O chanceler Mauro Vieira telefonou nesta sexta-feira, 3, para o ministro de Relações Exteriores de Israel, Eli Cohen, para pedir rapidez na liberação do grupo de cerca de 30 brasileiros retidos na Faixa de Gaza em meio à guerra entre israelenses e o grupo terrorista Hamas. Na quinta-feira, Vieira fez gestões no mesmo sentido junto ao chanceler egípcio Sameh Shoukry. Desde os atentados do Hamas contra Israel, em 7 de outubro, o governo tenta, sem sucesso, tirar os brasileiros de Gaza.
No começo desta semana, um acordo mediado entre Estados Unidos, Catar, Egito e Israel permitiu a saída de estrangeiros do enclave palestino. Em média, cerca de 500 pessoas deixam Gaza por dia. Há estimativas de 5 mil estrangeiros ou palestinos com dupla nacionalidade querendo deixar o território. Nos primeiros dias, a prioridade foi dada a europeus, americanos e cidadãos de países muçulmanos.
O embaixador brasileiro em Israel, Frederico Meyer, descartou em entrevista à TV Globo uma possível retaliação israelense ao Brasil em virtude das declarações recentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a guerra. Em outubro, Lula disse que Israel conduzia um genocídio em Gaza. Como exemplo de que não haveria ‘má vontade’, Meyer citou exemplo da Indonésia, um país de maioria muçulmana e sem relações com Israel, e que teve seus nacionais incluídos em uma das listas iniciais.
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Negociações em curso
Após conversas intermediadas pelos Estados Unidos e Catar, Israel, Egito e o Hamas concordaram na terça-feira, 31, em abrir a passagem de Rafah para a retirada de estrangeiros ou palestinos com dupla cidadania, além de feridos em estado grave.
O primeiro grupo, que reunia 450 cidadãos de alguns países europeus e da Austrália, além de trabalhadores de agências humanitárias, deixou Gaza na quarta-feira. Na quinta pela manhã, um segundo grupo, composto majoritariamente por americanos, cruzou o posto de Rafah em direção ao Sinai. Um terceiro grupo deixou Gaza na terça, mais uma vez, sem brasileiros.
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Segundo fontes do Itamaraty, novas listas devem ser publicadas nos próximos dias e espera-se que os brasileiros possam estar nelas. O grupo de brasileiros está desde o mês passado em casas alugadas pelo Itamaraty em Rafah e Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, à espera de uma definição na fronteira, fechada desde o início da guerra.
O governo brasileiro tem feito apelos aos governos de Israel e do Egito para que os brasileiros possam ser retirados de Gaza. Um avião do governo está no Cairo à espera de uma sinalização das autoridades locais.
Segundo diplomatas brasileiros, há uma indefinição sobre de quem é a palavra final na montagem das listas: se das autoridades israelenses ou egípcias. Desde ontem, o chanceler Mauro Vieira, de acordo com o Itamaraty, tem feito gestões junto aos envolvidos nas negociações para que os brasileiros sejam envolvidos nos próximos grupos.
Apesar disso, ainda segundo esses diplomatas, não há uma previsão.
Controle de fronteira
O Egito controla a única fronteira de Gaza que não tem limite com Israel, mas o posto de Rafah é submetido a rigorosos controles alfandegários e de pessoas. Após os atentados terroristas do Hamas no dia 7, o posto foi fechado e ninguém podia sair ou entrar no território palestino.
No fim de semana, após um acordo negociado com a ajuda do Catar e dos Estados Unidos, o posto foi aberto para a entrada de ajuda humanitária. Nesta quarta, além da saída de estrangeiros, ambulâncias também recolheram feridos em Gaza.
O governo informou ainda que eles seguem abrigados nas cidades de Khan Younis e Rafah, perto da fronteira com o Egito e que os veículos contratados pelo Itamaraty continuam de prontidão para levar os brasileiros até o terminal de Rafah, de ondem serão levados até o aeroporto do Cairo, onde um avião da FAB espera o grupo para repatriação.