Os civis palestinos na Faixa de Gaza estão saqueando comboios humanitários por falta de comida, segundo Philippe Lazzarini, chefe do setor de assistência e trabalho da ONU.
“Eles estão desesperados e famintos, eu testemunhei isso em primeira mão”, disse Philippe Lazzarini, em entrevista coletiva em Genebra na quinta-feira, 14, dois dias depois de visitar Rafah, cidade do enclave palestino que é próxima da fronteira com o Egito. “As pessoas estão com fome, desesperadas e aterrorizadas.”
As declarações de Lazzarini se somam a de outros funcionários da ONU e de outras organizações humanitárias de que a situação dos civis na Faixa de Gaza está insustentável, em meio a guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas. De acordo com a ONU, o enclave palestino sobre com escassez de alimentos, água potável e medicamentos.
Deslocamento
Israel tem empurrado os residentes de Gaza cada vez mais para o sul do enclave palestino, por conta das operações das Forças de Defesa de Israel (FDI), que nas últimas semanas passou a atuar de forma mais intensa no sul de Gaza. Segundo dados da ONU, 85% da população de Gaza teve que ser deslocada por conta da guerra.
A população de Rafah, cidade que fica próxima da fronteira com o Egito, teve um grande aumento no número de moradores após o deslocamento dos civis palestinos. De acordo com relatos, a situação na cidade é difícil, com abrigos improvisados e pouca comida.
Saiba mais
Embora Rafah seja uma das poucas cidades de Gaza que recebeu ajuda humanitária, a fome e diversas doenças continuam a se espalhar pelo município, segundo grupos de ajuda humanitária.
Imagens de satélite divulgadas esta semana mostram um grande número de pessoas perto da fronteira em abrigos improvisados. As condições difíceis aumentaram os receios de que a fronteira com o Egito possa ser violada, permitindo a entrada de um grande número de refugiados palestinos no país árabe, desestabilizando potencialmente um aliado dos Estados Unidos.
Lazzarini negou as alegações de Israel de que os caminhões de ajuda da ONU foram roubados por integrantes do grupo terrorista Hamas, que iniciou a guerra com Israel após matar 1.200 pessoas e sequestrar 240 no dia 7 de outubro, no maior ataque terrorista da história de Israel.
Lazzarini também apelou a um aumento drástico na ajuda humanitária para o enclave palestino, utilizando a fronteira israelense com Gaza, em Kerem Shalom. Os israelenses tem limitado e inspecionado os caminhões com ajuda humanitária que entram na Faixa de Gaza por seu território./NYT
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