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China envia tropas para a Rússia em meio a tensão com Estados Unidos

Governo chinês tem se alinhado a Moscou ao longo da guerra na Ucrânia; treinamento, ainda sem data definida, terá também soldados de Índia, Belarus e Tadjiquistão

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Por Redação

PEQUIM - Em meio à tensão crescente com os EUA, a China vai enviar tropas para a Rússia para participar de exercícios militares conjuntos liderados pelo país, e que também incluem Índia, Belarus, Mongólia e Tadjiquistão, disse o Ministério da Defesa da China nesta quarta-feira, 17.

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A participação da China nos exercícios conjuntos “não tem relação com a atual situação internacional e regional”, disse o ministério em comunicado.

O Ministério da Defesa da China disse que sua participação nos exercícios faz parte de um acordo de cooperação anual bilateral em andamento com a Rússia. Os últimos exercícios desse tipo ocorreram em 2018, quando a China participou pela primeira vez.

Os caças J-10 do Exército de Libertação Popular da China fazem manobras militares em treinamento conjunto na Tailândia  Foto: Athit Perawongmetha/Reuters

“O objetivo é aprofundar a cooperação prática e amigável com os exércitos dos países participantes, aumentar o nível de colaboração estratégica entre as partes participantes e fortalecer a capacidade de responder a várias ameaças à segurança”, disse o comunicado.

No mês passado, Moscou anunciou planos para realizar exercícios em “Vostok” de 30 de agosto a 5 de setembro, mesmo enquanto trava uma guerra custosa na Ucrânia. Também disse na época que algumas forças estrangeiras participariam, sem nomeá-las.

Pouco antes da invasão da Ucrânia pela Rússia em 24 de fevereiro, Pequim e Moscou anunciaram uma parceria “sem limites”. O distrito militar oriental da Rússia inclui parte da Sibéria e tem sua sede em Khabarovsk, perto da fronteira chinesa.

Rússia e China vs. EUA

Os exercícios acontecem em meio a fortes tensões de Rússia e China com os Estados Unidos. Desde o início da guerra na Ucrânia, a China tem mostrado cada vez mais apoio à Rússia, que se tornou o grande aliado do país asiático. Ao mesmo tempo, Vladimir Putin passou a depender mais dos chineses após isolamento imposto pelo Ocidente.

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Segundo o analista internacional Ishaan Tharoor, do jornal The Washington Post, “os líderes autocráticos de China e Rússia parecem estar recuando mais ainda para o mesmo corner”.

O presidente russo, Vladimir Putin (à esquerda) e o líder chinês, Xi Jinping, em encontro em Pequim em fevereiro de 2022: promessas de uma uma parceria 'sem limites'  Foto: Alexei Druzhinin / Sputnik, Kremlin Pool Photo via AP

Isso porque a “invasão russa à Ucrânia tornou o presidente russo, Vladimir Putin, persona non grata em toda a Europa e isolou o Kremlin das capitais ocidentais, onde os governos desdobraram uma série de abrangentes sanções contra a Rússia”.

Enquanto isso, a China sob o presidente Xi Jinping dificilmente é um pária global. Mas sua “escalada de exercícios militares em torno da democrática Taiwan, sua expansiva presença naval por todo o Pacífico e suas implacáveis repressões em Hong Kong e Xinjiang estão colocando Pequim em rota de colisão geopolítica com os Estados Unidos e seus aliados.”

Nesta semana, Zhang Hanhui, embaixador chinês em Moscou, atacou os EUA por supostamente atiçar o conflito na Ucrânia. “Enquanto iniciador e principal instigador da crise ucraniana, o governo americano, ao mesmo tempo que impõe sanções amplas e sem precedentes contra a Rússia, continua a fornecer armas e equipamentos militares para a Ucrânia”, disse Zhang à agência russa estatal de notícias Tass. “Seu objetivo final é exaurir e esmagar a Rússia com uma guerra prolongada e o porrete das sanções.”

Anteriormente, Dmitri Peskov, secretário de imprensa de Putin, havia fustigado Washington em razão da controvertida visita a Taiwan da presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Nancy Pelosi. “Não é uma linha destinada ao apoio da liberdade e da democracia”, afirmou Peskov. “Isso é pura provocação. É necessário chamar essas manobras do que elas realmente são.”

Tensões crescentes por Taiwan

O anúncio acontece em meio a um dos momentos mais tensos entre os Estados Unidos e a China nos últimos anos.

As tensões começaram a se acirrar em junho, quando a presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, fez uma visita à Taiwan.

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O governo chinês reivindica a ilha como parte de seu território - já o governo local, historicamente de oposição ao Partido Comunista chinês, que governa o país, quer a independência.

Pequim, considerou a visita como uma provocação dos EUA, que mantêm uma política de ambiguidade em relação à ilha - Washington não reconhece Taiwan como independente, mas mantêm relações com o governo local.

Desde então, aviões e navios militares chineses têm feito exercícios militares constantes ao redor de Taiwan e com inúmeras invasões ao espaço aéreo da ilha. / AP e AFP

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