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Opinião|Como a corrida presidencial nos EUA ficou tão acirrada - e o que podemos esperar em 2024

Edsall tem uma coluna semanal de Washington e fala de política, demografia e desigualdade

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Por Thomas B. Edsall (The New York Times)

Enquanto Donald Trump recorre à obscenidade, ao menosprezo racial e às insinuações sexuais para conter a ascensão de Kamala Harris nas pesquisas, ele tem diante de si um obstáculo assustador: a intensa hostilidade dos democratas a tudo que é republicano.

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O que isso quer dizer?

Kamala consolidou o apoio de grupos democratas importantes — os jovens, os eleitores negros, as mulheres, os hispânicos — que estavam pouco entusiasmados em relação a Biden.

Esses eleitores compartilham com seus colegas democratas uma profunda animosidade ao Partido Republicano. Eles apresentam uma desconfiança inerente de Trump e é pouquíssimo provável que troquem de candidato para apoiá-lo.

A mesma lógica funciona no sentido contrário.

A candidata presidencial democrata e vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, irá enfrentar o ex-presidente dos Estados Unidos e candidato presidencial republicano, Donald Trump, nas eleições presidenciais no dia 5 de novembro  Foto: Alex Brandon/AP

Desde a saída de Biden da disputa, a posição de Trump nas pesquisas permaneceu consistentemente firme na faixa de 45% a 48% — um bloco de eleitores aparentemente imunes às críticas ao seu líder escolhido.

Assim como a esmagadora maioria dos apoiadores de Harris não vai mudar para Trump, o apoio a Trump está firmemente enraizado, efetivamente criando um teto na capacidade de Kamala de ampliar sua atual liderança modesta.

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O eleitorado americano, como escreveram Lynn Vavreck, cientista política da UCLA, e seus coautores, está “calcificado”. A polarização não apenas nos separa; ela mantém as coalizões unidas.

Na ausência de uma circunstância imprevista, a eleição de 5 de novembro será acirrada, assim como foram as de 2016 e 2020, com o resultado muito provavelmente determinado por sete estados em disputa: Michigan, Pensilvânia, Wisconsin, Geórgia, Nevada, Arizona e Carolina do Norte.

Pequenas mudanças de 1% a 3% nesses estados determinarão se o 47º presidente será Trump ou Kamala.

O ex-presidente dos Estados Unidos e candidato presidencial republicano, Donald Trump, participa de um evento em Nova York, Estados Unidos  Foto: Alex Brandon/AP

Mobilização

Como está previsto um resultado tão apertado — e porque estamos tão polarizados — a eleição de 2024 será uma batalha dos dois lados para levar o eleitor às urnas, para aumentar a participação entre seus apoiadores menos comprometidos, enfatizando a mobilização em vez da persuasão.

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Christopher Federico, um cientista político da Universidade de Minnesota, descreveu em um e-mail os limites do resultado das eleições presidenciais na nossa era:

A questão de saber se Kamala — ou, nesse caso, qualquer candidato presidencial de um grande partido — é prejudicada ou ajudada pela polarização é complexa. Por um lado, a extensão da polarização e da classificação dificulta que candidatos democratas ou republicanos gerem votos cruzados de membros do outro partido. Isso cria uma espécie de teto para cada partido.

Por outro lado, a polarização também cria um “piso” — em um ambiente altamente polarizado e classificado, o partido de fora é uma opção tão inaceitável que até mesmo pessoas não impressionadas com um candidato do partido do governo vão desertar.

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De acordo com a estimativa de Federico, “a maioria dos ganhos de Harris até agora e no tempo restante virá da ativação de eleitores que geralmente são predispostos a votar nos democratas”.

A vice-presidente dos Estados Unidos e candidata presidencial democrata, Kamala Harris, participa do debate presidencial na Filadélfia, Estados Unidos  Foto: Alex Brandon/AP

Há outros que compartilham essa visão.

