Os americanos decidirão nesta terça-feira, 5, se Donald Trump retornará à Casa Branca, elegendo um ex-presidente para um segundo mandato pela segunda vez na história dos Estados Unidos, ou se Kamala Harris ocupará o Salão Oval, tornando-se a primeira mulher — e primeira mulher negra e asiático-americana — a se tornar presidente americana.
Os candidatos disputam 538 votos eleitorais para ganhar dos 50 Estados e do Distrito de Columbia, encerrando uma campanha acirrada, que incluiu até substituição de candidato. Imigração, política externa, acesso ao aborto e economia foram os temas principais. Veja abaixo perguntas e respostas sobre as eleições americanas.
Quem pode votar?
Nos Estados Unidos, diferentemente do Brasil, o voto não é obrigatório. Cidadãos americanos com mais de 18 anos estão elegíveis a participar do processo eleitoral. Todos os estados, exceto Dakota do Norte, exigem que as pessoas se registrem antes de poderem votar.
Quais cargos estão em jogo nessa eleição?
Além de presidente e vice-presidente, essas eleições definem os membros do Congresso americano, que é composto pela Câmara dos Representantes, onde todas as 435 cadeiras estão em disputa, e pelo Senado, onde 34 cadeiras estão sendo disputadas.
Como funciona a votação?
Muitos Estados permitem que os eleitores votem pessoalmente antes do dia da eleição. Na eleição deste ano, a votação antecipada já começou há meses em vários locais. Essa votação pode ser feita pelo correio, no cartório eleitoral local ou em um local de votação semelhante à votação no dia da eleição.
Quanto ao voto, ele é indireto. Embora os eleitores marquem na cédula de votação o candidato presidencial de sua escolha, eles estão, na verdade, escolhendo 538 delegados que compõem o colégio eleitoral. O colégio eleitoral, portanto, e não o voto popular, elege o presidente, mas os dois votos estão intimamente ligados.
Uma vez concluída a votação, as cédulas são contadas em cada Estado. É aqui que o colégio eleitoral entra em cena.
O que é o colégio eleitoral?
O colégio eleitoral são os cidadãos designados pelos Estados para votar no presidente e vice-presidente em nome dos cidadãos de seus Estados. O processo de seleção de delegados varia de Estado para Estado, mas geralmente os partidos políticos os nomeiam em convenções estaduais do partido ou por uma votação do comitê central do partido.
Assim, se um candidato presidencial republicano ganhar o voto popular em seu Estado, os delegados que o Partido Republicano escolheu votarão naquele candidato, e vice-versa para os democratas.
Existem 538 votos de delegados no total. Cada Estado tem um número diferente, uma vez que esse número é definido por meio da representação do Estado no Congresso. O candidato vencedor precisa de pelo menos 270 dos votos.
Em quase todos os Estados, o candidato que ganha mais votos da população garante todos os votos dos delegados do Estado, em um esquema de “o vencedor leva tudo”. Assim, o candidato que obtiver a maioria dos votos populares na Califórnia, por exemplo, fica com todos os delegados atribuídos a esse território. A exceção é para Maine e Nebraska, que alocam os votos eleitorais por distrito congressional.
Após a eleição popular, os colegiados se reúnem na capital de cada Estado, em dezembro, e anunciam sua escolha.
Nem todos os Estados têm uma política rígida de que os delegados devem seguir o voto popular, embora a maioria exija isso.
O fato de a eleição ser definida pelo voto do colégio eleitoral dá brecha para que um presidente seja eleito nos EUA sem ter a maioria do voto popular. Isso porque, no esquema de “o vencedor leva tudo”, ele pode conquistar todos os votos em Estados com maior número de delegados mesmo que vença por uma margem pequena. Isso aconteceu, por exemplo, nas eleições de 2016. Apesar da democrata Hillary Clinton vencer no voto popular, Trump se tornou presidente após conquistar 306 votos no colégio eleitoral.
Como os votos são apurados?
Há dois tipos principais de cédulas contadas durante uma eleição: cédulas presenciais depositadas nas seções eleitorais no dia da eleição e cédulas enviadas pelo correio, que os eleitores enviam pelo correio ou em mãos antes do dia da eleição.
No final da votação no dia da eleição, todas as cédulas são enviadas às autoridades estaduais para contagem oficial. Cada Estado tem diferentes procedimentos para processar cédulas presenciais, ausentes e enviadas pelo correio. Depois que todos os votos são contados e certificados, o resultado geral do Estado determina qual candidato recebe seus votos de delegados. Os resultados são então enviados ao Congresso, concluindo o processo eleitoral.
Quais são os Estados considerados decisivos este ano?
Arizona, Nevada, Carolina do Norte, Geórgia, Michigan e Wisconsin e Pensilvânia são os protagonistas deste ciclo eleitoral. Esses são os “swing-states”, ou Estados-pêndulo, definidos assim por ora eleger democratas, ora eleger republicanos. Eles são decisivos para alcançar os 270 votos necessários no colégio eleitoral.
No restante dos Estados, há uma tradição no voto. Alabama, por exemplo, vota nos republicanos, Califórnia, nos democratas. Há ainda Estados que antes eram Estados-pêndulo, e hoje têm o voto definido. É o caso da Flórida, que se tornou um Estado republicano, e Colorado, que vota nos democratas.
Quando os resultados são conhecidos?
Os oficiais eleitorais contam o máximo de cédulas possível na noite da eleição, mas os resultados da noite da eleição não são oficiais e nunca são definitivos.
Os votos de delegados ocorrem em dezembro e são enviados ao colégio eleitoral. Esses votos são contados de forma oficial em uma sessão conjunta do Congresso no dia 6 de janeiro. Quem certificará o resultado é a própria Kamala Harris, que ocupa, como vice-presidente, também o cargo de presidente do Senado. Será ela que certificará mesmo que seja a vitoriosa.
Quando o novo presidente toma posse?
O presidente eleito dos Estados Unidos costuma tomar posse no dia 20 de janeiro. /Com AP e NYT.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.