Choque causado por boicote ao petróleo russo levará a alta dos preços e recessão global

Casa Branca prepara pacote para amenizar impacto de veto na economia real, mas economistas alertam para efeitos de longo prazo

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Por Redação
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A decisão dos EUA e da União Europeia de boicotar a compra de petróleo e gás da Rússia terá consequências graves e de longo prazo na economia global. A Rússia produz 11% do petróleo do planeta. Especialistas no setor de energia acreditam que enquanto o impacto no preço do petróleo será imediato, possíveis medidas de mitigação já em estudo pela Casa Branca podem levar meses até serem sentidas na economia real. Acompanhe ao vivo a guerra na Ucrânia (conteúdo aberto a não assinantes).

“Haverá uma recessão global”, diz Bob McNally, presidente da Rapidan Energy Group e ex-assessor do ex-presidente George W. Bush. “Não há outra saída quando banirmos o petróleo russo. O aumento dos preços seria arrasador, não vejo saída.”

Os EUA compram 3% de seu petróleo da Rússia. Já na UE, um em cada quatro barris consumidos no bloco vem de Moscou. Os principais clientes da Rússia fora do bloco são a China e os países asiáticos.

A primeira consequência imediata do boicote é o aumento do barril, que nesta semana, chegou perto dos US$ 140. Com isso, o preço da gasolina nas bombas disparou.

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Ciclista passa por pichação contra Putin na Áustria; país é um dos principais importadores do gás russo. Foto: Georg Hochmuth/AFP

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Nos EUA, o combustível saiu de US$ 3,62 o galão para US$ 4,17 em um mês, um aumento de 15%. Um ano atrás, a gasolina custava US$ 2,77 o galão, e as estimativas para as próximas semanas chegam a US$ 5.

O preço da gasolina tem impacto direto em diversos setores da gasolina. O mais importante deles é o preço do frete, principalmente em produtos entregues por caminhões. Em países muito dependentes do transporte rodoviário para sua logística de distribuição de bens, como é o caso do Brasil, esse impacto é ainda maior.

O turismo também sofre um impacto importante. Com as passagens mais caras, as pessoas viajam menos de avião, e até mesmo as viagens de carro ficam mais curtas, em virtude do preço do tanque.

O ex-secretário do Tesouro Larry Summer – próximo dos democratas – argumenta, no entanto, que o risco do conflito seria maior do que o impacto econômico das sanções. " A História vai lembrar mais do que fizemos para conte a Rússia do que da taxa de inflação ou do preço da gasolina”, afirmou.

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Refinaria de petróleo na cidade de Schwedt, na Alemanha; país é o principal importador de energia russa na Europa. Foto: Hannibal Hanschke/Reuters

Negociações

Apesar disso, a Casa Branca trabalha com medidas para mitigar o impacto da provável alta do petróleo que deve se seguir ao veto. Emissários de Biden já entraram em contato com autoridades sauditas e venezuelanas para aumentar a oferta de petróleo.

No caso venezuelano, uma aproximação com o regime chavista e um possível alívio de sanções está em pauta, e foi bem recebido em Caracas pelo presidente Nicolás Maduro, que no sábado se encontrou com diplomatas americanos.

A Casa Branca pretende também tomar algumas medidas domésticas para aliviar a alta nos preços. Elas incluem usar a reserva estratégica de petróleo do país, cortar impostos sobre combustível e ampliar o uso de energia limpa.

Esta última medida, segundo assessores de Biden, tem como objetivo final diminuir a dependência americana de países exportadores de petróleo. / WASHINGTON POST

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