JERUSALÉM - Em meio à violência provocada pelos recentes confrontos em Jerusalém, que se espalharam para a Faixa de Gaza, um som conhecido retornou ao sul de Israel: o barulho das sirenes que anunciam os disparos dos foguetes vindos do território palestino e a subsequente explosão dos projéteis.
Isso é possível graças ao sistema antimísseis Domo de Ferro, desenvolvido por Israel em parceria com os Estados Unidos para proteger os civis de cidades no entorno de Gaza de ataques do Hamas.
Na crise atual, no entanto, apesar da maioria dos foguetes ter sido abatida, o movimento palestino tem causado mais danos. Já são sete israelenses mortos e alguns dos projéteis chegou a Tel-Aviv, a maior cidade de Israel, mais ao norte. Entenda o que é o Domo de Ferro e como ele funciona.
O que é o Domo de Ferro?
É um sistema antiaéreo criado pelas empresas israelenses Rafael Advanced Defense Systems e Israel Aerospace Industries, com apoio técnico e financeiro dos Estados Unidos. Foi criado em 2011 para derrubar foguetes e mísseis de curto alcance disparados de Gaza. Tem dois sistemas separados, conhecidos como a Flecha e a Funda de David, desenhados para ataques de médio e longo alcance.
O Iron Dome conta com um sistema de radar capaz de prever se o foguete tem uma trajetória com risco de atingir uma área povoado ou alvos de infraestrutura. Os interceptadores são disparados de unidades móveis ou estáticas e são desenhados para explodir os foguetes no ar.
O sistema é bem sucedido?
O índice de eficácia do Domo de Ferro, segundo o governo israelense é de 90%. Especialistas em defesa, no entanto, contestam esse número e argumentam que os grupos palestinos aprenderam a “driblar” o sistema antimíssil. “Nenhum sistema de defesa é totalmente confiável, ainda mais diante de um inimigo com facilidade de adaptação”, explica Michaek Armstrong, da Brock University.
Quais os benefícios do escudo?
Defensores do programa dizem que ele já evitou em diversas oportunidades que Israel enviasse tropas para Gaza, como aconteceu em conflitos em 2008 e 2009. Além disso, o sistema é relativamente barato, já que é usado de maneira “inteligente” – quando os alvos atingem áreas populosas ou alvos militares.
O que são os foguetes de Gaza e que risco apresentam?
Apesar do relativo sucesso do Domo de Ferro, os foguetes lançados de Gaza ainda conseguem fazer estrago em áreas populosas. Especialistas que estudam o arsenal do Hamas dizem que grupos militantes palestinos têm dezenas de milhares de foguetes, muitas vezes feitos de maneira artesanal, com explosivos e pedaços de ferro.
Há alguns anos, os grupos eram auxiliados pelo Irã e outros países com material contrabandeado pelo Egito. Hoje em dia, no entanto, os palestinos aprenderam a improvisar com o que têm a mão e melhorar o alcance dos foguetes. “Eles precisam de muito pouca coisa”, explic Yakoov Amidror, general aposentado israelense. “Eles têm tudo que precisam em Gaza mesmo.”
O Hamas começou a fabricar esses foguetes em 2001. 20 anos depois, os Qassam, como são chamados, estão na terceira versão e alguns deles podem chegar mais longe, como em Tel-Aviv, a 60 km de Gaza.
Qual o custo do Domo de Ferro?
O financiamento inicial do projeto foi bancado por Israel. O governo americano autorizou duas rodadas de verbas para aprimorar o Domo de Ferro, em 2010 e em 2013, que juntas, somam quase US$ 900 milhões. Cada bateria antiaérea custa US$ 50 milhões. Os projéteis que destroem os foguetes são avaliados em US$ 80 mil.
Quais as principais críticas ao projeto?
Alguns críticos do Domo de Ferro em Israel dizem que ele pode prolongar o conflito com os palestinos. “Ao longo do tempo, ele pode ter mais danos que benefícios”, diz o cientista político Yoav Fromer. “O escudo não resolve os motivos que levam os foguetes a serem disparados de Gaza.” Outra crítica frequente diz que o governo depende mais do sistema que de outros meios de defesa, como abrigos antiaéreos. / WASHINGTON POST
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