Candidato ultraconservador vence eleições presidenciais no Irã

Dado como favorito, o linha-dura Ebrahim Raisi foi eleito já no primeiro turno; comparecimento da população às urnas foi o mais baixo da história

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Por Redação
Atualização:

TEERÃ — O ultraconservador Ebrahim Raisi, que era dado como favorito, venceu as eleições presidenciais do Irã neste sábado, 19, já no primeiro turno. Resultados preliminares mostraram que o candidato, que também é chefe do Judiciário, conseguiu ao menos 17,8 milhões de votos. O pleito, no entanto, teve o menor comparecimento da história da República Islâmica — dos 59 milhões de cidadãos aptos a votar, pouco mais de 28 milhões foram às urnas.

O sentimento era de que a eleição serviria apenas para coroar um candidato com vitória já esperada, o que gerou apatia generalizada entre os eleitores iranianos. No país, a participação eleitoral é vista como sinal de apoio à teocracia desde a Revolução Islâmica de 1979. Desta vez, personalidades influentes, incluindo o ex-presidente Mahmoud Ahmadinejad, defenderam boicote.

O ultraconservador Ebrahim Raisi, eleito novo presidente do Irã. Foto: EFE/EPA/Abedin Taherkenareh

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Nos resultados iniciais, o ex-comandante da Guarda Revolucionária Mohsen Rezaei obteve 3,3 milhões de votos, enquanto o moderado Abdolnasser Hemmati obteve 2,4 milhões, disse Jamal Orf, chefe da sede eleitoral do Ministério do Interior do Irã. Já o quarto candidato da corrida, Amirhossein Ghazizadeh Hashemi, teve cerca de 1 milhão de votos, disse Orf.

O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei celebrou no sábado a eleição vencida por Raisi como uma vitória da nação contra a "propaganda inimiga".

Hemmati parabenizou Raisi pelo Instagram no início do sábado. "Espero que seu governo seja motivo de orgulho para a República Islâmica do Irã, melhore a economia e a qualidade de vida desta grande nação", escreveu ele.

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Baixa adesão

Ao cair da noite da sexta-feira, nas últimas horas da eleição, o comparecimento às urnas era notavelmente menor do que o registrado no último pleito, em 2017. Em um local de votação dentro de uma mesquita no centro de Teerã, um clérigo xiita jogava futebol com um garoto enquanto a maioria dos mesários cochilava em um pátio. Em outro, o número de votantes era baixo de tal forma que as autoridades tinham tempo livre para assistir a vídeos em seus telefones celulares.

"Meu voto não vai mudar nada, o número de pessoas que estão votando em Raisi já é enorme e Hemmati não teria as habilidades necessárias para governar", disse uma mulher de 25 anos que informou apenas seu primeiro nome, Hediyeh, enquanto corria para um táxi após evitar as urnas. "Eu não tenho nenhum candidato aqui."

A televisão estatal iraniana tentou minimizar a baixa adesão da população. Durante o dia, a programação divulgou as tentativas das autoridades de convencer mais pessoas a votarem. À noite, a TV transmitiu cenas de cabines de votação lotadas em várias províncias, tentando retratar uma "corrida de última hora" às urnas.

Desde que a revolução de 1979 derrubou o Xá, a teocracia do Irã encontra na participação eleitoral um sinal de sua legitimidade, a começar pelo seu primeiro referendo, que obteve 98,2% de apoio ao consultar se a população queria ou não uma República Islâmica. Este ano, a apatia dos eleitores foi alimentada pelo estado devastado da economia do país, bem como pela campanha eleitoral tímida em meio a meses de aumento de casos de covid. Os eleitores usavam luvas e máscaras, e alguns limpavam as urnas com desinfetantes./AP e Reuters

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