Como o bitcoin transformou um taxista em empresário em El Salvador

País foi o primeiro do mundo a adotar o bitcoin como moeda legal, por decisão do presidente Nayib Bukele, mas nem todos estão satisfeitos

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Por Redação
Atualização:

SAN SALVADOR, EL SALVADOR – Napoleón Osorio está muito contente por ser o primeiro taxista a aceitar pagamentos com bitcoin em El Salvador, pois isso mudou sua vida.

Mas nem todos têm resultados tão satisfatórios no país, o primeiro do mundo a adotar o bitcoin como moeda legal ao lado do dólar há três anos, por decisão do presidente Nayib Bukele.

Estudo do Instituto Universitário de Opinião Pública revelou que 88% dos salvadorenhos não utilizam a criptomoeda. Foto: Getty Images

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Com o bitcoin “minha vida mudou praticamente, porque era desempregado [...] e agora tenho meu negócio”, de aluguel de carros, comemora sorridente Osorio à AFP.

Ele contou que, em 2021, o americano John Dennehy, fundador da ONG Mi Primer Bitcoin e que reside em El Salvador, o incentivou a trabalhar com a criptomoeda e agora é um pequeno empresário.

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O homem, de 39 anos, supervisiona 21 colegas que trabalham sob sua marca Bit-driver e, com os lucros pela alta do bitcoin, conseguiu comprar quatro veículos - que agora aluga.

Osorio, que é divorciado, diz que sua renda lhe permitiu pagar sem sobressaltos os estudos de seus dois filhos, de 13 e 19 anos.

‘Carteira fria’

Bukele colocou o bitcoin em circulação no dia 7 de setembro de 2021, dizendo que buscava bancarizar 70% da população que estava à margem do sistema financeiro e começou a comprar criptomoedas para o Estado.

Em março passado, o presidente assegurou que El Salvador armazenava US$ 406,6 milhões com 5.689 bitcoins guardados “em uma carteira fria em um cofre físico” no país. A preços atuais, o país possui 5.865 bitcoins equivalentes a US$ 320,3 milhões, segundo o site oficial do governo.

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Para motivar o uso do bitcoin, Bukele criou a carteira Chivo Wallet e concedeu US$ 30 a cada usuário como forma de boas-vindas. Seus críticos pedem que ele informe o valor investido.

No entanto, ter o bitcoin como moeda de curso legal impediu que El Salvador conseguisse fechar até agora um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para obter um crédito de US$ 1,3 bilhão.

As divergências começaram a se dissipar em agosto, quando o FMI anunciou um acordo preliminar com El Salvador, mas esclareceu que persistiam “riscos potenciais” que deveriam ser mitigados.

Além disso, o Fundo pediu a Bukele um ajuste fiscal “com o objetivo de colocar a dívida pública em um caminho sustentável”, que no final de 2023 era de 82% do PIB.

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Uma quarta parte do PIB salvadorenho é fornecida pelas remessas familiares, vindas principalmente dos Estados Unidos. No entanto, apenas 1% dos envios (US$ 8,181 bilhões em 2023) foram feitos com criptomoedas.

‘Demos como opção’

Apesar das contas alegres do taxista Osorio e dos avanços com o FMI, a maioria dos salvadorenhos continua sem utilizar a criptomoeda.

Em uma recente entrevista à revista americana Time, Bukele reconheceu que o “bitcoin não teve a adoção” que esperava. “O bom é que é voluntário (...), demos como uma opção e aqueles que quiseram usar, usaram, e foi benéfico para eles com a alta do bitcoin”, afirmou o mandatário.

A criptomoeda estava cotada esta semana a cerca de US$ 52 mil dólares. Alcançou seu pico no dia 13 de março de 2024 quando esteve a US$ 73,6 mil após tocar o fundo no dia 22 de novembro de 2022 a US$ 16,189.

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‘Não é um fracasso’

O último estudo do Instituto Universitário de Opinião Pública revelou que 88% dos salvadorenhos não utilizam a criptomoeda.

“Desde o início, em nossas pesquisas de 2021 ficou claro que foi uma medida claramente não debatida, uma medida que a população rejeitou”, diz à AFP a diretora do Instituto, Laura Andrade.

Mas o economista independente César Villalona considera que a adoção da criptomoeda “não é um fracasso”, embora afirme que o próprio mandatário retirou as “funções” do dinheiro.

“Bukele [...] disse: não haverá salário em bitcoin, não haverá pensões em bitcoin, não haverá poupança em bitcoin e não haverá preço em bitcoin, ou seja, retirou as três funções do dinheiro”, afirma Villalona à AFP.

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‘Medo do novo’

O baixo uso do bitcoin no país se deve à falta de educação no uso das criptomoedas, segundo Luis Contreras, instrutor da ONG Mi Primer Bitcoin, que treinou cerca de 35 MIL pessoas em El Salvador.

“O mais difícil na educação é o medo das coisas novas, e isso nos leva ao medo da tecnologia (...) o medo de passar do dinheiro clássico da economia atual para um dinheiro totalmente digital e descentralizado”, comenta à AFP o instrutor, de 40 anos./AFP

Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado por nossa equipe editorial. Saiba mais em nossa Política de IA