FISESP), Marcos Knobel, aponta que o Brasil pode fazer mais para garantir a libertação de Nisenbaum. “O presidente Lula foi claro que ele não ia deixar nenhum brasileiro para trás, queremos que o Brasil use suas conexões com o Catar, com o Irã, para que possa ajudar na libertação destes reféns”.
O presidente da Fisesp escreveu um artigo no Espaço Aberto do Estadão no final de novembro em que ressalta a importância do governo brasileiro tentar contribuir para a libertação de Nisenbaum.
Knobel ressaltou que se Tailândia, Filipinas e Rússia conseguiram costurar acordos para a saída de reféns de seus países, o Brasil também pode conseguir. “O governo brasileiro se diz muito amigo do governo do Irã, esperamos que essa amizade renda frutos agora”, acrescentou o presidente da Fisesp.
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