A Itália caminha para uma grave crise política. O alerta é de um dos cardeais do Partido Democrático (PD), Stefano Fassina, apontado como um dos prováveis ministros de um eventual governo de Pier Luigi Bersani. Os resultados iniciais da eleição de ontem diminuíram a possibilidade de uma coalizão entre o PD e o líder tecnocrata Mario Monti. Em entrevista ao Estado, o político não escondia sua preocupação. Ontem, Fassina chegou à sede do partido com rosto fechado e claramente tenso. "Caminhamos para uma crise muito, muito grave", reconheceu. "Não sei o que será deste país a partir de agora." A seguir, os principais trechos da entrevista.O que esse resultado eleitoral mostra?Mostra, acima de tudo, que a população está com raiva da classe política e de como a política está sendo tratada. Podemos entender tudo isso. É uma reação de alguém traído. Podemos entender essa reação. Mas, na prática, ela não é uma solução e não traz uma estabilidade necessária para governar. Como o sr. explica o volume de votos recebido por Berlusconi e por formações populistas?É exatamente disso que falo. São pessoas que estão bravas, frustradas e com medo do futuro. Quais são as prioridades do partido agora?Não temos mais como pensar em prioridades. Precisamos pensar, primeiro, se temos alguma condição de formar um governo que, de fato, seja um governo. A Itália não pode ficar à deriva. Isso seria o equivalente ao caos. Pelo que estamos vendo agora, não teremos como formar um governo.O que representa isso na prática? Que caminhamos para uma crise muito, muito grave. Juro que não sei o que será desse país a partir de agora, se as previsões se confirmarem. / J.C.
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