Cidade na Califórnia promove festival do salmão, mas não serve salmão na festa

Evento decidiu não servir peixe aos moradores por uma razão ambiental, já que a corrida de peixes neste ano, no rio que banha a cidade, é uma das mais baixas já registradas

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Por Redação
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Há mais de meio século, a Yurok, a maior tribo da Califórnia (EUA), promove na região de Klamath o Festival Anual de Salmão. Como o nome do evento adianta, o peixe é o protagonista da festa, com diferentes preparos, incluindo um tradicional almoço em que o salmão é o ingrediente destaque, e até mesmo com um concurso de salmão defumado. Mas este ano, na 59ª edição da festa, o principal convidado não compareceu.

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“O cheiro de salmão deveria estar no ar”, relatou para a CNN a moradora Gerogianna Gensaw, membro da tribo Yurok, que é casada com um pescador de salmão. “Parece uma festa, mas sua pessoa favorita não está lá.”

A ausência do salmão em seu próprio festival, que aconteceu no último sábado, 19, foi por uma razão ambiental, de acordo com um comunicado da tribo Yurok, que afirmou que a corrida de peixes prevista para o rio Klamath neste ano é uma das mais baixas já registradas.

“Esta decisão reflete nossa sagrada responsabilidade de cuidar dos estoques de peixes do rio Klamath. Além de não pescar para o festival, não vamos colher nenhum salmão este ano para proteger a população de peixes em geral”, disse Joseph James, presidente da tribo Yurok, na nota.

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Festival de Salmão de Klamath é promovido anualmente há mais de cinco décadas. Peixe faz parte da cultura da tribo Yurok, a maior da Califórnia. Foto: Divulgação/Tribo Yurok

As corridas de salmão do tipo chinook estão em declínio no rio Klamath e em toda a costa oeste da Califórnia. A desaceleração vertiginosa do que já foi uma prolífica população de salmão de Klamath está ligada a uma combinação de fatores, de acordo com a tribo, incluindo barragens, perda de habitat, desvios excessivos de água, surtos de doenças, barreiras de passagem de peixes em afluentes, problemas de qualidade da água e danos ambientais causados por extração de madeira e mineração no passado operações.

Desde 2015, a tribo encerrou a pescaria comercial todos os anos, exceto uma vez, para preservar as corridas de peixes. Nesses oito anos, praticamente todas as colheitas não chegaram perto de satisfazer as necessidades da comunidade. “Em muitos anos, as cotas de subsistência eram de menos de um peixe por membro da Tribo”, diz o comunicado divulgado pelos Yurok. Em edições anteriores, o festival já precisou deixar de servir salmão pelo mesmo motivo.

Apesar da desaceleração das corridas de salmão, a tribo alega que há motivos genuínos para otimismo. As equipes de construção estão atualmente desmantelando quatro barragens no rio Klamath, no que será o maior projeto de restauração de salmão da história mundial. Até o final de 2024, o Klamath fluirá livremente pela primeira vez em mais de um século e o salmão terá acesso a aproximadamente 400 milhas de habitat de desova de salmão anteriormente bloqueado. Neste ano, inclusive, o festival teve como tema “Celebrando a Remoção de Barragens e a Cura do Rio Klamath”.

Foto divulgada pela Tribo Yurok mostra o salmão sendo assado no festival de 2022. Peixe integra cardápio de evento e até é protagonista de concursos. Foto: Divulgação/Tribo Yurok

Além da remoção da barragem, o Departamento de Pesca de Yurok e a Yurok Construction Corporation, juntamente com o Programa de Restauração do Rio Trinity e a Tribo do Vale Hoopa, estão atualmente implementando um projeto de restauração em grande escala no rio Trinity, o maior afluente do Klamath.

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