Com Ômicron, países da América Latina batem recordes de casos de covid-19

Explosão de infecções, porém, não resultou em aumento de mortes, mas tem levado a uma escassez de testes nos países

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Por Redação

Depois de provocar recordes diários de novas infecções nos Estados Unidos e na Europa, a variante Ômicron do novo coronavírus está levando à alta de casos nos países da América Latina. Em todo o continente americano, a alta de casos foi de 250% na comparação com o mesmo período de 2021, segundo informou a a Organização Pan-americana da Saúde (Opas).

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Na primeira semana de 2021, as Américas registraram 2,4 milhões de casos notificados, enquanto em 2022 nas mesmas datas houve 6 milhões, o que representa um aumento de 250%, disse Carissa Etienne, diretora da agência regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) durante coletiva de imprensa virtual na última quarta-feira, 12.

Quarenta e dois países e territórios da região detectaram a variante Ômicron, altamente contagiosa, e em alguns deles o contágio é generalizado, "provavelmente através da transmissão em espaços fechados", indicou a diretora da Opas.

Profissionais de saúde atendem a paciente com covid-19 na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Alberto Sabogal Sologuren, em Lima, no Peru Foto: Ernesto Benavides/AFP

No entanto, as mortes por covid-19 não aumentaram com a nova onda, assegurou a Opas. As Américas contam com 60% de sua população vacinada e a organização espera alcançar 70% até 1º de junho.

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Os Estados Unidos ainda registram a maior parte dos novos casos, que também avançam no Canadá. No Caribe, Porto Rico e República Dominicana têm as cifras mais altas de novas infecções e na América Central são especialmente elevadas em Belize e Panamá.

Bolívia, Equador, Peru e Brasil também registraram aumentos significativos de novos casos e na Argentina e no Paraguai, "os contágios de covid-19 subiram quase 300% durante a última semana", segundo dados da Opas.

O Peru registrou um recorde de 24.288 novos casos de covid na terça-feira, 11, no momento em que uma terceira onda da pandemia atinge o país impulsionada pela variante ômicron. O país tem a maior taxa de mortalidade por covid-19 do mundo, com 6.122 mortes por milhão de habitantes, segundo balanço da AFP com base em números oficiais. O número de mortos relatado na terça-feira subiu para 60 em relação aos 30 do dia anterior.

Ainda assim, o governo peruano anunciou nesta quarta-feira que o período de isolamento para pessoas infectadas em Lima e sua região metropolitana será reduzido para 10 dias, dada a prevalência da variante Ômicron.

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O ministro da Saúde, Hernando Cevallos, indicou em entrevista coletiva que decidiu "modificar o tempo de isolamento em pacientes sem complicações e febre para 10 dias, no caso da região metropolitana de Lima e El Callao", jurisdições que compõem a região metropolitana da capital peruana. Essa área concentra praticamente um terço dos 33 milhões de habitantes do Peru.

O governo também ordenou a obrigatoriedade de três doses da vacina contra a covid-19 para maiores de 50 anos, e a obrigatoriedade da apresentação da carteira de vacinação para entrar em espaços públicos fechados.

Em meio à alta, argentinos aproveitam o verão

Durante as férias de verão, a Argentina configura como o país latino-americano com o maior número de novas infecções por covid-19. Mas sem uma maior incidência de mortalidade, as praias se encheram de turistas ansiosos para deixar para trás os maus momentos da quarentena.

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Mar del Plata, um tradicional destino de verão na costa atlântica, vive uma temporada frenética nos dias de hoje, com multidões nas praias, casas noturnas e também na fila para tirar cotonetes.

"As pessoas querem sair depois de dois anos de pandemia. É como uma vingança. As pessoas estão se libertando. A covid está chegando ao seu estágio final, e as pessoas têm que se divertir, têm que viver", disse à AFP um estudante de medicina de 25 anos.

A Argentina teve um dos confinamentos mais longos do mundo em 2020. Em 2021 abriu timidamente escolas, embora não universidades, e reativou alguns setores econômicos. Em novembro passado, abriu suas fronteiras.

Pessoas aproveitam o dia no rio Paraná durante uma onda de calor em meio a um pico de casos da doença por coronavírus, em Rosário, Argentina Foto: Luciano Bisbal/Reuters

Mas a poucos metros da praia, a fila para coleta de testes aumenta. A porcentagem de testes positivos em Mar del Plata cresce a cada dia e ultrapassa os 62%, segundo as autoridades sanitárias, mais do que a média nacional de 50% e bem acima dos 10% recomendados pela Organização Mundial da Saúde.

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Patricia Bogdanowicz, infectologista e pediatra do Hospital de Clínicas de Buenos Aires, alerta para a flexibilização do atendimento, principalmente entre os jovens vacinados.

"O que eles não levam em conta é que o grande número de casos de covid-19 colocou em suspense o aparato produtivo, serviços de saúde completos que não funcionam devido ao número de médicos, paramédicos e enfermeiros isolados", disse à AFP.

Com 45 milhões de habitantes, a Argentina acumula mais de 6,6 milhões de casos de covid-19, dos quais 1,1 milhão foram registrados desde 1º de janeiro, e já ultrapassou 117.600 mortes. Todos os dias batem recordes de infecções. Na quarta-feira havia 131.082 com 75 mortes. A ocupação dos leitos de terapia intensiva gira em torno de 40%.

México quer evitar testes

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O governo mexicano pediu nesta terça-feira que a população evite se submeter a testes de detecção da covid-19 caso apresente sintomas e permaneça em casa a fim de evitar os contágios diante da uma escassez mundial destes dispositivos médicos.

"Ao invés de correr para o posto fazer um teste, o que se deve fazer é ficar em casa para evitar contagiar outras pessoas", disse o vice-secretário de Saúde, Hugo López-Gatell, porta-voz da estratégia governamental contra a pandemia.

Ele acrescentou que se todas as pessoas com tosse ou dor de garganta correrem para fazer um teste, vão se angustiar e reduzir a disponibilidade para aquelas pessoas que, por razões médicas, têm necessidade "imprescindível" de fazer o exame.

López-Gatell disse que há uma escassez mundial de testes de detecção e que tanto o México quanto os Estados Unidos e alguns países europeus têm abordado esta problemática.

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Enquanto isso, veículos da imprensa local reportaram longas filas e o desespero de centenas de pessoas tanto em hospitais públicos quanto em farmácias e postos de saúde da Cidade do México, onde se realizam estes exames.

O México, com 126 milhões de habitantes, segundo números oficiais, registrou nos últimos dias um aumento dos casos de covid-19, com um recorde de mais de 30.000 casos positivos no sábado passado.

Em meio a este repique de casos, o próprio presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, infectou-se pela segunda vez com a covid-19, embora tenha dito que se sente "muito bem" e tenha apenas um mal-estar leve./AFP

 

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