Governo Milei planeja financiar cerca de 200 metros na fronteira da Argentina com a Bolívia

Instalação faz parte do ‘Plano Güemes’, que o governo do presidente lançou em dezembro do ano passado para combater crimes fronteiriços

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Por Redação
Atualização:

BUENOS AIRES - O governo do presidente Javier Milei, na Argentina vai financiar a construção de uma cerca na fronteira com a Bolívia. O projeto prevê que a estrutura de 200 metros de comprimento separe a cidade de Águas Blancas, na província de Salta, no norte do país, com o país vizinho.

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A licitação, aberta nesta semana pela prefeitura local, faz parte de um plano elaborado pelo Ministério do Interior de Milei para diminuir a criminalidade na região e inspira comparações com o muro proposto pelo presidente Donald Trump para separar os EUA do México, ainda em seu primeiro mandato.

“Foi-nos solicitada a construção de uma cerca linear (...) para evitar que as pessoas cheguem à cidade sem passar pela imigração”, disse Adrián Zigarán, prefeito interino da cidade de Aguas Blancas, em uma entrevista à Radio Mitre.

O anúncio foi recebido com protestos pelo governo da Bolívia. No domingo, 26, o Ministério das Relações Exteriores da Bolívia emitiu um comunicado mencionando a sua “preocupação” com o anúncio e apontou que os temas de fronteira devem ser tratados através de mecanismos de diálogo bilaterais, já que “qualquer medida unilateral pode afetar a boa vizinhança e a convivência pacífica entre povos irmãos”.

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Javier Milei durante o Fórum Econômico Mundial: cerca faz parte de plano do governo para conter criminalidade.  Foto: Markus Schreiber/AP

A construção da cerca faz parte do “Plano Güemes”, que o governo do presidente argentino, Javier Milei, lançou em dezembro do ano passado para “combater crimes federais” como o narcotráfico na fronteira de Salta, com foco nas duas cidades fronteiriças mais importantes, Aguas Blancas e Orán, localizadas a cerca de 1.600 quilômetros de Buenos Aires.

Como será a cerca

Com dois metros e meio de altura, a cerca percorrerá o trajeto entre um escritório de migração e uma estação de ônibus, que fica em frente à praia do rio Bermejo, que divide a Argentina da Bolívia e por onde, segundo Zigarán, cruzam pessoas ilegalmente para a cidade de cerca de 3 mil habitantes.

O rio Bermejo está dentro da chamada “rota da droga”, segundo o Ministério da Segurança argentino. O rio é usado por argentinos que compram mercadorias mais baratas na cidade boliviana de Bermejo, vizinha a Aguas Blancas. “Passam ar-condicionados, geladeiras de duas portas, eletrodomésticos”, disse Zigarán.

Segundo ele, algumas pessoas chegam a realizar dez viagens por dia e os produtos acabam sendo acumulados na cidade de Orán. “A verdade é que estão rompendo o tecido comercial de Orán e do norte argentino por este descontrole na importação de mercadorias ilegais”, disse o interventor.

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Repercussão

Após a entrevista à emissora, Zigarán comentou as críticas do governo do presidente boliviano Luis Arce à medida, afirmando que não entendia a reação do país vizinho.

“Dentro do perímetro urbano de Aguas Blancas, nos foi solicitada a construção de uma cerca linear, ou seja, em linha reta, até a imigração da alfândega. É só isso. Não sei por que tanto alvoroço. Para mim, estão mal informados… Que bom que agora se preocupam”, ironizou Zigarán.

Ele disse ainda que o governo boliviano deveria colocar mais funcionários nos postos de fronteira para controlar a entrada e saída de pessoas e evitar gargalos. / AP

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