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Condenações de Donald Trump impulsionaram doações para sua campanha que podem remodelar eleição

Campanha de Trump, o Comitê Nacional Republicano e um super PAC aliado arrecadaram mais de US$ 170 milhões em maio, incluindo dezenas de milhões que entraram após a condenação de Trump

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Por Maeve Reston (The Washington Post) e Clara Ence Morse (The Washington Post)

Doadores canalizaram dezenas de milhões de dólares para a campanha presidencial de Donald Trump e para o Comitê Nacional Republicano (RNC) nos dias imediatamente após sua condenação em 30 de maio por 34 acusações criminais por fraude fiscal, praticamente apagando a enorme vantagem de arrecadação de fundos que a campanha do presidente Biden e o Comitê Nacional Democrata tinham.

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Biden e seus grupos aliados arrecadaram mais dinheiro do que Trump ao longo da disputa pelas eleições gerais. Mas o aumento nas doações pós-condenação para Trump - capturado em parte nos relatórios de maio apresentados à Comissão Eleitoral Federal na quinta-feira - tem o potencial de remodelar drasticamente a corrida presidencial.

A liderança de longa data de Biden na arrecadação de fundos permitiu que sua campanha tivesse impacto muito maior do que a de Trump e superasse significativamente o esforço do ex-presidente em publicidade de TV e rádio. Os últimos resultados da arrecadação de fundos colocam Trump em uma posição que lhe permite criar uma operação maior e veicular mais anúncios na televisão.

Imagem mostra o ex-presidente Donald Trump durante um comício eleitoral em Racine, Wisconsin, no dia 18. Arrecadação de campanha do republicano cresceu após condenação Foto: Brendan McDermid/Reuters

O quadro completo da força financeira do esforço de cada campanha não ficará claro até julho, quando os comitês deverão apresentar seus relatórios. Mas, no final de maio, a campanha de Trump e o RNC tinham um total de US$ 171 milhões em caixa, superando a campanha de Biden e o total combinado US$ 157 milhões, de acordo com os relatórios apresentados na quinta-feira.

Os assessores de Trump atribuíram o aumento das doações de maio ao desejo dos doadores de demonstrar sua lealdade ao ex-presidente após sua condenação por crimes. A campanha alegou ter arrecadado US$ 53 milhões on-line nas 24 horas após o veredicto, mas foi impossível verificar esses totais na quinta-feira porque a WinRed - a plataforma que muitos pequenos doadores usam para contribuir com as campanhas republicanas - não apresentará seu relatório da FEC para esse período até julho.

O super PAC MAGA Inc., de Trump - que tem sido o principal veículo de propaganda pró-Trump nas rádios americanas - recebeu uma doação de US$ 50 milhões do executivo do setor de transportes Timothy Mellon um dia após a condenação de Trump, dando aos aliados do ex-presidente amplos recursos para impulsionar sua mensagem em um momento em que ele está à frente de Biden em muitas pesquisas em Estados considerados chave, onde a disputa será apertada.

Os Super PACs são uma versão turbinada dos PACs (comitês de ação política, na sigla em inglês). Até 2010, os PACs eram a forma oficial que os candidatos tinham para arrecadar doações de empresas e sindicatos – já que doações diretas são permitidas apenas para as pessoas físicas, que podem dar até 2,5 mil dólares para seu favorito por eleição. Mas o poder de arrecadação dos PACs era limitado, já que eles podiam receber apenas 5 mil dólares de cada doador, incluindo empresas  e sindicatos. Os Super PACs podem receber doações ilimitadas.

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O super PAC de Trump planeja gastar US$ 100 milhões em mídia paga até o Dia do Trabalho [que nos EUA é a primeira segunda-feira de setembro], anunciou em um memorando recente obtido pelo The Washington Post.

A MAGA Inc. arrecadou US$ 69 milhões em maio - seu melhor mês de arrecadação de fundos do ciclo - e registrou US$ 94 milhões em dinheiro em caixa. Sua maior doação foi de US$ 50 milhões de Mellon, que já havia doado US$ 25 milhões para o grupo e US$ 25 milhões para um super PAC que apoiava o candidato independente Robert F. Kennedy Jr.

Trump e o Comitê Nacional Republicano, que começaram a arrecadar fundos em conjunto quando Trump se tornou o candidato presidencial republicano presumível, arrecadaram cerca de US$ 106 milhões em maio, mais do que seus registros mensais anteriores, de acordo com os novos registros da FEC. Biden e o comitê democrata arrecadaram um total de US$ 59 milhões, valor semelhante ao anterior.

Imagem do dia 18 mostra apoiadores de Donald Trump durante comício eleitoral em Racine, Wisconsin Foto: Jeffrey Phelps/AP

No geral, a equipe de Biden disse que tinha US$ 212 milhões em dinheiro em 31 de maio. Além da doação de Mellon, a MAGA Inc. também recebeu US$ 10 milhões de Richard e Elizabeth Uihlein, poderosos doadores de causas conservadoras, e US$ 5 milhões de Kelcy Warren, o bilionário presidente e executivo-chefe da Energy Transfer Partners, a construtora do oleoduto Dakota Access.

