Com apoio da Alemanha, União Europeia se aproxima de acordo para banir petróleo russo

As negociações ganharam força depois que a Alemanha abrandou sua oposição e sinalizou apoio a uma proibição em fases; Hungria e Eslováquia pedem mais tempo

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Por Redação
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BRUXELAS - Com um sinal de apoio da Alemanha, a União Europeia está perto de um acordo para eliminar progressivamente as importações de petróleo russo em resposta à guerra na Ucrânia. Mas as objeções da Hungria e da Eslováquia estão impedindo um acordo de sanções, segundo dois diplomatas e um funcionário do bloco europeu informaram ao The Washington Post.

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As negociações ganharam força na semana passada depois que um grande reduto, a Alemanha, abrandou sua oposição e sinalizou apoio a uma proibição em fases. No fim de semana, autoridades e diplomatas em Bruxelas discutiram a ideia de uma eliminação gradual até o final de 2022, mas a Hungria e a Eslováquia recuaram, segundo os diplomatas e a autoridade.

Para selar o acordo, a UE pode conceder isenções aos dois países, disseram as autoridades, falando sob condição de anonimato para discutir negociações privadas enquanto os detalhes ainda estão sendo definidos.

A Comissão Europeia está preparando a proposta sobre o petróleo como parte de sua sexta rodada de sanções à Rússia por causa da guerra. Espera-se que um rascunho seja distribuído aos Estados membros na terça-feira e debatido pelos embaixadores da UE na quarta-feira, com um acordo formal possível nesta semana.

O chanceler da Alemanha, Olaf Scholz Foto: REUTERS / REUTERS

Alemanha se diz preparada

Reforçando o que já havia sinalizado na semana passada, a Alemanha disse nesta segunda que está preparada para apoiar um embargo imediato ao petróleo russo, uma grande mudança do maior cliente de energia de Moscou.

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As exportações de energia da Rússia - de longe sua maior fonte de renda - até agora foram isentas de sanções internacionais. Kiev diz que essa brecha significa que os países europeus estão financiando o esforço de guerra do Kremlin, enviando a Moscou centenas de milhões de euros todos os dias.

O chanceler alemão, Olaf Scholz, que tem sido mais cauteloso do que outros líderes ocidentais no apoio à Ucrânia, está sob crescente pressão para adotar uma linha mais firme, inclusive dentro da própria coalizão de governo do social-democrata.

“A Alemanha não é contra a proibição do petróleo na Rússia. É claro que é um fardo pesado para suportar, mas estaríamos prontos para fazer isso”, disse o ministro da Economia, Robert Habeck, dos Verdes, a repórteres antes de conversas com seus colegas da UE em Bruxelas.

A Alemanha disse na semana passada que estava trabalhando para reduzir sua dependência encontrando novos fornecedores. Antes da invasão, o país importava 35% de seu petróleo de Moscou. Agora, isso caiu para 12%, de acordo com autoridades alemãs.

Antes o país argumentava que precisava de meses para eliminar gradualmente o petróleo russo para diminuir o impacto econômico em casa.

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Objeções

Porém, a Hungria e a Eslováquia continuam fortemente dependentes do petróleo russo e dizem que precisam de mais tempo e dinheiro para se ajustar, principalmente para atualizar sua infraestrutura petrolífera.

A objeção da Hungria também está levantando sobrancelhas em Bruxelas, por causa dos laços estreitos do primeiro-ministro Viktor Orbán com o presidente russo Vladimir Putin e do impasse contínuo de Budapeste com a UE.

Orbán seguiu uma linha tênue na guerra da Rússia na Ucrânia, criticando a invasão e apoiando a UE em algumas questões, enquanto frustrava os esforços para impor sanções à energia russa e se recusava a enviar ajuda militar à Ucrânia.

