O chefe do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, Elvis Amoroso, disse nesta segunda-feira, 5, que entregou ao Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) as atas das eleições presidenciais. O ditador Nicolás Maduro, que foi declarado como vencedor pelo CNE, pediu ao tribunal supremo para “certificar” o processo após denúncias de fraude da oposição.
“Entrega-se tudo o que foi solicitado pelo máximo Tribunal da República”, disse Amoroso durante a audiência, sem dar mais detalhes. O tribunal supremo, bem como o CNE, é alinhado ao regime de Maduro.
As atas foram solicitadas pelo TSJ após recurso legal apresentado por Maduro na semana passada para pedir que a corte “certifique” a sua reeleição através de um processo que acadêmicos e líderes políticos consideram improcedente.
A oposição garante ter as provas de que houve fraude nas eleições e exige que o CNE publique as atas de votação, um pedido que também foi feito por muito países, que reivindicam um escrutínio mais transparente. Até agora, porém, o regime de Maduro não dá sinais de que os documentos serão tornados públicos.
O CNE não publicou detalhes dos resultados das eleições de 28 de julho. Seu site não funciona desde então e a entidade alega que seu sistema foi hackeado, o que especialistas descartam. A oposição afirma ter provas de fraude, com um site contendo cópias de 84% das atas de votação em seu poder. O chavismo afirma que os documentos são forjados.
Opositores investigados
O Ministério Público da Venezuela abriu uma investigação penal nesta segunda-feira contra os líderes opositores María Corina Machado e Edmundo González Urrutia por suposta “instigação à insurreição”, depois que estes exortaram os militares a se colocarem “do lado do povo”, em meio a denúncias de fraude nas eleições presidenciais de 28 de julho.
O alto comando da Força Armada expressou seu “apoio incondicional” e “lealdade absoluta” ao presidente Nicolás Maduro e rapidamente reconheceu a proclamação do presidente de esquerda para um terceiro mandato de seis anos.
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“Fazemos um chamado à consciência de militares e policiais para que se coloquem do lado do povo e de suas próprias famílias. Com essa violação maciça dos direitos humanos, o alto comando se alinha com Maduro e seus interesses vis”, assinalaram em carta aberta a líder da oposição, María Corina Machado, e seu candidato, o “presidente eleito” Edmundo González Urrutia.
Pouco depois, o Ministério Público anunciou a abertura de uma investigação penal contra Machado e González por “incitação aberta a funcionários policiais e militares à desobediência das leis”. Eles são acusados, entre outros delitos, de “usurpação de funções” e “instigação à insurreição”./AFP
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