Elizabeth Simas, cientista política da Texas A&M, observou em um e-mail que, como “há muito poucos eleitores partidários que mudarão de lado, as eleições acabam sendo mais uma questão de ativação do que de persuasão. É uma tentativa de fazer com que aqueles que se dizem favoráveis a um candidato compareçam às urnas”.

A polarização, escreveu Simas,

é tanto positiva quanto negativa para Kamala. Por um lado, isso a ajuda, pois mesmo indivíduos que não estão muito animados com ela enquanto candidata provavelmente a apoiarão se realmente não gostarem de Trump.

Mas, por outro lado, isso significa que provavelmente há republicanos que não gostam de Trump, mas, para o bem ou para o mal, estão se mantendo no partido e vão votar apenas para derrotar os democratas.

Matthew Levendusky, cientista político da Universidade da Pensilvânia, escreveu por e-mail que ele e seus colegas têm rastreado dados de pesquisa coletados pelo Annenberg Public Policy Center da Penn em vários estados-chave:

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Quando Biden desistiu e Kamala o substituiu, nossos dados mostram que Harris manteve os apoiadores de Biden. Mas ela se sai melhor no geral do que Biden porque atrai pessoas que antes votariam em um candidato de um terceiro partido ou disseram que não votariam. O apoio a Trump não muda muito. Basicamente, Kamala trouxe nova energia a pessoas que não se sentiam atraídas por Trump, mas não gostavam de Biden.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, participa da cerimonia de memória do 23° aniversário dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 ao lado da vice-presidente americana Kamala Harris e da chapa republicana composta por Donald Trump e J.D Vance  Foto: Dave Sanders/NYT

Mudança

Uma coisa mudou com a troca de Biden para Kamala:

“Perguntamos aos eleitores se eles estavam apoiando um candidato porque gostavam daquele candidato ou se eram contra seu adversário. Grande parte do apoio de Biden era na verdade anti-Trump. Com Kamala, isso muda”, acrescentou Levendusky. Embora os números estejam atualmente sob avaliação, “mesmo nos dados brutos, está claro que os eleitores estão mais animados com Kamala do que estavam com Biden”.

Mas, Levendusky alertou, “não está tão claro se ela poderá sustentar isso até que as pessoas votem. A resposta dependerá, em parte, se Trump e Vance conseguirão vinculá-la às políticas do governo Biden envolvendo inflação e imigração”.

O que está claro nos dados da pesquisa neste estágio da campanha é que Kamala é totalmente competitiva diante de Trump e muito melhor posicionada do que Biden estava antes de desistir.

Adam Carlson — um analista de pesquisas democrata cujo trabalho citei antes — compilou recentemente dados de tendências demográficas de votação comparando os níveis de apoio a Biden em diferentes pesquisas feitas entre 1º e 20 de julho com os níveis de apoio a Kamala em pesquisas feitas de 22 de julho a 9 de agosto. Em todo o país, Carlson encontrou um ganho líquido de 3,4 pontos para Harris.

A melhora de Kamala em relação às margens de Biden entre eleitorados específicos foi muito maior: eleitores de 18 a 34 anos, ganho de 12,5 pontos; independentes, ganho de 9,2 pontos; mulheres, ganho de 8,2; Hispânicos, ganho de 6,3. Embora os ganhos de Kamala sejam maiores do que suas perdas, ela perdeu terreno em comparação com Biden entre os graduados universitários brancos, queda de 0,5 ponto; homens, queda de 2,2; republicanos, queda de 3,9 e eleitores com mais de 64 anos, queda de 3,9.

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Donald Trump e Kamala Harris participam do debate presidencial na Filafélfia, no dia 13 de setembro de 2024  Foto: Doug Mills/NYT

Várias fontes sustentam a análise atual de Carlson.

A média da RealClearPolitics de várias pesquisas em estados-chave observou Trump com pequenas margens de vantagem em três estados — 0,5% no Arizona, 0,7 ponto na Carolina do Norte e 0,2 ponto na Geórgia; um empate em Nevada; e Harris à frente em três estados, alta de 1,4 ponto em Wisconsin, 1,1 em Michigan e 0,5 ponto na Pensilvânia. Todas essas porcentagens estão dentro da margem de erro.

