Colômbia suspeita de que protagonista de crise no Equador tenha entrado no país

A crise começou no último domingo, quando a polícia equatoriana entrou na prisão Regional de Guayaquil e não encontrou Adolfo Macías, conhecido como Fito, líder da principal facção criminosa do país chamada Los Choneros, em sua cela

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Por Redação

O governo da Colômbia considera possível que “Fito”, chefe do narcotráfico que escapou da prisão no Equador e que está no centro de uma onda de violência que deixou pelo menos 13 mortos em cinco dias no país sul-americano, tenha entrado em seu território.

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A crise começou no último domingo, quando a polícia equatoriana entrou na prisão Regional de Guayaquil e não encontrou Adolfo Macías, conhecido como Fito, líder da principal facção criminosa do país chamada Los Choneros, em sua cela.

O governo mobilizou tropas e lançou uma ofensiva severa contra grupos de narcotraficantes, que teve uma resposta violenta: motins nas prisões, 175 funcionários reféns em penitenciárias e, nas ruas, explosões, veículos incendiados e tiros.

O presidente do Equador, Daniel Noboa, participa de uma entrevista em Guayaquil, Equador  Foto: Isaac Castillo / AFP

“É possível” que Fito tenha atravessado para a Colômbia, disse o comandante das Forças Militares do país, Helder Giraldo, em entrevista à W Radio na sexta-feira. “Há 20 fugitivos (de prisões equatorianas) aos quais estamos muito atentos”, incluindo Fito, acrescentou o comandante militar.

Para Giraldo, “existe uma alta probabilidade” de que a crise no Equador “deteriore as condições de segurança na fronteira com a Colômbia”, devido ao “status” beligerante concedido aos grupos criminosos pelo presidente equatoriano, Daniel Noboa.

Prisões

Por muitos anos, o Equador foi um país a salvo do narcotráfico, mas se tornou um novo reduto do tráfico de drogas para Estados Unidos e Europa, com facções lutando pelo controle do território e unidas em sua guerra contra o Estado.

Nos últimos cinco anos, a taxa de homicídios por 100.000 habitantes aumentou de 6 para 46 em 2023, e a guerra interna atingiu seu ponto mais crítico, semelhante ao que ocorreu na Colômbia no século passado, com um ingrediente adicional: prisões em chamas.

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Os narcotraficantes usam as prisões como escritórios do crime, de onde gerenciam o tráfico de drogas, ordenam assassinatos, administram os lucros do crime e lutam até a morte com rivais pelo poder.

Um soldado do Exército equatoriano vigia uma prisão em Guayaquil, Equador  Foto: Carlos Durán Araújo / EFE

Em meio à crise atual, Noboa anunciou a “repatriação” de 1.500 presos colombianos, para reduzir a superlotação nas prisões, onde há um excedente de 3.000 pessoas. A medida não foi bem recebida pelo governo esquerdista de Gustavo Petro, que a considera uma “expulsão em massa” e problemática, pois os presos ficariam livres do outro lado da fronteira. A zona fronteiriça foi militarizada na quarta-feira para evitar a passagem de criminosos.

Solidariedade internacional

A onda de violência interna provocou a solidariedade da comunidade internacional. Os Estados Unidos irão enviar a chefe do Comando Sul, general Laura Richardson, e altos funcionários antinarcóticos e diplomáticos ao Equador para aconselhar o presidente Noboa, que está no cargo desde novembro.

“Precisamos de apoio militar, assim como de assistência em Inteligência, artilharia e equipamentos”, disse Noboa.

Brasil, Colômbia, Chile, Venezuela, República Dominicana, Espanha, União Europeia e ONU, entre outros, repudiaram a investida do narcotráfico no país sul-americano. França e Rússia advertiram seus cidadãos a não viajarem para o Equador.

“Sabíamos que isso era uma bomba-relógio, uma panela de pressão prestes a explodir”, disse Ramón Salazar, um trabalhador de 38 anos, em Quito, à AFP.

Após vários dias de confinamento por medo, a atividade nas principais cidades tem sido retomada. A maioria dos comércios reabriu, o transporte público voltou a circular, e apenas algumas empresas mantêm o trabalho remoto./AFP

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