LIMA - Peru, Chile, Equador e Venezuela avaliam a abertura de um corredor humanitário para que centenas de imigrantes que saíram do território chileno possam chegar em seus países de origem. A decisão é a resposta mais concreta até agora para a crise migratória na fronteira sul do Peru, onde cerca de 200 pessoas estão presas.
Os governos tentam encontrar uma solução para os migrantes que deixaram o Chile nas últimas duas semanas, após o endurecimento dos controles migratórios. O Peru os impede de passar, alegando falta de documentação.
A crise foi deflagrada após a decisão da presidente do Peru, Dina Boluarte, de fechar as fronteiras e culpar os imigrantes pelo aumento da criminalidade.
A decisão pegou muitos de surpresa, a maioria venezuelanos e haitianos que tiveram de deixar o Chile depois que o governo do presidente Gabriel Boric também restringiu a permanência de estrangeiros.
Neste sábado, a polícia peruana entrou em confronto com imigrantes que estão sem comida, água e sob intenso frio e sol do deserto na fronteira. Um imigrante venezuelano ficou ferido.
Segundo o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur), diariamente se concentram em média entre 150 e 200 imigrantes nas fronteiras entre Chile e Peru.
Diante do bloqueio das autoridades peruanas, alguns cruzaram irregularmente em direção à cidade fronteiriça peruana de Tacna e outros se instalaram do lado chileno, na cidade de Arica.
Dezenas de militares começaram a se posicionar hoje nas fronteiras com o Chile e Equador, segundo imagens exibidas pela TV local. “Faremos vigilância e patrulha naqueles pontos críticos e sensíveis onde se evidencia a entrada ilegal”, declarou o ministro da Defesa, Jorge Chávez.
A ONG Anistia Internacional defendeu a desmilitarização das fronteiras e expressou “preocupação profunda com a precariedade absoluta em que se encontram” os migrantes retidos. “Os governos de Boric e Boluarte agravam inutilmente a situação, a transformando em uma crise humanitária que aumenta o risco à vida e segurança dessas pessoas.”
Venezuela quer garantias
A Venezuela pediu garantias para enviar aviões de sua companhia aérea estatal para trazer de volta ao país migrantes venezuelanos retidos na fronteira, anunciou neste sábado, 29, o ministro das Relações Exteriores, Yván Gil.
“Solicitamos garantias para que nossos aviões” da estatal Conviasa “possam pousar e decolar na área, e serem abastecidos de combustível”, com o objetivo de transferir esses migrantes “sãos e seguros” de volta à Venezuela, escreveu Gil, no Twitter.
A Venezuela, um país de 30 milhões de habitantes, viu mais de 7 milhões de pessoas deixarem seu território devido à grave crise que atravessa, segundo as Nações Unidas.
O Peru tem sido um dos principais países de acolhimento desses migrantes, segundo dados da ONU (1,5 milhão), atrás apenas da Colômbia (2,4 milhões).
O governo de Nicolás Maduro, que afirma que o número é bem menor, lançou um programa de repatriação de migrantes com o uso de aeronaves da Conviasa. /AP e AFP
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