Para efeito de comparação, em 21 de julho, o dia em que Biden desistiu, Trump liderava nacionalmente por 4,3 pontos e estava à frente em todos os sete estados-chave.

O VoteHub, um site de rastreamento eleitoral, acompanhou as pesquisas presidenciais de 5 de agosto a 3 de setembro e descobriu que Kamala estava deixando a condição de zebra e criando uma vantagem cada vez maior em relação a Trump.

Em 5 de agosto, Trump tinha uma liderança estatisticamente insignificante de 46,4 contra os 46,2 de Kamala. Em 24 de agosto, Kamala havia avançado 2,6 pontos, 48,4 a 45,8, e em 3 de setembro ela liderava por 3,3 pontos, 48,8 a 45,5.

Disputa acirrada

Essas mudanças relativamente pequenas refletem o quanto a disputa é acirrada.

Bill McInturff, da Public Opinion Strategies, uma empresa de pesquisas republicana, respondeu por e-mail à minha pergunta, observando que Kamala se beneficiou de um eleitorado muito dividido porque “para um candidato democrata sem as preocupações que os eleitores tinham em relação à idade de Biden, não era difícil consolidar o voto democrata”.

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McInturff forneceu ao Times uma análise do estado da eleição com base na pesquisa de sua empresa para a NBC. Entre as descobertas de McInturff:

Kamala reduziu a diferença em relação a quem é melhor em lidar com as questões. Quando os eleitores foram questionados em julho quanto a quem “faria nossa economia funcionar melhor”, eles escolheram Trump em vez de Biden por uma diferença de 11 pontos; em agosto, eles escolheram Trump em vez de Kamala por 1 ponto percentual. Da mesma forma, quando perguntados sobre qual candidato era “competente e eficaz” em julho, Trump liderava em relação a Biden por uma vantagem de 10 pontos, mas, em agosto, Kamala teve uma liderança de 4 pontos sobre Trump. A maior mudança foi na questão, qual candidato “tem a energia e a resistência necessárias para servir o mandato”. Em julho, Trump liderava em relação a Biden por 27 pontos; em agosto, Kamala liderava com 11 pontos sobre Trump.

Crucialmente, Kamala reduziu substancialmente a vantagem de Trump nas pesquisas em questões-chave que são pilares da campanha do ex-presidente. Questionados sobre qual candidato era melhor em se tratando de imigração e segurança de fronteira, a vantagem de 35 pontos de Trump sobre Biden em julho caiu para 9 pontos sobre Kamala em agosto; em inflação e custo de vida, a vantagem de Trump caiu de 22 para 3 pontos; em crime e segurança, de 21 para 2 pontos.

A classificação de aprovação líquida da vice-presidente Kamala melhorou consideravelmente e agora supera, com 46% favoráveis/49% desfavoráveis, os 40% favoráveis/55% desfavoráveis de Trump.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, participa de um evento ao lado da vice-presidente americana Kamala Harris, em Arlington, Virginia  Foto: Drew Angerer/AFP

Alan Abramowitz, cientista político da Emory University, escreveu por e-mail que

Os ganhos de Kamala vêm principalmente da base democrata. Pesquisas recentes mostram que ela está ganhando apoio principalmente entre eleitores mais jovens, não brancos e mulheres. Esses são grupos de eleitores dos quais os democratas dependem e que não estavam entusiasmados em votar em Biden.

Citando dados da Gallup Poll, Abramowitz observou que os democratas “estão muito mais entusiasmados em votar em Kamala. No geral, o entusiasmo dos eleitores agora é muito alto, especialmente entre os democratas”.

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Em um ensaio de fevereiro de 2023, “Democratas brancos e não brancos estão se movendo para a esquerda”, Abramowitz relatou que o crescente viés progressista do eleitorado democrata, em combinação com o desaparecimento constante de democratas conservadores, fortaleceu a unidade do partido, pois o eleitorado democrata se tornou muito mais resistente aos apelos republicanos.

