China declara apoio ao Irã na ‘defesa da soberania, segurança e dignidade’ em meio à tensão regional

Declaração acontece no momento em que Teerã promete retaliar Israel por assassinato de Ismail Haniyeh; Pequim diz que ação feriu soberania e segurança do Irã

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Foto do author Luiz Henrique Gomes
Atualização:

O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, declarou apoio ao Irã na defesa da “soberania, segurança e dignidade nacional” em meio à tensão do Oriente Médio com Israel. O posicionamento foi externado durante uma conversa diplomática do chanceler chinês com o equivalente iraniano interino, Ali Bagheri Kani, no domingo, 11, e publicado na imprensa oficial chinesa.

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A princípio, a declaração chinesa apenas condena o assassinato do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerã, sem fazer menções a Israel, e diz que apoia o Irã nos “esforços para manter a paz e a estabilidade regional”. “China apoia o Irã na defesa de sua soberania, segurança e dignidade nacional de acordo com a lei, e apoia o lado iraniano em seus esforços para manter a paz e a estabilidade regionais”, diz o texto.

Segundo o comunicado, Wang Yi e Bagheri Kani conversaram sobre a situação geopolítica na região, que piorou desde o assassinato de Haniyeh, atribuído a Israel, embora o país não tenha assumido a autoria de maneira aberta. Desde então, o Irã diz que a ação feriu a soberania nacional, acusa Israel de promover a violência na região e promete uma retaliação contra o país nos próximos dias.

Imagem de 26 de julho mostra o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, durante uma conferência de países do sudeste asiático. Em conversa com homólogo iraniano, Wang disse que China e Irã são 'parceiros estratégicos' Foto: Tang Chhin Sothy/AFP

As ameaças levaram os Estados Unidos, maior aliado de Israel, a deslocar um submarino e um porta-aviões para reforçar a defesa israelense e dissuadir o conflito. Um grupo de países do Ocidente também pressionam o Irã a não prosseguir com a retaliação, mas o país rejeitou o apelo em um comunicado oficial nesta terça, 13.

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A declaração da China cita o Irã como um “parceiro estratégico” no Oriente Médio e diz que o assassinato de Haniyeh no território iraniano violou as normas das relações internacionais. “A China se opõe firmemente e condena fortemente o ato de assassinato (de Ismail Haniyeh) e o considera uma violação grave das normas básicas das relações internacionais, uma grave violação da soberania, segurança e dignidade do Irã e enfraquecimento direto do processo de negociação de cessar-fogo em Gaza, bem como um impacto na paz e estabilidade regionais”, diz o texto.

O Ministério das Relações Exteriores do Irã também emitiu um comunicado sobre a conversa entre os dois chanceleres e afirmou que os dois também conversaram sobre o ataque israelense na Escola Al-Tabin, que matou mais de 90 palestinos na Faixa de Gaza no sábado. A China, no entanto, não fez menção oficial a esse episódio.

Na declaração, o Irã agradece o apoio chinês e o papel exercido por Pequim na crise Israel-Palestina, que considera imparcial. A China tem reiterado o pedido para a comunidade internacional para aumentar a pressão sobre as partes envolvidas para implementar resoluções do Conselho de Segurança da ONU e criar condições para um cessar-fogo permanente na Faixa de Gaza.

Ainda segundo o comunicado oficial iraniano, Bagheri Kani reiterou a Wang Yi a posição oficial do país de retaliar a ação de Israel. “A República Islâmica do Irã tem o direito inerente e legítimo de defender sua integridade territorial e soberania contra a agressão do regime sionista”, diz a declaração.

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Diálogo com outros países

A conversa entre Bagheri Kani e Wang Yi fez parte de uma série de telefonemas diplomáticos do Irã após o assassinato de Haniyeh, que o país atribui a Israel. Bagheri Kani também conversou com os chanceleres da Itália, Holanda e Indonésia nos últimos dias e fez uma declaração para rejeitar o apelo de França, Reino Unido e Alemanha de não prosseguir com uma ação contra Israel.

De acordo com os comunicados oficiais do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Bagheri Kani reiterou a todos os chanceleres que o país teve a segurança e a soberania nacional violadas e por isso tem o direito de retaliar Israel.

Nesta terça-feira, a agência de notícias iraniana Mehr afirmou que o país está realizando exercícios militares no norte em preparação para a retaliação.

À retaliação iraniana se somam as ameaças do grupo militante Hezbollah, sediado no Líbano e aliado do Irã, que teve um de seus comandantes, Fuad Shakur, assassinado em um ataque israelense nos subúrbios de Beirute em julho. O Hezbollah também tem afirmado que vai retaliar a ação e pode coordenar o ataque junto com Teerã.

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Em resposta, Israel comunicou ao Irã e ao Hezbollah que atacar centros populacionais civis seria considerado uma linha vermelha para uma guerra ampla no Oriente Médio. O Irã atacou Israel em abril deste ano com mísseis e drones, mas a ofensiva foi neutralizada pela defesa aérea do país e por nações aliadas.

A gravidade atual da situação fez com que a comunidade internacional aumentasse os pedidos de cessar-fogo entre Israel e o Hamas, que pode diminuir as tensões em toda a região. Os negociadores se encontrarão ainda esta semana em Doha, no Catar.

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