China quer planificar economia com ajuda de inteligência artificial para virar superpotência

Xi Jinping ainda tem como meta para os próximos anos tornar o país independente da importação de semicondutores do Ocidente e fortalecer seu sistema financeiro

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Por Redação
Atualização:

Sob comando de Xi Jinping, o Congresso Nacional do Povo do Partido Comunista Chinês divulgou as diretrizes para transformar a economia do país com o objetivo de vencer a disputa comercial e econômica com os Estados Unidos e outros países ocidentais. Os movimentos refletem mudanças amplas formuladas pela China para centralizar o controle da burocracia comunista sobre todos os aspectos do governo e desafiar os EUA como única superpotência global.

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A série de mudanças prevê três eixos: o uso de inteligência artificial na análise de dados para planificar a economia, a independência em relação a semicondutores importados do Ocidente e uma reforma no sistema bancário para evitar perdas com empréstimos imobiliários que ameaçaram o sistema financeiro chinês nos últimos anos.

Na terça-feira, 14, a China anunciou a criação de um Escritório Nacional de Dados, para analisar dados de usuários da internet com auxílio de inteligência artificial para desenhar as estratégias econômicas e demográficas do governo Xi Jinping nos próximos anos.

O novo escritório consolidará esforços que anteriormente eram competência de diversas agências. O organismo será supervisionado pela Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, e dará apoio a iniciativas como a construção de uma infraestrutura nacional para transmissão de dados.

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A China considera a análise de dados e metadados na internet a espinha dorsal de sua economia no futuro. Em novembro, o país abriu uma bolsa de dados em Shenzhen, um mercado similar ao de ações, mas em que corretores e investidores comercializam, em vez de ativos financeiros comuns, todo tipo de dados. Da mesma maneira que mercados de ações possibilitam empresas valiosas a encontrar investidores, a nova bolsa de Shenzhen deverá determinar o uso mais produtivo dos dados em toda a economia.

“A abertura do Escritório de Dados é um eco perfeito da promessa do líder de garantir desenvolvimento e segurança em questões relacionadas a dados na China”, afirmou Bruce Pang, economista-chefe para Grande China da Jones Lang LaSalle, uma firma global de consultoria em empreendimentos imobiliários e investimentos.

“O governo está interessado em constatar que dados possui e como extrair o melhor benefício desses dados”, afirmou Tom Nunlist, analista do setor de tecnologia na firma de pesquisa Trivium China, com base em Pequim. “O novo escritório reflete a culminação de uma estratégia nacional de dados para administrar e acionar dados em um nível centralizado”, acrescentou ele.

Xi Jinping discursa no Congresso Nacional do Povo, em Pequim  Foto: Andy Wong / AP

Semicondutores na mira

Para impulsionar o setor de tecnologia, a principal agência de políticas para a ciência da China será reformulada para que a China fabrique seus próprios semicondutores e deixe de depender de importações.

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Na batalha da excelência tecnológica, EUA, Japão e Países Baixos têm imposto limites sobre vendas de equipamentos usados para fabricar esses microchips, que, preocupam-se os países ocidentais, serão usados pelos militares chineses. Na segunda-feira, Xi acusou Washington de implementar uma política de contenção ampla para suprimir a ascensão chinesa.

Além disso, o Ministério de Ciência e Tecnologia está sendo reestruturado para ter mais controle sobre financiamento. A China está concedendo mais poder à pasta. O plano seria dar ao ministério mais controle sobre como os fundos públicos para a ciência são gastos. As autoridades acreditam que uma supervisão maior, de cima para baixo, sobre o processo de inovação envolvendo as pessoas e as pesquisas realizadas produzirá descobertas cruciais em chips computacionais de última geração.

“A atenção sendo dada à burocracia em ciência e tecnologia parece ser um novo foco sobre tecnologia de hardware, como chips, o tipo de coisa que os EUA e seus aliados estão atualmente cortando da China”, afirmou Graham Webster, editor-chefe do Projeto DigiChina, do Centro de Políticas Cibernéticas da Universidade de Stanford.

14ª Cúpula do Congresso Nacional do Povo em Pequim  Foto: Xinhua/Efe

Regulação financeira

Por fim, a saúde do sistema financeiro chinês também está na mira de Xi. O país passa por uma crise no setor imobiliário que se arrasta lentamente e é capaz de reverberar em seus bancos. Dezenas de empreendedores imobiliários deram calote em suas dívidas com investidores do exterior nos últimos meses. Ninguém sabe ao certo quais são os riscos para os bancos chineses, que concederam empréstimos em peso ao setor imobiliário, mas a expectativa é que esse tipo de desfecho siga ocorrendo.

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Em resposta, Pequim está fortalecendo a agência anteriormente conhecida como Comissão Regulatória de Finanças e Seguros. O organismo está sendo rebatizado, como Escritório Estatal de Supervisão Financeira, e agências reguladoras municipais vão ceder sua autoridade a favor dos reguladores federais. O Escritório Estatal de Supervisão Financeira desempenhará um papel muito maior no controle de bancos pequenos, locais, que representam quase metade do setor bancário no país.

Alicia García-Herrero, economista-chefe para Ásia e Pacífico no banco francês de investimentos Natixis, afirmou que a centralização é sinal de preparações para um reordenamento no setor bancário. “Na minha opinião, esse nível de concentração de poder só se explica — e isso é crucial — por uma reestruturação massiva a caminho”, afirmou ela. / NYT

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