China alerta EUA e Coreia do Sul para não provocarem ‘confronto’ com a Coreia do Norte

Advertência de Biden e líder sul-coreano foi feita na quarta, quando discutiram fortalecimento do escudo de segurança dos EUA para a Coreia do Sul diante dos crescentes testes de mísseis de Pyongyang

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Por Redação
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PEQUIM - O governo da China advertiu os Estados Unidos e a Coreia do Sul nesta quinta-feira, 27, para que não provoquem um “confronto” com a Coreia do Norte, depois que o presidente americano Joe Biden e o mandatário sul-coreano Yoon Suk Yeol afirmaram que Pyongyang enfrentaria o fim de seu regime caso utilize seu arsenal nuclear.

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“Todas as partes devem enfrentar o cerne da questão da península (coreana) e ter um papel construtivo na promoção de uma solução pacífica do tema”, declarou a porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning. Ela fez um apelo para que Washington e Seul evitem “provocar tensões deliberadamente e fazer ameaças”.

Reunidos em Washington, o americano Joe Biden e o sul-coreano Yoon Suk Yeol afirmaram que se a Coreia do Norte atacar a Coreia do Sul ou os Estados Unidos, a resposta seria devastadora.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se encontra com o presidente da China, Xi Jinping, na reunião do G20 em Bali, Indonésia  Foto: Kevin Lamarque / REUTERS

Acordo de cooperação nuclear

Os Estados Unidos e a Coreia do Sul chegaram em um acordo na quarta-feira, 26, que deve dar a Seul pela primeira vez um papel central no planejamento estratégico para o uso de armas nucleares em qualquer conflito com a Coreia do Norte, em troca de um acordo de que o país asiático não buscará seu próprio arsenal de armas nucleares, disseram autoridades americanas.

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O acordo costurado por Seul e Washington pretende reduzir as intenções da Coreia do Sul de construir uma armas nucleares. De acordo com pesquisas de opinião, o publico sul-coreano estaria inclinado a aceitar esta política, que também já foi sinalizada pelo presidente do país.

As duas partes também anunciaram que o escudo de segurança americano para a Coreia do Sul será reforçado diante dos testes de mísseis da Coreia do Norte, país que possui armas nucleares.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se encontrou com o presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, na Casa Branca  Foto: Andrew Harnik / AP

Escalada de tensões com a Coreia do Norte

O tratado anunciado por Seul e Washington ocorre em um momento de escalada nas tensões no continente asiático. Em março, a Coreia do Norte disparou quatro mísseis balísticos intercontinentais após a realização de exercícios militares conjuntos entre Coreia do Sul e Estados Unidos.

Os treinamentos entre os americanos e os sul-coreanos foram os maiores em cinco anos, de acordo com o Exército sul-coreano.

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No mês passado, autoridades da Coreia do Sul se reuniram pela primeira vez em 12 anos com líderes do Japão. A reunião foi o passo mais recente de um processo de reaproximação entre Seul e Tóquio, motivado pela agressividade cada vez maior da Coreia do Norte no Pacífico e da ascensão da China na região.


China diz que acordo “ignora segurança nacional”

O governo chinês condenou o acordo, apontando que Washington “ignora a segurança regional e insiste em explorar o tema da península para criar tensão”.

“O que os Estados Unidos estão fazendo tem a intenção de provocar confronto entre os dois lados, abala o regime de não proliferação nuclear e os interesses estratégicos de outros países”, acrescentou a porta-voz chinesa.

A Coreia do Sul é signatária do Tratado de Não Proliferação Nuclear, que a proíbe de obter armas nucleares. Portanto, o compromisso de não construir suas próprias armas não é novo. Mas as nações podem se retirar do tratado, simplesmente notificando a ONU. Apenas uma nação o fez: a Coreia do Norte, no início dos anos 1990. Três países não assinaram o tratado e desenvolveram armas nucleares: Israel, Índia e Paquistão.

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Pequim e Washington vivem pior momento diplomático

O conflito entre os dois países foi acentuado pela visita da presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, aos Estados Unidos em abril. A política se reuniu com o presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, o republicano Kevin McCarthy no Estado da Califórnia.

Em resposta, Pequim realizou diversos exercícios militares em regiões próximas a Taiwan. A China considera a ilha com governo democrático e autônomo como uma província rebelde que faz parte de seu território, e se diz disposta a recuperá-la, inclusive pela força, se necessário.

Além disso, os Estados Unidos buscam ampliar a presença e influencia na Ásia. Neste mês as Forças Armadas dos EUA começaram nas FIlipinas as maiores manobras de guerra da história da região do Indo-Pacífico. Em paralelo, os americanos tem ampliado o apoio a Taiwan, que tem apostado em drones militares para resistir ao acosso chinês./AFP

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