Lealdade

De 2012 a 2020, Abramowitz escreve, os democratas se tornaram “tão consistentes em seu viés progressista quanto os eleitores republicanos são em seu conservadorismo”. Essa mudança, observa Abramowitz, resultou em grande parte da mudança de caráter e composição do eleitorado democrata branco:

O aumento da lealdade entre os identificadores democratas brancos se deve em grande parte ao aumento no seu viés progressista, porque as deserções entre democratas brancos têm se concentrado fortemente entre aqueles com orientações ideológicas relativamente conservadoras.

Essa lealdade aumentada também tem sido aparente em outros tipos de eleições, incluindo aquelas para o Senado e a Câmara dos Representantes dos EUA. A crescente congruência ideológica entre os democratas, especialmente entre os democratas brancos, sugere que esses altos níveis de lealdade provavelmente continuarão em 2024 e além.

Embora a porcentagem de eleitores que podem mudar de ideia durante a temporada de campanha tenha diminuído radicalmente — em 1988, Michael Dukakis liderou por 17 pontos após a convenção democrata, apenas para perder para George W. Bush por 8 pontos, uma mudança de 25 pontos — isso não significa que os eleitores que mudam de voto devem ser descontados.

Daniel Hopkins, um cientista político da Universidade da Pensilvânia, me escreveu por e-mail: “Sem dúvida, a fração de eleitores que vão votar de forma consistente em um lado ou outro aumentou desde 1988, mas a fração decrescente de eleitores indecisos ainda tem uma influência desproporcional no resultado da eleição”.

Em parte, essa influência desproporcional resulta do quanto as eleições recentes foram acirradas, ampliando a importância de cada voto. Ao mesmo tempo, Hopkins escreveu:

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Isso ocorre em parte porque, como Seth Hill, Greg Huber e eu demonstramos neste artigo de 2021, “Not By Turnout Alone: Measuring the Sources of Electoral Change, 2012 to 2016″ [Não é só o comparecimento: medição das fontes de mudança eleitoral, 2012 a 2016], um eleitor que oscila entre partidos tem duas vezes mais influência no resultado de uma eleição do que um eleitor que consistentemente fica do lado de um partido, mas vota inconsistentemente.

Hopkins alertou contra dar muito crédito às pesquisas:

As taxas de resposta, mesmo para pesquisas de alta qualidade, podem cair abaixo de 1% e, como meus coautores e eu mostramos em um artigo recente, “Getting the Race Wrong” [Erros na interpretação da disputa], subgrupos importantes, como eleitores negros, parecem ser particularmente difíceis de pesquisar.

Nas duas eleições presidenciais mais recentes, o resultado na Pensilvânia foi decidido por menos de 1,2 ponto porcentual, e mesmo pesquisas de alta qualidade simplesmente não terão a precisão suficiente para nos dizer quem vencerá em estados que provavelmente serão muito acirrados.

Os cientistas políticos e especialistas eleitorais que contatei foram praticamente unânimes em antecipar uma eleição muito acirrada, refletindo uma divisão igualmente próxima no partidarismo.

Larry Sabato, cientista político da Universidade da Virgínia e diretor do Centro de Política da universidade, me enviou por e-mail a análise do centro para a eleição presidencial de 2024:

Nossa projeção para o Colégio Eleitoral é de 226 votos garantidos/prováveis/favoráveis a Harris, 219 votos garantidos/prováveis/favoráveis a Trump, e 93 votos eleitorais em disputa (sete estados: Arizona, Geórgia, Michigan, Nevada, Carolina do Norte, Pensilvânia e Wisconsin).

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Todos os outros votos eleitorais além desses sete estados são classificados como prováveis ou garantidos para um partido ou outro — o único voto eleitoral na categoria favorável (no sentido de favorável a um dos partidos) é o único voto eleitoral no 2º Distrito Congressional de Nebraska.

Uma série de modelos de previsão baseados em pesquisas sugerem que a corrida está basicamente dividida meio a meio, 50/50, ou talvez haja uma pequena vantagem para Kamala.

