TASHKENT, Usbequistão - A Rússia aumentou o fornecimento de armas e equipamentos militares ao Usbequistão e ao Tajiquistão e realizou manobras militares conjuntas com as forças usbeques nas proximidades da fronteira com o Afeganistão, informou a agência de notícias Interfax em dois comunicados na quinta-feira, 5, e sexta-feira, 6. A região está cada vez mais instável desde que tropas americanas começaram a se retirar do Afeganistão, em um movimento que deve ser encerrado em setembro deste ano.
Nesta sexta-feira, as forças russas e usbeques concluíram a fase ativa de manobras militares, disse a Interfax, com exercícios que envolveram 1500 soldados. Ambos os países temem que uma piora da situação de segurança no Afeganistão possa se espalhar para a Ásia Central.
A Rússia também está realizando exercícios no Tajiquistão, outra ex-república soviética que faz fronteira com o Afeganistão, esta semana. Para o exercício usbeque, Moscou disse na quinta-feira que até mesmo implantaria quatro bombardeiros estratégicos.
O chefe do Estado-Maior militar russo, Valery Gerasimov, participou dos exercícios militares usbeques-russos em Tashkent. Questionado, não forneceu detalhes, como quais armas estavam sendo fornecidas.
A segurança no Afeganistão se deteriorou rapidamente após o início da retirada das forças lideradas pelos EUA da região, o que levou a uma ofensiva do Taleban. O grupo insurgente atualmente controla mais da metade dos 421 distritos e centros distritais do país e tem como objetivo tomar as capitais provinciais.
Tensão na Ásia Central
Líderes de cinco países ex-soviéticos da Ásia Central expressaram nesta sexta-feira preocupação com a instabilidade no Afeganistão e discutiram maneiras de coordenar sua resposta a potenciais ameaças à segurança na região.
Os líderes do Cazaquistão, Quirguistão, Tadjiquistão, Turcomenistão e Usbequistão se reuniram em Turkmenbashi, no Mar Cáspio, para conversar sobre os desafios regionais. "Uma solução rápida para a situação no Afeganistão é um fator chave para preservar e fortalecer a segurança e a estabilidade na Ásia Central", disseram os cinco líderes em um comunicado após as negociações.
"A retirada das tropas americanas e aliadas do Afeganistão exacerbou drasticamente a situação militar e política no país", disse o presidente do Tajiquistão, Emomali Rakhmon, durante a cúpula de sexta-feira. "Lamentavelmente, o Taleban assumiu o controle de toda a extensão da fronteira com nosso país.''
Rakhmon disse que mais de 2 mil soldados do exército afegão fugiram para o Tajiquistão enfrentando a ofensiva do Taleban. E expressou preocupação com a concentração de "grupos terroristas" no Afeganistão ao longo da fronteira com o Tajiquistão, que somam mais de 3 mil militantes dos ex-estados soviéticos e da China.
"Esses são extremistas bem treinados em sabotagem, terrorismo e atividades de propaganda e têm planos de longo alcance em relação à nossa região", disse Rakhmon, observando que o Tadjiquistão tomou medidas para fortalecer a proteção de sua fronteira com o Afeganistão.
O presidente do Usbequistão, Shavkat Mirziyoyev, também enfatizou que a importância de controlar o que acontece no Afeganistão para garantir a estabilidade na Ásia Central. "A segurança e o desenvolvimento estável dependem de um acordo político no Afeganistão", disse Mirizyoyev.
A Rússia, que tem um pacto de segurança com nações da Ásia Central e bases militares no Tadjiquistão e no Quirguistão, prometeu fornecer assistência militar para repelir qualquer ameaça potencial vinda do Afeganistão. /REUTERS e AP
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.