Chávez infla Estado venezuelano

Peso do setor estatal na economia aumentou 20% em 2 anos; líder aprofunda revolução com novas estatizações

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Por AFP E EFE
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Com as inúmeras estatizações, o Estado venezuelano aumentou em quase 20% sua participação na economia do país em dois anos, segundo dados divulgados ontem pelo Banco Central da Venezuela. No primeiro semestre de 2007, o Estado respondia por 25,5% de toda a produção de bens e serviços. Hoje, essa participação é de 29,5%. Veja ponto a ponto das medidas de centralização de Hugo Chávez A redução do peso do setor privado faz parte da estratégia do presidente Hugo Chávez para implementar seu modelo socialista na Venezuela. Desde que ele chegou ao poder, em 1999, o número de empregados do setor público dobrou - de 1,2 milhão para 2,1 milhões - e o de indústrias privadas caiu de 11 mil para cerca de 7 mil. De 2007 (quando Chávez anunciou seu compromisso com o "socialismo do século 21") até o início deste ano, foram estatizadas a gigante das telecomunicações CANTV, o setor elétrico, a produção de petróleo do Rio Orinoco, a siderúrgica Sidor, fazendas e produtoras de cimento. Em fevereiro, a vitória de Chávez no referendo sobre as reeleições indefinidas deu a ele fôlego para aprofundar suas reformas. Desde então, sofreram intervenção ou passaram para o controle estatal mais de 70 prestadoras de serviço do setor petrolífero e diversas empresas do setor alimentício. Na quinta-feira, o presidente anunciou a nacionalização de várias pequenas metalúrgicas e fábricas de cerâmica. E ontem, divulgou que o contrato que passará o Banco de Venezuela das mãos do Grupo Santander para as do Estado será assinado dia 3. O banco foi vendido por US$ 1,05 bilhão. Como essas novas estatizações ainda não tiveram impacto no índice do BC venezuelano, a expectativa é que as estatísticas oficiais sobre o peso do Estado continuem a aumentar. Segundo as Linhas Gerais do Plano de Desenvolvimento Econômico e Social, o próximo passo seria substituir muitas dessas empresas privadas estatizadas pelas chamadas "empresas sociais". Nessas empresas não haveria "privilégios associados à posição hierárquica" e "todos os trabalhadores se apropriariam do excedente econômico da produção". Analistas duvidam da capacidade do governo venezuelano de pagar pelas empresas adquiridas num momento em que os preços do petróleo estão em baixa. Segundo o jornal El Universal, de Caracas, Chávez teria de desembolsar mais de US$ 11 bilhões pelas companhias estatizadas. Prevendo dificuldades, a Assembleia Nacional permitiu, por lei, que ele indenize as terceirizadas do setor petrolífero com bônus. Outra dúvida diz respeito à capacidade das empresas de manter seus níveis de produtividade. A produção da PDVSA, por exemplo, vem declinando nos últimos anos. A estatal petrolífera acumulava uma dívida com prestadoras de serviço de mais de US$ 7 bilhões quando Chávez resolveu nacionalizá-las.

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