O governo colombiano firmou um cessar-fogo de seis meses com os cinco principais grupos armados que operam no país, anunciou o presidente Gustavo Petro no sábado, 31, madrugada do dia 1º no Brasil.
“Acordamos uma trégua bilateral com o ELN, a Segunda Marquetalia, o Estado-Maior Central, o AGC (Autodefesas Gaitanistas da Colômbia) e as Autodefesas de Sierra Nevada de 1º de janeiro a 30 de junho de 2023, prorrogável segundo os avanços nas negociações”, disse o presidente colombiano no seu perfil oficial no Twitter.
A trégua bilateral era o principal objetivo do governo a ser alcançado como parte de sua política de “paz total” que pretende extinguir o conflito armado que persiste na Colômbia, apesar da dissolução da poderosa guerrilha Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em 2017.
A última insurgência reconhecida do país, o Exército de Libertação Nacional (ELN), negocia com o governo desde novembro. Já os grupos Segunda Marquetalia e Estado Mayor Central — que não aderiram ao pacto de paz assinado pelas Farc — mantêm “diálogos exploratórios” com delegados do Petro.
Já as Autodefesas Gaitanistas da Colômbia (AGC), maior quadrilha do país, são formadas por remanescentes dos paramilitares de extrema-direita que se desmobilizaram no início dos anos 2000, assim como as Forças de Autodefesa de Sierra Nevada.
Os grupos somam mais de 10 mil homens armados, que disputam a receita gerada pelo tráfico de drogas e por outros negócios ilícitos no maior produtor de cocaína do mundo, segundo o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento e a Paz (Indepaz).
O governo oferece “tratamento benevolente do ponto de vista judicial para os atores armados em troca de uma entrega de bens, o desmantelamento dessas organizações e a possibilidade de que deixem de exercer essas economias ilegais”, afirmou recentemente o senador Iván Cepeda à agência de notícias AFP.
Apesar da aproximação com os diferentes grupos armados, Petro até agora não conseguiu conter a espiral de violência que assola o país. O centro de estudos independente Indepaz registrou quase uma centena de massacres em 2022./AFP
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.