QUITO - Grupos armados ligados a cartéis de narcotraficantes explodiram ao menos quatro carros-bomba no Equador nesta quinta-feira, 31. Os ataques ocorreram em Quito e próximos à fronteira com o Peru e não deixaram feridos. Segundo a polícia, as explosões foram uma retaliação à decisão do governo de transferir líderes de facção de presídios locais.
Os atentados ocorrem três semanas depois da morte do candidato à presidência Fernando Villavicencio e em meio a campanha do segundo turno das eleições presidenciais, entre a esquerdista Luisa Gonzalez e o direitista Daniel Noboa, marcado para 15 de outubro.
As explosões aumentaram a preocupação nas ruas de Quito e, segundo analistas, são um exemplo do caráter frágil da atual política de segurança pública equatoriana, às voltas com o aumento da criminalidade e a violência entre narcotraficantes nos últimos anos.
Explosão na madrugada
O primeiro carro-bomba explodiu na madrugada desta quinta em Quito, diante do antigo prédio da agência prisional do país. O automóvel usado na explosão estava cheio de cilindros de gás.
A agência, conhecida como Serviço Nacional de Atenção às Pessoas Privadas de Liberdade, perdeu nos últimos anos o controle de grandes prisões, que têm sido palco de tumultos violentos que resultaram, desde 2021, em 430 mortes. Com isso, o governo tem optado por transferir presos para evitar disputas entre gangues dentro das cadeias, o que tem desagradado esses grupos.
Segundo o diretor da Polícia Nacional do Equador, Pablo Ramírez, seus agentes encontraram cilindros de gás, combustível, fusíveis e blocos de dinamite entre os escombros das cenas do crime em Quito, onde o primeiro veículo a explodir foi um carro pequeno e o segundo uma caminhonete. Outras três granadas foram desativadas em bairros da capital.
Ainda de acordo com a polícia, tanques de gás foram usados nas explosões nas comunidades El Oro de Casacay e Bella India. O prefeito de Quito, Pabel Muñoz, disse à emissora de televisão Teleamazonas que espera “que a justiça atue com rapidez, honestidade e força”.
Suspeitos colombianos
Seis pessoas, incluindo um colombiano, foram detidas a cerca de 5 km do local de um dos ataques, segundo Ramírez. Eles têm antecedentes por extorsão, roubo, homicídio e estão supostamente ligados ao ataque.
“Três deles foram presos há 15 dias por roubo de caminhão e sequestro para extorsão em diversos pontos da cidade e foram liberados com medidas alternativas”, disse o general.
Embora os assassinatos, sequestros e extorsões se multipliquem no Equador, este tipo de ataque é raro na capital equatoriana.
“Querem intimidar o Estado para nos impedir de continuar a cumprir o papel que as forças armadas e a polícia têm no controle destas prisões”, disse o ministro da Segurança, Wagner Bravo, à rádio FM Mundo.
Em janeiro de 2018, um carro-bomba explodiu em frente a uma delegacia de polícia em uma cidade equatoriana na fronteira com a Colômbia (norte), deixando 23 feridos leves. /AFP E AP
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