A China decidiu derrubar a quarentena obrigatória para todos que chegarem ao país a partir do dia 8 de janeiro. Com a decisão, os chineses começaram a fazer reservas de viagens ao exterior nesta terça-feira, 27, afinal quando retornarem não precisarão ficar na quarentena, como ocorre há quase três anos.
A medida se soma ao levantamento da maioria das restrições anticovid implementadas no início de dezembro. A partir do mês que vem, apenas será exigida a apresentação de um teste negativo recente a todos que queiram entrar no território chinês, informou em um comunicado a Comissão de Saúde, órgão com funções equivalentes às de um ministério.
Atualmente, a China é o único grande país do mundo a exigir quarentena para quem viaja ao seu território, o que prejudica o setor turístico. O confinamento dura cinco dias, seguidos de outros três de observação domiciliar.
A Comissão de Saúde indicou que já não considera a covid-19 como uma pneumonia, mas como uma doença “contagiosa” menos perigosa.
Os chineses celebraram nas redes sociais o fim das restrições. “Acabou (...) A primavera está chegando”, afirmava um dos comentários mais curtidos na rede Weibo, o equivalente ao Twitter na China.
Uma moradora de Xangai de sobrenome Chen comentou: “parece que alguém apertou o botão para acabar o filme” e agora ela poderá visitar sua família no Reino Unido. “Finalmente, a China voltou à normalidade”.
Outro morador de Xangai, de sobrenome Du, acredita que com a abertura o país deve atingir a chamada imunidade de rebanho e “não há como evitar o vírus na cidade”.
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As pesquisas por voos para o exterior dispararam depois do anúncio, informou a imprensa estatal. A plataforma de viagens Tongcheng registrou um aumento de 850% nas buscas e de 1.000% nos pedidos de informações sobre vistos.
A plataforma Trip.com afirmou que o volume de pesquisas aumentou 10 vezes na comparação com o mesmo período do ano passado apenas meia hora após o anúncio do governo. Os destinos mais procurados são Macau, Hong Kong, Japão, Tailândia e Coreia do Sul, de acordo com a empresa.
Aumento dos casos
Três anos depois do surgimento dos primeiros casos de covid-19 na cidade de Wuhan (centro), Pequim eliminou no início de dezembro, e sem aviso prévio, a maioria das medidas mais rigorosas de sua política de ‘covid zero’, em um contexto de crescente descontentamento da população e diante do forte impacto que essas regras estavam tendo na economia.
Desde então, a China enfrenta um aumento explosivo do número de infectados pelo vírus. Muitos hospitais estão saturados e as farmácias sofrem com escassez de medicamentos. Além disso, crematórios estão recebendo um alto número de corpos para incinerar.
Diante desse cenário e com os chineses planejando viagens para o exterior, o Japão decidiu exigir testes de covid-19 aos turistas que chegam procedentes da China continental a partir da sexta-feira 30, anunciou o primeiro-ministro Fumio Kishida. “A decisão foi tomada porque há informações sobre uma rápida propagação dos contágios na China”, disse o premiê.
Fala de Xi Jinping
Em suas primeiras declarações públicas desde o relaxamento das medidas por Pequim, o presidente Xi Jinping pediu nesta terça-feira às autoridades medidas para “proteger com eficácia” as vidas de seus compatriotas diante do avanço da covid-19. “Deveríamos lançar uma campanha sanitária patriótica de maneira mais afinada”, para fortalecer “a prevenção e o controle” da epidemia e “proteger com eficácia a vida, a segurança e a saúde das pessoas”, disse Xi, citado pela emissora estatal CCTV. “A prevenção e o controle da covid-19 na China estão se deparando com uma situação nova e com tarefas novas”, acrescentou.
O país anunciou na segunda-feira, 26, que não publicaria mais estatísticas sobre a covid, que são alvo de críticas pela enorme defasagem entre os números oficiais e a onda atual no país. A Comissão Nacional de Saúde também modificou o critério para contabilizar as vítimas da covid-19, passando a registrar apenas as pessoas que faleceram vítimas de insuficiência respiratória provocada pela infeção, o que segundo os analistas vai dissimular o número de óbitos do atual surto. / AFP
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