Como a família Bolsonaro se aproximou de Steve Bannon

Desde que Jair Bolsonaro se consolidou como candidato à Presidência, o ideólogo de uma onda nacionalista conservadora apoia e aconselha a família

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Por Redação

As relações entre a família do presidente Jair Bolsonaro, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e o ex-estrategista de Donald Trump e agitador de uma onda nacionalista de direita, Steve Bannoncontinuam firmes.

Fora da agenda oficial, o chanceler brasileiro se encontrou com Bannon na noite de quinta-feira, 13, para conversar sobre o discurso do presidente Jair Bolsonaro no próximo dia 24, em Nova York, na abertura da Assembleia-Geral da ONU.

O presidente Jair Bolsonaro cumprimenta o financista Gerald Brant, ao lado Steve Bannon Foto: Foto: Alan Santos/PR

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Desde que Bolsonaro se consolidou como candidato favorito à Presidência, Steve Bannon apoia e aconselha os Bolsonaros, e sempre que um deles viaja aos EUA, faz uma visita ou uma consulta a Bannon. 

Ao assumir a Presidência, Bolsonaro buscou reorientar sua política externa e aproximar o Brasil dos EUA de Donald Trump.

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A aproximação sempre foi vista com entusiasmo pelos dois lados, e Bolsonaro chegou a ser chamado de "Trump Tropical" pela imprensa internacional em razão de uma política externa semelhante à americana.

Steve Bannon e Jair Bolsonaro

Em entrevista ao Estado em fevereiro, Steve Bannon avaliou que o futuro da política é o populismo, e Jair Bolsonaro é a chance de se espalhar o movimento de direita pela América do Sul.

Essa impressão levou a aproximação de Bannon com os Bolsonaro e com Ernesto Araújo. A proximidade entre os dois vem desde antes da eleição de Bolsonaro. Gerald Brant, integrante do mercado financeiro de Nova York e responsável por apresentar Bannon à família Bolsonaro

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Jantar oferecido ao presidente Jair Bolsonaro nos EUA, com Eduardo Bolsonaro,Olavo de Carvalho e Steve Bannon Foto: Foto: Alan Santos/PR

Filho de mãe americana e pai brasileiro, Brant – de uma tradicional família mineira – levou o clã Bolsonaro para um tour entre representantes do movimento nacionalista de direita no país em 2017. Desde então a relação se estreitou.

Em março deste ano, no dia de sua chegada a Washington, o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, participou de um jantar organizado na residência do embaixador do Brasil nos EUA, Sérgio Amaral, para o que o governo chamou de “formadores de opinião”. 

A lista de convidados incluia integrantes do movimento conservador americano como Steve Bannon, o filósofo Olavo de Carvalho, um ex-diplomata do governo George W. Bush, Roger Noriega, e Gerald Brant, integrante do mercado financeiro de Nova York e responsável por apresentar Bannon à família Bolsonaro. 

A lista de convidados foi elaborada pelo chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, e pelo diplomata Nestor Forster, responsável por apresentar Araújo a Olavo de Carvalho. 

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Olavo de Carvalho e Steve Bannon

Em janeiro, Steve Bannon se encontrou com o filósofo Olavo de Carvalho na casa do brasileiro, que mora no Estado da Virgínia, nos Estados Unidos. O encontro durou cerca de três horas.

O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, usa boné de apoio ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em viagem a Washington Foto: Beatriz Bulla/Estadão

Os dois também se encontraram dias depois em um jantar oferecido pelo ex-estrategista de Donald Trump

pensamento de Olavo de Carvalho, que rejeita o rótulo de “guru” ou “ideólogo” do presidente Jair Bolsonaro, permeia ideias do novo governo.

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Eduardo Bolsonaro e Steve Bannon

Em novembro do ano passado, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL) foi um dos convidados a prestigiar a festa de aniversário de Steve Bannon. O jantar, para amigos de Bannon, aconteceu na casa do ex-assessor de Trump, próxima à Suprema Corte dos Estados Unidos, em Washington.

No Twitter e no Instagram, Eduardo Bolsonaro postou uma foto com Bannon, desejando parabéns ao “ícone no combate ao marxismo cultural”. 

Mais de uma vez Steve Bannon comemorou a ideia do presidente Jair Bolsonaro de indicar Eduardo Bolsonaro ao posto de embaixador do Brasil nos Estados Unidos.

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“Eduardo pega o Trump e o movimento Trump”, disse Bannon ao Estado, em julho, avaliando como um movimento “muito inteligente” de Bolsonaro a possibilidade de enviar o filho a Washington. “Ele vai chegar ao posto já sabendo os atores, as questões e as oportunidades”, disse Bannon. 

Olavo de Carvalho (E), Eduardo Bolsonaro eSteve Bannon, em Washington Foto: Beatriz Bulla/ ESTADAO

Ernesto Araújo e Steve Bannon

No último episódio desses estreitamento de relações, Bannon foi convidado para um jantar na noite de quinta-feira, 12, com o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e o atual encarregado de Negócios da Embaixada do Brasil em Washington, o diplomata Nestor Forster.

A reunião não constou na previsão de agenda de Araújo disponibilizada previamente pelo Itamaraty. Questionada pela reportagem do Estado, a assessoria do ministro informou que Araújo tivera um “jantar privado”.

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O ministro Ernesto Araújo e o deputado federal Eduardo Bolsonaro na Casa Branca, em Washington. Foto: Evan Vucci/AP

Uma das pautas da conversa dos diplomatas brasileiros com o americano foi o discurso do presidente Jair Bolsonaro no próximo dia 24, em Nova York, na abertura da Assembleia-Geral da ONU.

A estreia de Bolsonaro na reunião dos 193 países-membros que integram a organização acontecerá em meio aos questionamentos internacionais sobre a política ambiental brasileira e da repercussão no exterior do aumento das queimadas na Amazônia neste ano.

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