WASHINGTON - Em uma decisão inédita nos EUA, Donald Trump ordenou que seu nome seja gravado em todos os cheques de US$ 1.200 que serão enviados a 70 milhões de americanos como ajuda durante a crise da pandemia de coronavírus. A exigência causou espanto de muita gente, em razão da proximidade da eleição presidencial, em novembro.
Em razão da exigência de Trump, uma fonte da Receita Federal afirmou ao jornal The Washington Post que haverá atraso na entrega da ajuda financeira. A ordem partiu do Departamento do Tesouro. Assessores e funcionários do governo disseram que o presidente chegou a sugerir que os cheques tivessem sua assinatura, mas foi convencido de que o procedimento não seria legal.
Os cheques serão, então, assinados por um funcionário das Finanças, como é habitual. Mas, no canto superior esquerdo, estará a expressão “pagamento de impacto econômico”. Logo abaixo, o nome do presidente: Donald J. Trump. Imediatamente, uma equipe foi destacada para alterar, em teletrabalho e sob a pressão do tempo, os códigos de impressão e acrescentar uma linha para o nome do presidente.
Mas, em comunicado enviado ao Washington Post, um funcionário do Departamento do Tesouro negou que a mudança de última hora tenha provocado um atraso na entrega da ajuda. “O pagamento está dentro do prazo, exatamente como o planejado”, afirma o comunicado. “De fato, esperamos que os primeiros cheques cheguem pelo correio no início da próxima semana, um avanço se comparado aos primeiros cheques enviados em 2008.”
Ao todo, 150 milhões de americanos vão receber o apoio do governo. Os cheques destinam-se a contribuintes sem informações bancárias, na maioria famílias de poucos recursos que receberão o dinheiro até setembro, dois meses antes das eleições presidenciais. Os primeiros pagamentos a 80 milhões de contribuintes já foram feitos por transferência bancária – neste caso, sem referência ao nome do presidente.
Sob pressão pelo fato de não ter respondido de maneira rápida e decisiva quando a pandemia começou, Trump tem feito de tudo para mostrar aos americanos que ele é o responsável pela medida de alívio econômico. Para melhorar suas chances em novembro, o presidente também tem conduzido entrevistas coletivas diárias sobre o combate à pandemia – uma visibilidade que seu rival, o democrata Joe Biden, não tem. /Washington Post
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