Diplomatas estarão atentos para ver quais concessões o governo de Orbán recebe e se ele tenta usar o assunto para pressionar a Comissão Europeia. A UE congelou os fundos de recuperação da pandemia da Hungria devido a violações do Estado de direito e, na semana passada, acionou um mecanismo que pode resultar na retenção de subsídios adicionais pelo bloco.

“Objetivamente, [a Hungria está] em uma posição mais difícil do que os outros. Ao mesmo tempo, eles ainda gostariam de colocar as mãos no dinheiro da recuperação”, disse um dos diplomatas da UE.

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O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán Foto: REUTERS / REUTERS

Discussões sobre o gás russo

As negociações sobre o petróleo aconteceram paralelamente a uma reunião de emergência dos ministros de energia da UE em Bruxelas, convocada depois que a Rússia implantou uma de suas armas econômicas mais poderosas ao cortar o gás natural para a Polônia e a Bulgária.

Afastar a Europa do petróleo russo provavelmente será mais fácil do que reduzir a dependência do gás natural russo. Moscou exigiu que os clientes europeus paguem pelo gás em rublos, o que a UE rejeita.

Os ministros da energia se concentraram nesta segunda em encontrar maneiras de garantir que a Polônia e a Bulgária continuem a ter gás suficiente de outras fontes e se preparar para possíveis paralisações em outros países. Autoridades da UE denunciaram os desligamentos da Gazprom da Rússia como “chantagem”.

“A eficiência energética, o rápido crescimento das energias renováveis e a coordenação das políticas energéticas da UE devem progredir rapidamente”, disse o ministro alemão Robert Habeck.

“Todo o trabalho que estamos fazendo agora é não depender mais do gás russo”, disse Barbara Pompili, ministra francesa de transição ecológica, antes das negociações.

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Um homem caminha em um local de trabalho de um novo oleoduto perto da cidade de Komotini, norte da Grécia. Atravessando uma área fronteiriça remota da Grécia e da Bulgária, um novo oleoduto em fase de conclusão ajudará os países da região dependentes das importações russas Foto: Dimitris Tosidis / AP

A UE não está pronta para um embargo de gás, mas impôs uma proibição ao carvão russo após o massacre na cidade ucraniana de Bucha. E a alta probabilidade de um acordo sobre petróleo ressalta o quanto a guerra na Ucrânia forçou a Europa a repensar sua dependência da energia russa.

Em 2020, o bloco importou cerca de 35% de seu petróleo, 40% de seu gás natural e pouco menos de 20% de seu carvão da Rússia, segundo o escritório de estatísticas da UE.

Países bálticos e alguns países da Europa Central – embora não a Hungria – pediram um embargo total de energia, argumentando que a compra de combustíveis fósseis russos equivale a financiar crimes de guerra. Outros, principalmente a Alemanha e a Áustria, mostraram-se relutantes, preocupados com o impacto econômico das interrupções no fornecimento.

Lentamente, os redutos foram aparecendo. A Áustria apoiará a proposta de eliminação progressiva da comissão, disse a ministra da Energia, Leonore Gewessler, na segunda-feira.

Ao final da reunião desta segunda, a Comissão Europeia reforçou que não pagará pelo gás em rublos e diz se preparar para cortes de abastecimento.

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A comissária europeia de Energia, Kadri Simson, disse que o pagamentos que deveriam ser efetuados em meados de maio se realizarão “em consonância com os contratos”. Segundo ela, aproximadamente 97% dos contratos assinados por empresas europeias para compra de gás russo especificam o euro e o dólar americano como moedas de pagamento.

No final do encontro, a Comissão Europeia comunicou aos países do bloco sua convicção de que pagar as compras de gás russo em rublos representa uma ruptura das sanções adotadas pela UE contra a Rússia.

No entanto, afirmou que, a pedido dos próprios ministros, a Comissão “fornecerá uma guia mais detalhado do que as empresas podem ou não podem fazer no âmbito das sanções”./AFP, REUTERS E W.POST

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