O Ministério da Justiça e Segurança Pública determinou a retirada das algemas e correntes de brasileiros que foram deportados dos Estados Unidos em um voo que pousou em Manaus (AM) na noite de sexta-feira, 24, após um problema técnico - o destino final seria Belo Horizonte (MG). No trecho brasileiro da viagem, que aconteceu neste sábado, 25, num avião da Força Aérea Brasileira (FAB), os passageiros não estavam acorrentados ou algemados. A informação foi divulgada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública.
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Essa, no entanto, não foi a primeira vez que pessoas brasileiras deportadas dos Estados Unidos foram algemadas e acorrentadas pelas autoridades americanas. Desta vez, o governo conseguiu exigir a retirada das algemas por causa do pouso inesperado em Manaus. Assim, foi possível detectar a situação e interferir, uma vez que o avião já estava em solo brasileiro - das 158 pessoas no voo que partiu dos EUA, 88 são brasileiras.
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“Por orientação do (ministro Ricardo) Lewandowski, a Polícia Federal recepcionou os brasileiros e determinou às autoridades e representantes do governo norte-americano a imediata retirada das algemas. O ministro destacou ao presidente o flagrante desrespeito aos direitos fundamentais dos cidadãos brasileiros”, dizia o comunicado.
“Ao tomar conhecimento da situação, o presidente Lula determinou que uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) fosse mobilizada para transportar os brasileiros até o destino final, de modo a garantir que possam completar a viagem com dignidade e segurança”, declarou o ministério.
Outras situações
Pessoas que são enviadas de volta ao Brasil pelo governo americano relatam o uso de algemas. Em maio de 2021, por exemplo, um voo de deportados pelo governo Joe Biden também chegou a Belo Horizonte na mesma condição. Todos os 30 brasileiros, detidos após entrarem nos Estados Unidos de forma ilegal, viajaram com mãos e pés acorrentados por determinação das autoridades americanas.
Em setembro do mesmo ano, o governo americano solicitou ao Brasil autorização para ampliar a frequência de voos de deportação ao País para três voos semanais (até então, havia a autorização para um por semana). Na época, o Itamaraty concordou com dois voos semanais e pediu aos EUA que os deportados não fossem algemados no voo. O Itamaraty destacou ainda, na ocasião, que a maioria dos cidadãos deportados não possuía condenação criminal prévia e não representava ameaça à segurança da aeronave.
Porém, a situação voltou a se repetir. Em 26 de janeiro de 2022, homens e mulheres foram algemados na frente dos filhos em um voo que chegou ao Brasil, segundo relatos obtidos pelo jornal Folha de S. Paulo. “Alguns passageiros afirmaram à reportagem ter sofrido maus-tratos, e autoridades envolvidas no trâmite confirmaram que receberam relatos semelhantes”, escreveu a reportagem.
A utilização de algemas é uma determinação dos Estados Unidos em voos de deportação, independentemente do país de origem dos imigrantes. Os EUA receberam as preocupações do Brasil em relação à questão, mas informaram que se trata de uma questão de segurança, com o objetivo de “evitar brigas durante o voo” ou um sequestro do avião, reportou o jornal Correio Braziliense em 2022.