BOGOTÁ - O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, pediu nesta quarta-feira ao Conselho Nacional Eleitoral da Colômbia uma “investigação rápida” sobre as denúncias de que sua campanha à reeleição em 2014 recebeu US$ 1 milhão da construtora brasileira Odebrecht. Seu gabinete negou qualquer envolvimento no caso.
O procurador-geral, Néstor Humberto Martínez, afirmou nesta quarta-feira que a abertura das investigações foi feita com base apenas no depoimento do ex-senador colombiano Otto Bula. “A Procuradoria não tem nenhuma prova física”, destacou.
O governo emitiu em seguida uma nota. “O procurador-geral afirmou que não há nenhuma prova documental que mostre o envio de dinheiro da Odebrecht para a campanha.” A Procuradoria diz que uma parte dos US$ 4,6 milhões declaradamente pagos pela empresa para Bula, acusado de corrupção, podem ter sido enviados para a campanha.
“É um absurdo que pessoas de reputação duvidosa, com uma simples declaração sem provas, manchem a campanha de 2014”, diz a nota do governo. O CNE afirmou que investigará as duas campanhas.
A acusação agitou a política colombiana no momento em que os partidos se preparam para a eleição de 2018. “A revelação tem um impacto direto na popularidade de Santos”, afirma o cientista político Juan David Cárdenas, professor da Universidade de La Sabana. Para ele, o impacto do caso no cenário político de 2018 ainda é incerto. “Tem um grande efeito no curto prazo. Historicamente, os escândalos políticos na Colômbia não passaram do terreno midiático.”
Alguns opositores, como o ex-presidente Andrés Pastrana, pediram a renúncia do presidente. O governo reagiu imediatamente, dizendo que o uribismo – movimento liderado pelo senador e ex-presidente Álvaro Uribe, opositor de Santos – “usa a estratégia de se defender atacando com mentiras”.
Em comunicado, a presidência cita uma investigação sobre o envolvimento de uribistas com subornos da Odebrecht e o depoimento do publicitário brasileiro Duda Mendonça – que trabalhou na campanha de Óscar Iván Zuluaga, do Centro Democrático, em 2014 –, dizendo que “parte de seus honorários foram pagos pela Odebrecht”. / AFP, COM FERNANDA SIMAS
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