Ucrânia acusa Rússia de crimes de guerra após denunciar vala com 410 corpos em Kiev

Região foi retomada recentemente após retirada do exército russo; governo da Ucrânia fala em genocídio

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Por Redação
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KIEV - A retirada de tropas russas do entorno de Kiev no sábado, 3, abriu caminho para a descoberta de 410 civis com sinais de execução na cidade de Bucha, ocupada por tropas russas. Os indícios de crimes de guerra provocaram protestos de líderes internacionais, principalmente na União Europeia, que defenderam mais sanções contra o regime de Vladimir Putin. A Rússia negou as acusações da Ucrânia e usou o domingo para atacar alvos militares na costa do Mar Negro, principalmente nas cidades de Mikolaiv e Odessa.

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“Foram retirados até agora do território da região de Kiev 410 corpos de civis assassinados”, afirmou a procuradora-geral, Iryna Venediktova, em postagem no Facebook. “Os promotores e outros especialistas examinaram até o momento 140 deles”, acrescentou.

Segundo Venediktova, investigadores conversam com a população local em busca de testemunhas, vítimas e provas do massacre, como fotos ou vídeos. “As pessoas estão assustadas, cansadas e atormentadas. Vivenciaram o horror”, escreveu.

Corpos de civis foram encontrados em vala comum em Bucha Foto: Rodrigo Abd

O governo admitiu que haverá falta de “tempo e de um enfoque profissional” para documentar todos os casos de forma correta e punir os responsáveis.

Neste domingo, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmitro Kuleba, pediu ao Tribunal Penal Internacional (TPI) o envio de uma missão de investigação para documentar os crimes e identificar seus atores.

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No sábado, 2, a divulgação de imagens de corpos espalhados nas ruas da cidade de Bucha, perto de Kiev, gerou fortes reações da comunidade internacional. Segundo o governo da Ucrânia, e de acordo com imagens difundidas na imprensa internacional, os corpos das vítimas estavam com roupas de civis. Algumas carregavam lenços brancos, em uma possível tentativa de mostrar aos russos que não traziam ameaças. Muitas foram encontrados com as mãos amarradas e tiros na cabeça.

O escritório de direitos humanos da ONU informou que sua equipe no local ainda não conseguiu verificar os números ou detalhes relatados pelas autoridades ucranianas, mas disse que os indícios são sombrios.

“Ainda não estamos em condições de comentar diretamente as causas e circunstâncias das mortes de civis em Bucha, mas o que se sabe levanta questões sérias e perturbadoras sobre possíveis crimes de guerra”, declarou a ONU em nota.

O prefeito de Bucha, Anatoli Fedoruk, afirmou no sábado, 2, que na cidade já foram enterrados 280 mortos em valas comuns, diante da impossibilidade de utilizar o cemitério municipal.

O governo da Rússia nega as acusações, acusando a Ucrânia de usar as imagens como “provocações”. Moscou sustenta que na última quinta-feira, 31, o prefeito de Bucha confirmou, em uma mensagem de vídeo, que já não havia soldados russos na cidade, “mas, não mencionou em nenhum momento que havia residentes locais baleados nas ruas com as mãos amarradas”.

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O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, acusa a Rússia de promover um genocídio contra o povo ucraniano. Em um trecho de uma entrevista à rede americana CBS, que será exibida neste domingo, Zelenski afirma que os ucranianos estão sendo “destruídos e exterminados” por não se submeterem “à política da Federação Russa”. “Isto é genocídio. A eliminação de toda a nação e do povo”, disse. “Somos os cidadãos da Ucrânia. Nós temos mais de 100 nacionalidades. Trata-se da destruição e extermínio de todas essas nacionalidades”, completou. /EFE e AFP

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