Os reveses da Rússia durante a invasão da Ucrânia podem levar o presidente russo, Vladimir Putin, a usar armas nucleares táticas ou de baixa potência, disse nesta quinta-feira, 14, o diretor da CIA, William Burns.
“Em vista do potencial desespero do presidente Putin e da liderança russa, assim como os reveses que até agora enfrentaram militarmente, nenhum de nós pode levar na brincadeira a ameaça nuclear do uso potencial de armas nucleares táticas ou armas nucleares de baixa potência”, advertiu Burns em um discurso em Atlanta.
O Kremlin disse ter posto as forças de dissuasão nuclear em alerta máximo pouco depois do início da invasão russa, em 24 de fevereiro, mas os Estados Unidos não viram “muita evidência prática” de mobilização que cause maior preocupação, acrescentou Burns ao falar a estudantes da universidade Georgia Tech.
“Obviamente, estamos muito preocupados. E sei que o presidente (Joe) Biden está profundamente preocupado em evitar uma terceira guerra mundial, em evitar o limite no qual um conflito nuclear se torne possível”, afirmou o diretor da CIA.
A Rússia tem muitas armas nucleares táticas, menos potentes do que a bomba que os Estados Unidos lançou em Hiroshima na 2.ª Guerra.
A doutrina militar russa apresenta um princípio chamado “escalar para desescalar”, que implicaria em dar um primeiro golpe com uma arma nuclear de baixa potência para voltar a ter a iniciativa se as coisas saírem muito mal em um conflito convencional com o Ocidente.
Mas, segundo esta hipótese, a “Otan poderia intervir militarmente no terreno na Ucrânia no curso deste conflito e isso não é algo que, como o presidente Biden deixou claro, esteja entre as opções”.
Lembrando que já serviu como embaixador na Rússia, Burns usou duras palavras para falar de Putin, chamando-o de “apóstolo da vingança”, que por muitos anos “tem se mantido em uma combinação inflamável de inconformidade, ambição e insegurança”.
“A cada dia Putin demonstra que as potências em declínio podem ser tão perturbadoras quanto aquelas em ascensão”, disse. AFP
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