Câmara dos EUA vai divulgar relatório com acusações de pedofilia que envolvem aliado de Trump

Matt Gaetz havia sido escolhido pelo presidente eleito para comandar o Departamento de Justiça, mas renunciou em meio às investigações

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Por Redação

WASHINGTON — O Comitê de Ética da Câmara dos Estados Unidos votou em segredo para liberar um aguardado relatório sobre o ex-deputado Matt Gaetz, aumentando a possibilidade de que as denúncias contra o republicano da Flórida possam ser tornadas públicas nos próximos dias. Gaetz foi a primeira escolha do presidente eleito Donald Trump para liderar o Departamento de Justiça, mas renunciou à indicação em meio às polêmicas da investigação.

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Desde 2021, o comitê investiga Gaetz em uma série de acusações, incluindo a de que ele se envolveu em má conduta sexual envolvendo menores de idade e uso ilícito de drogas, compartilhou imagens ou vídeos inapropriados no plenário da Câmara, fez uso indevido de registros de identificação estaduais, converteu fundos de campanha para uso pessoal e aceitou presentes que violavam as regras da Câmara. Ele nega as acusações.

A decisão do comitê bipartidário foi tomada no início deste mês, de acordo com pessoas familiarizadas com a votação que não estavam autorizadas a discutir publicamente o assunto e falou sob condição de anonimato nesta quarta-feira, 18, com a imprensa americana. A CNN foi a primeira a reportar a votação.

O ex-deputado pela Flórida, Matt Gaetz, durante uma recepção de gala em Nova York em 15 de dezembro Foto: Yuki Iwamura/AP

O painel, que é composto por cinco republicanos e cinco democratas, já havia votado antes sobre divulgar ou não o relatório, com os cinco republicanos se opondo. Para uma decisão é necessário um voto majoritário simples. Com o retorno da votação ao comitê de ética, a divulgação foi aprovada, o que significa que ao menos um republicano se juntou aos democratas na questão.

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A reviravolta foi o ápice de um debate contencioso sobre se deveria liberar o relatório após Gaetz ter renunciado ao Congresso e retirado sua indicação para procurador-geral.

Gaetz se pronunciou nesta quarta nas redes sociais, negando novamente qualquer irregularidade. Ele criticou o comitê por sua ação depois que ele deixou o Congresso, dizendo que teria “nenhuma oportunidade de debater ou refutar como um ex-membro do corpo”.

“É embaraçoso, embora não seja criminoso, que eu provavelmente festejei, fui mulherengo, bebi e fumei mais do que deveria no passado,” Gaetz postou no X. “Eu vivo uma vida diferente agora.”

A maioria dos republicanos argumentou que qualquer investigação do Congresso sobre Gaetz devia terminar quando ele renunciou à Câmara. O presidente da casa, Mike Johnson, também solicitou que o comitê não publicasse seu relatório, dizendo que seria um precedente terrível. Embora relatórios de ética tenham sido previamente liberados após a renúncia de um membro, isso é extremamente raro.

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Mas a investigação do Comitê de Ética da Câmara continuou, com o painel anunciando neste ano que havia identificado novas linhas de investigação que mereciam revisão, incluindo se Gaetz havia “dispensado privilégios e favores especiais a indivíduos com quem ele tinha um relacionamento pessoal e procurou obstruir investigações governamentais de sua conduta”.

No mês passado, novos detalhes surgiram sobre a conduta de Gaetz, incluindo o depoimento fornecido ao painel por uma mulher que disse ter testemunhado ele tendo relações sexuais com uma jovem de 17 anos em uma festa regada a drogas.

Matt Gaetz foi a primeira escolha de Trump para secretário de Justiça  Foto: Yuki Iwamura/AP

Também no X, ele observou que já havia sido investigado pelo Departamento de Justiça no passado, que não apresentou nenhuma acusação contra ele. “O DOJ Biden/Garland passou anos revisando alegações de que cometi vários crimes. Não fui acusado de nada: TOTALMENTE EXONERADO”, escreveu.

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O Departamento de Justiça tomou a decisão de não processar Gaetz na época depois que os investigadores concluíram que não conseguiriam apresentar um caso forte o suficiente contra ele no tribunal, em parte devido à preocupação de que algumas testemunhas em potencial poderiam não ter respondido bem ao interrogatório, de acordo com pessoas familiarizadas com o caso que falaram sobre ele na época sob condição de anonimato.

Joel Greenberg, um aliado político de Gaetz na época e republicano que serviu como coletor de impostos no Condado de Seminole, na Flórida, admitiu como parte de um acordo de delação com os promotores em 2021 que pagou mulheres e uma menina menor de idade para ter relações sexuais com ele e outros homens. Os homens não foram identificados nos documentos do tribunal quando ele se declarou culpado. Greenberg foi condenado no final de 2022 a 11 anos de prisão./AP, NYT e W.POST

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