PEQUIM – A China anunciou nesta quarta-feira, 15, que tomará medidas contra entidades dos Estados Unidos relacionadas à queda do suposto balão espião chinês na costa leste americana. As medidas e os alvos não, no entanto, não foram revelados pelo porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin.
O balão foi derrubado após ser identificado pelo governo dos EUA como um objeto de espionagem chinês. A China alega que se tratava de um balão destinado a pesquisas meteorológicas que acidentalmente desviou do percurso e diz que os EUA exagerou em derrubá-lo com um míssil disparado de um caça F-22.
Em uma mensagem dirigida aos EUA, Wang disse para o país “refletir sobre si mesmo”. “Pare de difamar e atacar a China e pare de enganar o povo americano e a comunidade internacional. A China se reserva o direito de tomar outras reações necessárias”, disse.
Desde a queda do balão, no dia 4, os Estados Unidos sancionaram 6 entidades chinesas que dizem estar ligadas aos programas aeroespaciais de Pequim.
A aparição do objeto agravou a relação entre os dois países. O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, cancelou uma viagem à Pequim após a descoberta do balão e a Câmara dos Representantes dos EUA votou por unanimidade para condenar a China por “violação descarada” da soberania dos EUA e por “esforços para a comunidade internacional por meio de falsas alegações sobre suas campanhas de coleta de informações”.
Embora a China negue que o balão era um equipamento militar destinado a espionagem, ainda não disse a qual departamento ou estatal o objeto estava ligado.
Após o balão entrar no espaço aéreo americano, o país liderado por Xi Jinping inicialmente expressou pesar e negou espionagem. Depois, alegou ter identificado balões americanos sobre seu território e ameaçou retaliar.
O país também acusou os EUA de lançarem balões ilegalmente sobre o espaço aéreo chinês mais de 10 vezes desde o início de 2022. “A China se opõe firmemente a isso e tomará contramedidas de acordo com a lei contra as entidades americanas relevantes que minam a soberania e a segurança da China”, disse Wang nesta quarta-feira.
Os Estados Unidos negaram a acusação também nesta quarta. “Qualquer alegação de que o governo dos EUA opera balões de vigilância sobre a China é falsa”, disse Adrienne Watson, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional.
A China não explicou se descobriu os balões americanos enquanto ainda estavam no ar ou depois de analisar dados de radar mais antigos. Também não se sabe se a China notificou anteriormente os EUA sobre a presença dos objetos.
Analistas dizem que a China tenta desviar as críticas por seus balões de vigilância, que foram vistos em outras partes do mundo, incluindo em Taiwan, na América Latina e no Oriente Médio. “A China luta para girar a crise”, disse Ian Chong, professor associado de ciência política da Universidade Nacional de Cingapura.
O embaixador dos EUA no Japão, Rahm Emanuel, deu continuidade às críticas americanas nesta quarta-feira e acusou a China de ter um “comportamento agressivo” que inclui outras ações além dos balões. Ele citou o recente feixe de laser militar em um navio de patrulha da guarda costeira das Filipinas, o assédio de aviões dos EUA por jatos chineses e a abertura de delegacias de polícia ilegais pela China nos EUA, Irlanda e outros países. “O balão para mim não é um incidente isolado”, disse Emanuel. /AP, NYT
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