O Irã exaltou a saraivada de mísseis que lançou contra Israel como uma demonstração da própria força e da suposta fragilidade na defesa aérea adversária. Mas o estrago do ataque parece ter sido limitado, com a maior parte dos projéteis interceptada pelo poderoso sistema antiaéreo israelense, capaz de responder a diferentes níveis de ameaça.
Teerã disparou 200 mísseis balísticos em direção ao território israelense como retaliação pelos assassinatos de líderes do Hamas e do Hezbollah, aumentando os temores de uma guerra total no Oriente Médio. Os alvos seriam algumas das principais instalações militares de Israel, incluindo a sede do serviço de inteligência, o Mossad, e a base aérea de Nevatim, que abriga os caças americanos F-35.
A Guarda Revolucionária Iraniana alegou que 90% dos mísseis acertaram o alvo com sucesso e agências de notícias ligadas ao regime relataram bases militares atingidas. A operação, disse o presidente Masoud Pezeshkian, “provou mais uma vez que o tão falado domo de ferro é mais frágil que vidro”.
A defesa israelense, por outro lado, reconheceu que bases áreas foram atingidas, mas minimizou os estragos e classificou os ataques como “ineficazes”, destacando que não acertaram equipamentos ou infraestrutura crítica nem impediram a continuidade das operações.
Este segundo ataque direto do Irã contra Israel é considerado mais agressivo que o primeiro, em abril. Naquele momento, as forças iranianas combinaram os mísseis balísticos com armas mais lentas, como os mísseis de cruzeiro e drones, em ataque alardeado com antecedência. Isso permitiu que Israel e seus aliados tivessem tempo para se preparar e interceptar praticamente todos os projéteis.
Desta vez, alguns conseguiram passar pela de defesa aérea israelense. Em Gedara (centro), um míssil caiu perto de uma escola. Nas regiões central e sul do país, imagens nas redes sociais mostraram crateras causadas pelo impacto do ataque iraniano.
Ainda assim, Israel conseguiu conter a ofensiva, considerada mais um teste para o seu poderoso sistema antiaéreo e afirma ter interceptado a maior parte dos cerca de 200 mísseis lançados pelo Irã.
Israel, um dos países mais bem armados do Oriente Médio, é reconhecido também pela sua sofisticada rede de defesa aérea composta por três tipos de sistemas, capazes de identificar e abater ataques em diferentes níveis.
No caso dos projéteis de longo alcance, como os mísseis balísticos iranianos, entra em ação o The Arrow (ou “A Flecha”). O Arrow 3, desenvolvido em parceria com os Estados Unidos, opera fora da atmosfera, com alcance estimado em até 2.400 km e consegue derrubar os mísseis balísticos e de longa distância enquanto fazem o seu arco no espaço.
Nesta guerra, que Israel luta em quatro frentes, o Arrow tem sido usado também para interceptar mísseis disparados a partir do Iêmen pelos rebeldes Houthis, aliados do Hamas e do Hezbollah.
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Para a faixa de média distância, o país conta com o David’s Sling. O sistema foi desenvolvido, também em parceria com os EUA, para interceptar mísseis balísticos que voam em baixa altitude e tem alcance de até 300 km. Ao longo desta guerra, por exemplo, foi usado para interceptar, no mês passado, um ataque lançado pelo Hezbollah a partir do Líbano.
Para o curto alcance, Israel tem o Domo de Ferro. O sistema, com alcance de até 70 km, é o mais conhecido de Israel — e mais colocado à prova por milhares de foguetes do Hamas, entre outros grupos rebeldes palestinos, e do Hezbollah.
O Domo de Ferro detecta os mísseis, foguetes e morteiros lançados contra o território israelense e identifica aqueles que colocam em risco áreas povoadas ou infraestruturas críticas. Os que representam ameaça são destruídos pela bateria antiaérea, com taxa de sucesso de 90%, segundo autoridades israelenses.
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