Chanceler Mauro Vieira defende ampliação do Mercosul sem citar Venezuela em cúpula

Durante cúpula na Argentina, ministro destaca compromisso do Brasil com a integração regional do Mercosul

PUBLICIDADE

Foto do author Eduardo Gayer
Atualização:

PUERTO IGUAZÚ (ARGENTINA) – O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, defendeu a ampliação do Mercosul durante o seu discurso de abertura na cúpula do grupo nesta segunda-feira, 3. O chanceler citou alguns países, como a Bolívia, e deixou de fora a Venezuela, que tenta retornar ao bloco com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

PUBLICIDADE

O discurso de Mauro aconteceu na véspera da passagem da presidência do grupo da Argentina para o Brasil e destacou o compromisso do Brasil com a integração regional. “Daremos continuidade ao processo de aproximação do Mercosul com a América Central e o Caribe, na busca de novas oportunidades de negócios para nossos operadores econômicos”, declarou.

Ao citar os países que o Brasil buscaria um aprofundamento nas relações comerciais, Mauro citou especificamente Chile, Colômbia, Peru e Equador, países associados ao bloco. Hoje, os países-membros do Mercosul são Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. A Venezuela também fez parte do grupo, mas foi suspensa em 2016. “Devemos aproveitar essa oportunidade para ampliar e aprofundar esse acervo de acordos comerciais com a região, sob pena de ficarmos para trás perante outras regiões e países extrazona”, acrescentou.

Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, em viagem à França, no dia 6 de junho. Na Argentina, Mauro destaca intenção de estreitar laços regionais Foto: Christophe Petit Tesson/AFP

Dois dos principais temas da agenda do Mercosul ficaram de fora das decisões da atual cúpula. Não deve haver uma resposta comum à carta de compromissos ambientais proposta pelos europeus no âmbito do acordo entre UE e Mercosul. O regresso da Venezuela ao bloco também ficou de fora da pauta.

Relações com a Venezuela

Desde o início do governo, Lula reatou laços diplomáticos com Caracas, ajudou na reabilitação internacional do ditador Nicolás Maduro e passou a defender a reintegração da Venezuela ao bloco. O assunto, porém, deve ficar para o segundo semestre e não será alvo de discussões substanciais para tomada de decisão entre os presidentes na próxima cúpula. O retorno de Maduro ao bloco depende de avaliações de todos os países do Mercosul — não é uma decisão de um só país. E mesmo Lula não pretende pautar o assunto, embora seja do interesse do governo brasileiro.

Publicidade

Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, durante encontro em Brasília em 29 de maio Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

“Na agenda desta cúpula, entendo que não está prevista qualquer discussão”, disse a embaixadora Gisela Padovan, secretária de América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores. “Evidentemente, nesse contexto de retomada de diálogo que estamos promovendo com a Venezuela, esse assunto deverá ser debatido em algum momento. Nós gostaríamos de ver a Venezuela reintegrada ao Mercosul.”

O principal entrave é ausência de democracia no país vizinho. Em agosto de 2017, Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai reconheceram a “ruptura da ordem democrática” e suspenderam formalmente a participação da Venezuela no Mercosul, conforme previsto no Protocolo de Ushuaia. A decisão afirma que “a suspensão cessará quando se verifique o pleno restabelecimento da ordem democrática na República Bolivariana da Venezuela”.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.