Colômbia expulsa diplomatas argentinos após insultos de Javier Milei a Gustavo Petro

O presidente da Argentina se referiu ao homólogo colombiano como ‘assassino’ e ‘terrorista’ durante entrevista; Bogotá diz que o libertário ofende a dignidade de um presidente democraticamente eleito

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Por Redação
Atualização:

BOGOTÁ - A Colômbia ordenou, nesta quarta-feira, 27, a expulsão de diplomatas da embaixada da Argentina em Bogotá após uma série de insultos do presidente argentino, Javier Milei, que chamou seu contraparte colombiano, Gustavo Petro, de assassino e terrorista em uma entrevista à rede de televisão CNN en Español.

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“Diante desse contexto, o governo da Colômbia ordena a expulsão de diplomatas da embaixada da Argentina”, afirmou o Ministério das Relações Exteriores colombiano em comunicado, sem especificar quais funcionários serão removidos.

O ministério repudiou uma entrevista ao canal CNN na qual Milei “se expressou de forma degradante contra o presidente dos colombianos”. O canal americano divulgou trechos dessa conversa e citou algumas das declarações de Milei contra Petro: “Não se pode esperar muito de alguém que era um assassino terrorista”, disse o presidente argentino.

O presidente da Argentina, Javier Milei Foto: Juan Mabromata/AFP

Para o Ministério das Relações Exteriores da Colômbia, “as declarações do presidente argentino deterioraram a confiança de nossa nação, além de ofenderem a dignidade do presidente Petro, que foi eleito democraticamente”.

O alcance da expulsão será comunicado à Embaixada argentina pelos canais institucionais diplomáticos, antecipou Bogotá. O governo argentino ainda não se pronunciou sobre o assunto.

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‘Não é a primeira vez’

Petro militou por 12 anos na M-19, uma guerrilha urbana, antes de assinar a paz em 1990 e ingressar na política. Em agosto de 2022, ele chegou ao poder como o primeiro presidente de esquerda da Colômbia. As relações com a Argentina têm sido historicamente estáveis, mas têm se deteriorado desde a chegada ao poder do libertário Milei, em dezembro de 2023.

“Não é a primeira vez que o Sr. Milei ofende o presidente colombiano, afetando as históricas relações de fraternidade” entre os dois países, lembrou a chancelaria colombiana.

O embaixador colombiano na Argentina, Camilo Romero, está em consultas desde o final de janeiro, quando Petro reagiu a outra entrevista na qual Milei o chamou de “comunista assassino que está afundando a Colômbia”.

No ano passado, ainda como candidato, Milei afirmou em uma rádio colombiana que “um socialista é um lixo” e um “excremento humano”. Petro citou essa declaração em sua conta na rede social X no dia seguinte, acrescentando que “isto é o que Hitler dizia”.

Três dias depois, questionado sobre o comentário do presidente colombiano, em outra entrevista de rádio, Milei disse: “Para mim, nada surpreende de um socialista [...] Isso é parte da decadência”.

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O presidente da Colômbia, Gustavo Petro Foto: Fernando Vergar/AP

Durante a última campanha eleitoral argentina, Petro apoiou abertamente o adversário de Milei no segundo turno, Sergio Massa, e quando o libertário foi eleito presidente, em outubro, o presidente colombiano descreveu a vitória como “triste para a América Latina”. Além disso, o chefe do governo colombiano comparou Milei aos ditadores Jorge Videla, da Argentina, e Augusto Pinochet, do Chile, algo pelo qual ele também foi criticado na época.

Em 2023, a Colômbia foi o décimo nono maior parceiro comercial da Argentina, com um comércio total de US$ 1,682 bilhão, e um saldo favorável argentino de US$ 894 milhões por exportações minerais, energéticas, agroindustriais e agrícolas que no ano passado somaram US$ 1,283 bilhão, segundo o instituto de estatísticas Indec.

Segundo informações da CNN desta quarta, Milei também respondeu às críticas do presidente do México, Andrés Manuel López Obrador: “É uma honra que um ignorante como López Obrador fale mal de mim, me enaltece”, disse.

O argentino já havia feito duras críticas a López Obrador em outras ocasiões, assim como ao presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e ao venezuelano, Nicolás Maduro./AFP e EFE

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