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O FF PAC, um super PAC independente que está impulsionando o esforço de reeleição de Biden, informou que arrecadou mais de US$ 39 milhões em maio, um aumento em relação aos meses anteriores, e gastou apenas US$ 4 milhões. Mas foi superado pelo MAGA Inc. e, pela primeira vez neste ciclo, agora tem um pouco menos de dinheiro em caixa do que o super PAC de apoio a Trump.

O ex-prefeito de Nova York Mike Bloomberg doou US$ 19 milhões para o FF PAC em 30 de maio, de acordo com os registros. Ele também doou ao Biden Victory Fund, um esforço conjunto da campanha e de outros comitês democratas, o valor máximo de US$ 929.600, de acordo com pessoas familiarizadas com as doações.

Biden teve uma vantagem inicial ao arrecadar dinheiro com o Comitê Nacional Democrata e outros comitês coordenados, enquanto Trump ainda estava se defendendo dos adversários republicanos durante as primárias do Partido Republicano.

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Os assessores da campanha de Trump disseram que estão montando uma operação mais enxuta e eficiente do que nos ciclos anteriores e que contarão com grupos externos para complementar seu jogo de campo. Mas Dan Kanninen, diretor da campanha de Biden para os Estados onde a disputa será mais acirrada, apontou para a discrepância de infraestrutura na quinta-feira.

Os cofres cheios de Biden permitiram que ele gastasse livremente em anúncios de televisão enquanto sua campanha tenta reforçar seu apoio entre os principais grupos eleitorais, incluindo eleitores negros e latinos, que estão expressando menos entusiasmo com sua campanha do que em 2020.

A campanha de Biden diz que também abriu mais de 200 escritórios e contratou uma equipe de 1.000 pessoas. Ela já colocou no ar mais de US$ 65 milhões em anúncios de televisão, de acordo com a empresa de rastreamento de anúncios AdImpact.

A campanha de Trump diz que tem dezenas de escritórios nos Estados chave, onde a disputa será mais acirrada, que são operados em coordenação com o Comitê Nacional Republicano, mas se recusou a detalhar a escala de sua operação, além de dizer que eles têm uma extensa operação paga e voluntária que está “se expandindo diariamente”. A campanha de Trump não havia veiculado um único anúncio de eleições gerais na televisão até quinta-feira, de acordo com a AdImpact.

Os assessores da campanha de Trump disseram que estão montando uma operação mais enxuta e eficiente do que nos ciclos anteriores e que contarão com grupos externos para complementar seu jogo de campo. Mas Dan Kanninen, diretor da campanha de Biden para os Estados onde a disputa será mais acirrada, apontou para a discrepância de infraestrutura na quinta-feira.

Convidados durante comício eleitoral do ex-presidente Donald Trump no dia 18 Foto: Scott Olson/AFP

“Faltando pouco mais de quatro meses para a eleição, Donald Trump não conseguiria igualar nossa infraestrutura nesses Estados mesmo se tentasse”, disse Kanninen em um comunicado. “Embora a equipe de Trump esteja tentando desesperadamente usar sua falta de infraestrutura como ‘estratégica’, o resultado final é que Donald Trump não pode comprar de volta o tempo que perdeu - e campanhas invisíveis não vencem”.

Jason Miller, conselheiro de Trump, apontou a vantagem do ex-presidente nas pesquisas nesses Estados-chave - argumentando em uma declaração na quinta-feira: “o que Biden poderia usar são mais 1.000 votos em Estados como Minnesota, Wisconsin, Michigan e Pensilvânia, porque ele está perdendo para o presidente Trump em todos eles!”

A arrecadação de fundos foi menos importante para Biden em abril e maio, depois que ele fez um grande esforço em março, arrecadando mais de US$ 90 milhões. Naquele momento, o esforço mais amplo de Biden tinha cerca de US$ 192 milhões em dinheiro em caixa, o que era quase o dobro do dinheiro que a campanha de Trump e o RNC relataram em suas contas no final daquele mês.

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Embora Trump tenha ultrapassado Biden na arrecadação de fundos em abril, suas contas legais prejudicaram sua operação política, já que ele se defendeu em quatro casos criminais. Ele pagou muitas de suas contas jurídicas para si mesmo e para alguns de seus associados por meio de um PAC de liderança conhecido como Save America.

Os registros de quinta-feira mostraram que a Save America arrecadou apenas US$ 4.337 em maio, mas gastou US$ 4,3 milhões, terminando o mês com menos de US$ 4,5 milhões em dinheiro para gastar. As contas jurídicas foram responsáveis por 85% dos gastos de maio do PAC, que também acumulou US$ 862.000 em contas jurídicas não pagas.

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