A Catedral de Notre-Dame, em Paris, reabre ao público neste sábado, 7, após uma restauração de cinco anos dos danos causados por um incêndio em 2019. A reabertura vai contar com a presença do presidente francês Emmanuel Macron e cerca de 40 chefes de Estado, incluindo o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump.
A Notre-Dame, juntamente com a Torre Eiffel, é um dos maiores atrativos de Paris e uma das principais obras de arte gótica, com mais de 800 anos de história.
A recuperação da Catedral em cinco anos era uma promessa de Macron para os franceses. O presidente fará um discurso em frente à catedral para os fiéis católicos romanos, autoridades estrangeiras e doadores que contribuíram para a reforma. Apesar disso, o momento, que seria de celebração para Macron, pode ser ofuscado pela crise política que ele enfrenta com a queda do primeiro-ministro Michael Barnier.
Depois, o arcebispo de Paris baterá nas portas da catedral com seu cajado, e um coral cantará o Salmo 121 três vezes. As portas serão abertas, e o arcebispo liderará um serviço religioso e abençoará o grande órgão, que não foi danificado, mas teve que ser limpo de pó de chumbo tóxico. Uma mensagem enviada pelo Papa Francisco, que não vai à reabertura, também deve ser lida pelo clérigo neste momento.
Em seguida, haverá um show e concerto transmitido pela televisão, também em frente à catedral. Gustavo Dudamel regerá a Orquestra Filarmônica da Radio France, e em seguida outros artistas subirão ao palco.
No domingo, 8, a catedral celebrará uma missa para consagrar o altar. Macron e cerca de 170 bispos da França e de outros lugares devem comparecer, assim como padres das 106 paróquias de Paris.
Relembre
Uma missa para o público em geral será oferecida à noite, na primeira vez que os visitantes poderão entrar na catedral reformada. As cerimônias serão exibidas ao vivo pela emissora nacional de televisão da França e retransmitidas por outros canais do mundo.
As autoridades planejaram uma segurança rigorosa para a área ao redor de Notre-Dame no fim de semana, semelhante ao esquema da cerimônia de abertura das Olimpíadas de Paris este ano. Haverá espaço para cerca de 40 mil pessoas poderem ver a cerimônia em telões.
Reforma de cinco anos
A reforma de Notre-Drame custou cerca de € 840 milhões (R$ 5,3 bilhões), parte arrecadado de mais de 340 mil doadores que quiseram contribuir para a recuperação depois do incêndio.
A catedral chegou perto de desabar durante o incêndio. O primeiro passo da reforma foi protegê-la. Os trabalhadores também tiveram que limpar profundamente o calcário, pinturas e estátuas para remover cinzas, partículas de chumbo e séculos de sujeira acumulada.
O esforço envolveu cerca de 250 empresas e aproximadamente dois mil trabalhadores e artesãos, incluindo arquitetos, carpinteiros, engenheiros, cortadores de pedras, pintores, decoradores de folhas de ouro, alpinistas, operadores de guindastes, limpadores de órgãos e instaladores de telhados. Eles restauraram vitrais, criaram novos ornamentos de telhado de chumbo, talharam vigas de madeira e treliças de telhado de encaixe a seco, entre outros trabalhos. No pico da reforma, o número de trabalhadores chegava a 600 por dia.
A torre da catedral foi reconstruída como era: uma estrutura de carvalho coberta de chumbo, com uma cruz acima e um galo de cobre com vista para Paris. O sótão medieval, uma treliça de vigas de carvalho antigas conhecidas como “a floresta”, também foi restaurado da maneira original.
As únicas mudanças foram a inclusão de proteções modernas contra incêndio na cobertura, ausentes em 2019. Elas incluem dispositivos de nebulização, paredes corta-fogo, câmeras térmicas e tábuas de telhado mais grossas, que têm combustão mais lenta.
Apesar da reabertura, as reformas na parte externa continuarão por mais alguns anos. Cerca de € 142 milhões (R$ 912 milhões) que resta das doações será usada para restaurar seções, incluindo a sacristia e os arcobotantes, que estavam desgastados antes do incêndio.
Encontros entre Trump e Zelenski
A ida das autoridades a reabertura da Catedral de Notre-Drame pode marcar o primeiro encontro entre o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, e o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, desde os resultados da eleição americana.
O futuro presidente dos EUA disse que resolveria o conflito entre a Rússia e a Ucrânia “em 24 horas” assim que chegasse ao poder, levantando temores de que ele poderia incentivar Kiev a fazer concessões a Moscou. Ao contrário do governo Joe Biden, Trump nunca mencionou a necessidade de a guerra ser resolvida com vitória para a Ucrânia, que foi invadida pela Rússia em fevereiro de 2022. /Com NYT e AFP
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