O ex-presidente dos Estados Unidos e candidato presidencial republicano, Donald Trump, participa de um compromisso de campanha em Nova York, Estados Unidos  Foto: Alex Brandon/AP

Há indícios de que a eleição está, de certa forma, se configurando como uma repetição de 2020.

Robert Stein, um cientista político da Rice University, argumentou em um e-mail que “a entrada de Kamala como a candidata Democrata em grande parte devolveu a eleição de 2024 a algo que se parece muito com a eleição de 2020: uma corrida muito acirrada”.

Há pouca dúvida, escreveu Stein, “que a candidatura de Harris foi significativamente fortalecida pelo aumento do apoio dos eleitores democratas da base”. Ainda assim, Stein argumentou que

Há pouca evidência nas pesquisas de que Kamala tenha ganhado qualquer apoio entre os apoiadores de Trump. Por exemplo, não há mudança na parcela de eleitores apoiando Kamal e a chapa democrata entre eleitores brancos sem ensino superior e eleitores que identificam a economia e a imigração como o problema mais importante. O apoio a Kamala entre os eleitores que se identificam como republicanos permanece pequeno e inalterado.

Stein argumentou que Geórgia e Carolina do Norte voltaram a ser estados disputados “por causa do retorno de muitos eleitores negros que estavam incertos e até desconfortáveis em votar em Biden”.

Uma coisa se destaca: praticamente todas as tendências desde 21 de julho, o dia em que Biden desistiu, foram favoráveis a Kamala.

Para Trump, isso significa que ele deve reverter essa trajetória se quiser ter uma chance de ganhar um segundo mandato.

Como meus colegas do Times Ken Bensinger, Karen Yourish e Michael Gold relataram em 29 de agosto em “Trump continua baixando o nível da vulgaridade e pode alienar os eleitores de quem precisa”, Trump respondeu a esse desafio direcionando uma saraivada aparentemente constante de insultos a uma desafiante que por acaso é negra, sul-asiática e mulher. Em pouco mais de cinco semanas, em discursos, postagens em mídias sociais e entrevistas, Trump chamou Kamala de “maluca”; uma “comunista”; “burra como uma pedra”; “verdadeiro lixo”; “vagabunda”; e, empregando uma expressão que ele aplica quase exclusivamente a mulheres, “mandona”.

No início de agosto, ele republicou uma imagem retratando Kamala como um besouro de esterco com o rosto coberto pelo que parece ser blackface enquanto está montada em um coco. E ele fez ou ampliou referências carregadas de insinuações ao antigo relacionamento de sua oponente com o ex-prefeito de São Francisco, Willie Brown, sugerindo que ela trocou favores sexuais para acelerar sua carreira política.

Americanos acompanham o debate entre Kamala Harris e Donald Trump em um bar em Miami, Flórida  Foto: Rebecca Blackwell/AP

Para Trump, há muito mais em jogo na eleição de novembro do que ganhar um segundo mandato na Casa Branca. Se ele perder, enfrentará a perspectiva de ir a julgamento pelas múltiplas acusações criminais que foram movidas contra ele (e já foi sentenciado no caso movido pelo promotor de Manhattan, Alvin Bragg).

No ano passado, o Politico calculou que, se Trump fosse condenado e recebesse a pena máxima em cada acusação, “ele enfrentaria incríveis 641 anos de prisão”.

É inconcebível que algum juiz sentenciasse Trump à pena máxima em todas as acusações. Mas o escopo das acusações contra Trump claramente levanta a possibilidade de que, se considerado culpado, o ex-presidente, que tem 78 anos, poderia passar o resto de sua vida — ou pelo menos uma boa parte do que resta dela — atrás das grades.

Em outras palavras, Trump tem um grande incentivo para fazer o que for preciso para derrotar Kamala, o que torna praticamente certo que seus ataques recentes sejam brandos, comparados às medidas desesperadas que ele provavelmente adotará enquanto luta para ficar fora da prisão. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

Opinião por Thomas B. Edsall
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