WASHINGTON - O diretor do FBI (polícia federal americana), Christopher Wray, enfrentou críticas da Casa Branca pela segunda vez em uma semana, nesta sexta-feira, 25, quando o chefe de gabinete do presidente Donald Trump questionou sua capacidade de detectar fraude eleitoral à medida que as eleições de novembro se aproximam.
Wray disse aos legisladores na quinta-feira que não viu evidências de um "esforço coordenado de fraude eleitoral nacional", minando o ataque infundado do presidente republicano à votação por correspondência antes de sua disputa em 3 de novembro contra o democrata Joe Biden.
Mark Meadows, o chefe de gabinete da Casa Branca, fez comentários tentando denegrir a imagem de Wray durante uma entrevista ao programa da CBS This Morning. "Com todo o respeito ao diretor Wray, ele tem dificuldade em encontrar e-mails em seu próprio FBI, muito menos em descobrir se há algum tipo de fraude eleitoral", disse Meadows, sem entrar em detalhes. O FBI não fez comentários sobre as declarações de Meadows.
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Trump nomeou Wray como diretor do FBI depois de demitir James Comey em 2017 durante uma investigação federal sobre os laços entre a campanha presidencial de Trump em 2016 e a Rússia.
Na semana passada, Wray testemunhou perante uma comissão do Congresso que sua maior preocupação na eleição de 2020 era o "tamborilar constante de desinformação" proveniente da interferência russa. Isso levou Trump a replicar: "Não gostei das respostas de ontem".
As declarações de Wray vão contra as posições do presidente republicano. Trump continua a minimizar a ameaça de Moscou e argumenta que a votação pelo correio, da qual muitos Estados estão recorrendo durante a pandemia do coronavírus, representa uma ameaça à segurança eleitoral.
Questionado se Trump confia em Wray, Meadows disse a repórteres na sexta-feira que não falou com o presidente sobre isso. O próprio Trump questionou repetidamente e sem evidências o aumento do uso de cédulas pelo correio, um método estabelecido de votação nos Estados Unidos.
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Ele também continua se irritando com a descoberta das agências de inteligência dos EUA de que a Rússia agiu para impulsionar a campanha presidencial de Trump em 2016 e minar sua rival democrata, Hillary Clinton.
A situação extraordinária de um chefe de gabinete da Casa Branca denegrindo a imagem de uma das principais autoridades policiais do país foi o último sinal de como a recusa do presidente em se comprometer em honrar os resultados da eleição presidencial abalou Washington.
Na quinta-feira, proeminentes republicanos reafirmaram seu compromisso com a transferência ordeira de poder, mas se esforçaram para evitar criticar o presidente. Os democratas colocaram Trump como uma ameaça à democracia, que tem procurado minar a confiança na eleição e suprimir a votação.
E enquanto a Casa Branca tentou enviar sinais tranquilizadores, Trump, que vem perdendo terreno nas pesquisas, continuou a repetir afirmações infundadas de que a votação seria um "grande golpe".
Chris Edelson, um professor da American University que estudou a expansão do poder presidencial durante emergências, disse que "realmente não há precedentes" para os comentários de Trump.
“É impossível ressaltar o quão absolutamente extraordinária é essa situação”, disse ele. “Esse é um presidente que ameaçou prender seus adversários políticos. Agora ele está sugerindo que não respeitará os resultados de uma eleição. Esses são sinais de alerta graves. ”
Trump disse em um evento de campanha em Atlanta nesta sexta-feira que o vencedor da eleição pode não ser conhecido no dia da eleição. “Eu não sei com esta situação eleitoral”, disse. “Podemos estar em uma disputa por um longo tempo porque é assim que eles querem”, disse Trump. “Mas vamos acabar vencendo.”/REUTERS e NYT