O caso de conversão ao cristianismo que poderá culminar em pena de morte para Abdul Rahman, acusado de rejeitar o Islã, será tema de uma reunião extraordinária do governo afegão neste sábado, segundo fontes oficiais. A polêmica provocou fortes controvérsias no âmbito internacional. "Na reunião serão debatidas possibilidades para resolver o caso", indicaram as fontes, que não quiseram ser identificadas. Até agora o governo afegão evitou se intrometer no caso que no país - uma república islâmica- é considerado crime e prevê a decretação da pena capital. Mas esta semana o presidente do país, Hamid Karzai, assegurou ao governo canadense que Rahman não será executado, segundo informou o primeiro-ministro do Canadá, Stephen Harper. O réu poderá escapar da punição, caso fique provado que ele sofre de problemas mentais. Rahman, de 41 anos, se converteu ao cristianismo há 16 anos, após trabalhar em uma organização humanitária que ajudava refugiados afegãos no Paquistão. Ele foi assistente médico das milícias mujahedin que lutaram contra a invasão soviética no Afeganistão nos anos 1980 e, posteriormente, trabalhou na Rússia e na Alemanha. Julgamento inédito Este é o primeiro julgamento deste tipo a ser realizado no Afeganistão, e provocou reações em países como os Estados Unidos, aliado de Cabul, que lidera uma coalizão com 20 mil soldados no Afeganistão. Reino Unido, Alemanha e Itália também já demonstraram ser contrários ao processo movido contra Rahman. A pressão dos países ocidentais aumentou nos últimos dias. A secretária americana de Estado, Condoleezza Rice, telefonou a Karzai para interceder diretamente pelo abrandamento da condenação, em uma iniciativa muito pouco freqüente desse governo. A Presidência austríaca da União Européia ordenou à delegação da UE em Cabul que interceda por Rahman junto às autoridades afegãs. O governo alemão e o ministro italiano de Exteriores, Gianfranco Fini, também se manifestaram em defesa de Rahman.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.